run, lost boy

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"Perdê-lo foi um triste azul, como eu nunca tinha sentido. Sentir saudades dele era cinza escuro, totalmente sozinho...Mas amá-lo era vermelho"

RED NOTICE

Três dias tinham se passado desde que Wooyoung viu San pela última vez.

E, ele estava com um humor horrível nos últimos dias. Todos na mansão de Seonghwa, onde Wooyoung foi obrigado a se juntar por segurança, estavam com uma nuvem cinza sob a cabeça. Desde a curta e pouco frutífera aventura de Seonghwa e Jongho em busca do mandante do atentado a San quatro dias atrás. Eles não tinham chegado a Jihoon, mas tinham reunido informações sobre o líder de subunidade de uma das equipes que a AZ tinha formado ao longo dos anos. Como eles, a unidade  tinha sido marcada com um alvo nas costas e nos últimos dias desde a notícia do alerta vermelho, Jihoon tinha trocado de lado e eliminando várias pessoas, inclusive aqueles que faziam parte da sua própria unidade. Seonghwa contou os mortos. Três sub unidades, ao todo. E o próximo passo seria o projeto Aurora.

Como se eles já não tivessem problemas o suficiente, tinham que lidar com outros mercenários tentando acelerar o trabalho da AZ. 

Wooyoung queria caçar o desgraçado e arrancar seus olhos, quebrar seus ossos e tantas outras oisas que ele poderia fazer, mas o rato era difícil de encontrar...

A falta de um plano concreto corroía a todos, especialmente a Seonghwa, cuja paciência parecia esticada ao limite a cada dia sem notícias de Hongjoong. A tensão dominava o ambiente, como uma sombra pesada pairando sobre eles, sufocando cada pequena tentativa de foco. Mesmo as reuniões com Bangchan e Sangyeon, que deviam trazer alguma clareza, não passavam de labirintos sem saída, onde a única “estratégia” era uma frágil segurança temporária. As três equipes mantinham-se isoladas, aguardando o momento certo para atacar, ou para serem atacadas. Mas, no fundo, estavam às cegas, impotentes, dependendo de um erro do inimigo que nunca vinha.

Wooyoung empurrou os lençois de lado e se sentou na cama, soltando um suspiro cansado enquanto passava as mãos pelo rosto. O sono, mais uma vez, o havia abandonado. Olhou para Yeosang ao seu lado, enrolado em uma posição fetal, respirando suavemente. Desde o episódio daquele dia em que ele chorou como uma criança até dormir, Yeosang vinha dormindo ali, algo que Wooyoung considerava desnecessário. Mas, tanto ele quanto Seonghwa haviam se recusado a ouvir qualquer objeção. No fundo, Wooyoung não se importava com a presença do amigo — de fato, apreciava-a de uma forma discreta — mas, ao mesmo tempo, ela não fazia o mínimo para aliviar suas noites inquietas.

Deslizando os pés nos chinelos, ele se levantou com cuidado, atravessando o quarto em silêncio para não acordá-lo. O Mercenário saiu para o corredor escuro e desceu as escadas da casa mergulhada na penumbra, familiarizando-se com cada canto às cegas até chegar à cozinha. Ele apoiou-se no batente da porta, dando-se um instante para respirar fundo antes de se mover em direção à geladeira.

Ao abrir a porta, ficou parado, encarando seu conteúdo: uma jarra de suco pela metade e uma caixa de iogurte light que Yeosang gostava de tomar pela manhã.

Tem chá.

Wooyoung pulou, batendo a cabeça na grade da geladeira pelo susto. Imediatamente, ao se virar ele viu sentado no balcão, se camuflando com o mármore preto, Seonghwa.

ㅡ Filho da puta! Como é que você sempre aparece assim?! ㅡ Wooyoung ofegou, esfregando a mão sob o peito.

ㅡ Eu já estava aqui.

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