Valentina: Era março de 2012, e, contra minha vontade, eu estava prestes a começar o curso de Direito na Mackenzie. Se pudesse escolher, estaria no Instituto Internacional de Fotografia, mas o peso de não desagradar nossos pais foi maior. Já havia causado um atraso o suficiente ao passar dois anos fora, fazendo intercâmbio e estudando fotografia e inglês. Eles sempre esperaram mais de mim do que do Igor, como se a minha trajetória tivesse que ser impecável, sem falhas ou desvios.
Narrador: Valentina e Igor eram filhos de dois renomados advogados da Palazzi e Franceschini - Sociedade de Advogados. Seguir uma carreira diferente não parecia ser uma opção. Mesmo que Valentina fosse apaixonada por fotografia, o destino dela já estava traçado. Igor, por outro lado, parecia confortável com o caminho que os pais haviam escolhido para ele. Já no quinto período de Direito, não demonstrava ambição além das oportunidades que já lhe estavam à disposição. Enquanto Valentina carregava o peso de expectativas e desejos reprimidos, Igor seguia o curso da maré, buscando apenas a aprovação dos pais.
Luiza: Hoje é meu primeiro dia na universidade. Consegui uma bolsa integral para cursar Direito na Mackenzie, a mesma universidade onde minha irmã mais velha, Carol, estuda Relações Internacionais. Para alguém como eu, desistir dessa oportunidade seria impensável. Tentei o programa de dança no Institute of the Arts Barcelona, e, mesmo tendo sido aceita, mudar de país estava completamente fora da nossa realidade. Minha família está se reerguendo financeiramente depois que meu pai foi exonerado injustamente do cargo de agente penitenciário, já faz quase um ano. O caso ainda está na justiça, e o salário da minha mãe, assistente social na prefeitura de Barueri, é insuficiente para mantermos o mínimo de conforto. Somos cinco em casa, três filhos e meus pais. Todos apertados, mas juntos.
Narrador: No primeiro dia de aula, a atlética do curso de Direito da Mackenzie organizava a tradicional recepção dos calouros, combinada com a convocação para novos atletas. Não participar do trote ou da seleção esportiva não era uma opção recomendada. Isso ditaria o ritmo da vida universitária: você podia ter portas abertas ou enfrentar desafios contínuos. Valentina já sabia disso pelas experiências de seu irmão Igor, enquanto Luiza tinha recebido as mesmas dicas de sua irmã, Carol. Ambas tinham talento para esportes, então, estar ali fazia parte do jogo.
Valentina: Eu entrei na quadra com Igor e sua namorada, Duda. Olhei em volta e vi apenas rostos fúteis, gente superficial que eu teria que fingir suportar nos próximos anos. Ficar na atlética talvez fosse o único alívio no meio de toda essa pressão. Sempre me destaquei no vôlei, e a ideia de competir e viajar para campeonatos universitários até que não parecia tão ruim. Pelo menos, daria uma folga para a minha cabeça. Igor adorava a atlética. Ele parecia mais apaixonado por ela do que pelo próprio curso, especialmente pelos jogos jurídicos. Era o refúgio dele, uma fuga da necessidade incessante de agradar nossos pais. Ele era o astro da natação e do futsal. E eu? Bem, eu estava prestes a entrar nesse universo também.
Foi então que, em meio à multidão de pessoas desinteressantes, meus olhos pousaram em uma garota. Ela era fascinante, de uma beleza que parecia quase intocada. O olhar dela denunciava uma confusão, como se não soubesse o que estava fazendo ali. Eu, por um momento, esqueci de tudo ao meu redor. Fui até ela.
Valentina: "Que cara de quem acabou de cair de um prédio... ou seria de um ônibus em movimento?" — brinquei, com um sorriso de canto. A garota sorriu em resposta, e meu coração deu um salto. Algo naquele sorriso parecia vulnerável e ao mesmo tempo resistente.
Luiza: "Acho que não poderia ter uma definição melhor," — ela soltou uma risadinha, meio sem graça. — "Prazer, sou a Luiza."
Ela estendeu a mão, formal e cautelosa. Eu sorri de volta, ignorando o aperto de mão e me aproximando para um beijo no rosto, algo que sempre foi natural para mim. A reação dela foi imediata: seus olhos se arregalaram com o gesto inesperado.
Valentina: "Valentina," — apresentei-me, soltando uma risadinha ao notar o leve desconforto que meu gesto causou. — "Relaxa, aqui a gente é mais caloroso."
Narrador: Luiza hesitou por um momento, enquanto tentava processar a informalidade de Valentina. Não era só o gesto que a tinha pegado de surpresa, mas também a proximidade que a garota já tinha estabelecido, quebrando qualquer formalidade entre as duas em questão de segundos.
Luiza (pensando): "Ela é linda, isso é fato. Mas essa simpatia toda... aposto que esconde algo fútil, como o resto desse pessoal por aqui," — pensou, ainda tentando afastar as ideias preconcebidas que surgiam. "Se bem que, há algo diferente nela. Não consigo definir, mas é intrigante."
Luiza: "Você é veterana, né? Quanto tempo vou ter que aguentar esse lugar?" — tentou desviar a conversa, controlando o desconforto.
Valentina: "Na verdade, sou caloura também. Meu irmão e os amigos dele que são veteranos. Mas fica tranquila, se você jogar suas cartas direitinho, vai se divertir," — respondi, piscando para quebrar o gelo. — "Vem, vou te apresentar a galera."
Narrador: Luiza olhou ao redor, ponderando a proposta. Odiava se sentir deslocada, mas algo em Valentina — além dos olhos verdes que pareciam observar mais do que revelavam — a fez querer seguir. Talvez fosse o instinto de sobrevivência social, ou talvez... fosse algo mais.
Luiza (pensando): "Eu realmente não quero me misturar com esse tipo de gente. Mas, por outro lado, não quero ficar sozinha e ser a esquisita do primeiro dia. E, bem... esses olhos... talvez eu esteja exagerando. Melhor ver o que acontece."
Narrador: Com uma respiração profunda e ainda desconfiada, Luiza acabou cedendo e seguiu Valentina. O ginásio estava lotado, cheio de veteranos que claramente já tinham suas próprias panelinhas. Mas enquanto caminhava ao lado de Valentina, sentia algo curioso: a presença da garota a fazia se sentir um pouco mais segura, como se o olhar de julgamento dos outros não importasse tanto.
Valentina: "Esse é o pessoal do meu irmão. Não precisa se preocupar, a galera aqui é de boa," — falei com um sorriso confiante, acenando para alguns conhecidos enquanto nos aproximávamos.
Narrador: O ambiente era caótico, com risadas e conversas altas, mas Luiza notou algo curioso. Embora Valentina aparentasse estar completamente à vontade, havia momentos em que ela desviava o olhar, como se carregasse algo por trás daquela confiança toda. Talvez, afinal, ela não fosse tão diferente quanto aparentava ser.
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VaLu - Como tudo começou (Adaptação Stupid Wife)
FanfictionIncio do relacionamento de Luiza e Valentina. Baseado na serie Stupid Wife. Obs: Texto ainda sem a formatação oficial, ainda vou decidir os detalhes quando terminar a historia, mas está em múltiplas que da para capturar a essência - e sim, terá con...