Sala de aula

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Luiza: Hoje, finalmente, parece que vamos ter uma aula de verdade. Depois de três dias desperdiçados com apresentações e projetos impossíveis para alguém como eu, que mal tem tempo de pensar nisso, os dois primeiros horários foram de Teoria Geral do Direito. Confesso que gostei do professor Vicente, ao contrário de Valentina, que passou a aula inteira resmungando sentada na minha frente. Até agora, passei meus dias na faculdade com o grupo do irmão dela, Igor. Por coincidência, minha irmã, Carol, é amiga da Duda, namorada do Igor. Eles até que são legais, mas Valentina... ela me irrita profundamente. Arrogante, fútil, com um ego que não cabe em lugar nenhum, e por mais que seja linda, intimidante até, parece que é só isso.

Valentina: Três dias e a única coisa que realmente me anima em vir para a faculdade é encontrar Luiza. Adoro provocá-la, ver aquela cara fechada de quem está prestes a explodir, embora agora ela realmente pareça estar ficando irritada de verdade. Mas, por algum motivo, ela nunca rebate minhas provocações... Deve ser paciência ou orgulho. Agora, vamos encarar Direito Econômico. Pelo menos o Igor me garantiu que o professor Marcos é bom, diferente daquele Vicente, que parece mais interessado em pregar sua ideologia do que em dar aula da matéria de fato.

Professor Marcos: "Bom dia, pessoal! Vamos iniciar o conteúdo programado com um debate." — Ele já começou com energia, andando de um lado para o outro. — "Antes de falar o tema, já quero adiantar que aqui não quero que ninguém perca tempo classificando as pessoas, partidos ou bandeiras entre esquerda e direita. Essa classificação existe apenas no discurso, não na realidade. É uma ferramenta retórica para criar conflitos e demonizar adversários."

Luiza: Não acredito no que acabei de ouvir. — Pensei, revirando os olhos, já sabendo que a aula ia ser um teste de paciência.

Valentina: Interessante... — Pensei, intrigada pelo que estava por vir.

Professor Marcos: "Certo, vamos lá! 'O problema político da humanidade é combinar três coisas: eficiência econômica, justiça social e liberdade pessoal.' Essa é uma frase de John Maynard Keynes. O que vocês, sob uma perspectiva jurídica, têm a dizer sobre isso?"

Luiza: "Muitas empresas, que fazem parte de grandes cadeias produtivas, usam terceirização ilícita para fugir das obrigações trabalhistas. Elas contratam empresas que pagam salários miseráveis e mantêm trabalhadores em condições análogas à escravidão. Não tem como ter essa discussão sem tocar na ideologia," — falei, sentindo o peso do olhar de Valentina em minhas costas.

Roger: "Isso vai dar merda..." — murmurou, olhando para os lados.

Valentina: "Na prática, isso não é bem assim. Existem empresários de esquerda e sindicalistas de direita. Além disso, essa dicotomia conveniente exclui muita gente: o desempregado, o informal, o pequeno empreendedor, o autônomo, o profissional liberal..." — retruquei, mais por diversão do que convicção.

Bruna: "Agora a aula vai ficar interessante." — comentou, animada, ao ver o debate se acender.

Professor Marcos: "Continuem, por favor..." — incentivou, cruzando os braços, enquanto a sala fervilhava de opiniões.

Narrador: E assim, os próximos 50 minutos foram marcados por um intenso debate. Valentina e Luiza estavam no centro de tudo, trocando argumentos e provocando reações na sala. Quando o sinal tocou, Luiza saiu bufando da sala, claramente irritada, enquanto Valentina permaneceu, esperando por Roger e Bruna.

Roger: "Caramba, Valentina, você exagerou! Parece que falou tudo só para provocar a Luiza. Você realmente acredita no que disse?" — perguntou, incrédulo.

Valentina: "Claro que não, Roger. Praticamente repeti os mesmos argumentos que meus pais despejam no escritório todos os dias. Eu só queria ver como a Luiza perderia a paciência, e, olha, funcionou. Pelo menos agora ela vai começar a rebater." — respondi com um sorriso travesso.

Bruna: "Tá, mas 90% da turma pensa exatamente como você defendeu. Não foi um debate justo. Acho que, se você realmente quer conquistar essa garota, talvez seria mais útil apoiá-la em vez de atacá-la." — falou, com um tom mais sério do que o normal.

Roger: "Seu irmão mandou mensagem. Vou encontrar com ele e as meninas. A Luiza tá lá. Acho melhor você não ir agora."

Bruna: "Vamos dar uma passada na biblioteca antes, Vale." — sugeriu, puxando Valentina pelo braço antes que ela pudesse responder.

....

Luiza: "Sinceramente, Igor, sua irmã é o completo oposto de você. Ela é... completamente alienada. Hoje, quase levantei e saí no meio do debate com as merdas que ela estava falando," — comentei, ainda indignada, enquanto cruzava os braços, tentando entender como alguém tão irritante podia ser irmã de alguém tão tranquilo.

Igor: "Lu, eu entendo o que você está pensando, mas a Valentina não é assim de verdade. Ela só gosta de provocar. Você já deve ter percebido, mas... não do jeito que eu conheço. Queria que você a visse de outra forma, além das provocações," — ele respondeu, lançando um olhar compreensivo, como quem sabe mais do que está disposto a dizer.

Duda: "É, Luiza... a Valentina só quer sua atenção," — disse Duda com um sorriso, e depois cochichou brincando, — "Deus queira que ela nunca descubra que eu disse isso."

Narrador: Todos riram, menos Luiza, que suspirou, como se estivesse prestes a enfrentar uma batalha que não queria lutar.

Luiza: "Parece que meu pesadelo só está começando. Se o que ela quer é minha atenção, vai receber só o meu desprezo." — falei, tentando esconder o desconforto por trás de uma fachada de irritação.

Roger: "Relaxa, Lu. Falando nisso, olha aí, a Valentina e a Bruna vindo. Vamos atrás da Carol? Eu queria chegar cedo em casa hoje." — sugeriu, claramente tentando evitar qualquer cena entre as duas.

Luiza: "Vamos, sim! Tchau, pessoal. Até mais." — disse rapidamente, querendo escapar antes que Valentina a visse.

Valentina: "Luiza já fugiu de mim?" — perguntei, já imaginando a resposta, enquanto me aproximava do grupo.

Igor: "Não é pra menos, né, Tina? Já fiquei sabendo do espetáculo que vocês deram hoje," — disse ele, com uma mistura de reprovação e diversão no olhar.

Valentina: "Não vou negar que foi divertido," — dei de ombros, fingindo desinteresse, mas sentindo uma ponta de satisfação ao lembrar da discussão. Luiza tinha me desafiado de uma forma que ninguém mais fazia.

 Luiza tinha me desafiado de uma forma que ninguém mais fazia

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VaLu - Como tudo começou (Adaptação Stupid Wife)Onde histórias criam vida. Descubra agora