all eyes on me now

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"O começo do final."

Seul, alguns dias antes.

Hongjoong olhou para a calçada do Museu Nacional rodeada de turistas, cidadãos e ambulantes vendendo bugigangas como mini estátuas e  acessórios de réplicas de armaduras, algumas camisas estampadas com a logo de Seul na agitação cotidiana de um dia conhecendo a cultura da cidade. De dentro do carro à paisana, ele observou o fluxo de pessoas indo e vindo da principal avenida do centro, todas as lojas ao redor e suas câmeras de segurança, assim como a vigilância de tráfego. Um funcionário público do setor de segurança estava parado no sinal, organizando o fluxo de carros e deixando livre o trânsito de pedestres quando o sinal ficava vermelho.

Ele levou os olhos ao painel do tablet que monitorava com a mesma frequência todas as câmeras que estavam apontando na direção das principais entradas e saídas do museu, a barra de carregamento quase completa sinalizando que com eficiência, ele estava quase entrando no sistema de operações para burlar e manipular as imagens e entrar sem ser visto. Muito em breve, quando as ruas ficassem mais vazias e as portas do museu fechassem para os estudiosos e curiosos, Hongjoong entraria em cena. Uma vez que o sistema de segurança e as câmeras do bairro foram conectados ao seu aparelho, ele deixou o carro, travando o veículo e caminhando calmamente em direção ao museu. Apenas com um clique, ele desativou o sistema de scanner da entrada e cumprimentou o guarda com um aceno. O detector de armas ligado ao monitor na tela não disparou quando Hongjoong passou e o peso da sua arma pareceu nada, como ele já esperava.

A tecnologia era incrível naqueles tempos. Com um raio-x, um detector ou um sensor de calor dava pra saber quando uma ameaça estava próxima, mas a tecnologia era volátil e o seu controle facilmente tirado por uma pessoa  mais forte. O capitão era uma dessas pessoas. Ele poderia desativar todos os alarmes de segurança do museu se quisesse e tornar todas as câmeras cegas, silenciar todos os alarmes e cobrir todas as trilhas. Um crime limpo e indecifrável. Como uma dança perigosa entre talento e sigilo. A especialidade do Capitão. Um artista das sombras, um verdadeiro mestre na arte de penetrar em lugares onde suas pegadas desapareceriam como uma onda do mar ao encontrar as pedras.

À medida que Hongjoong avançou pelas galerias adornadas com tesouros inestimáveis, ele soube que estava dançando no limite da lei, mas era esse perigo que o atraia e mantinha vibrando o desejo por continuar naquela vida, a verdadeira adrenalina proibida que o mantinha vivo. Ele estava ali para riscar um nome de uma lista curta de sujeitos que seu cliente queria. Um vendedor de artigos de arte que estava traindo seus negócios e arruinando leilões no exterior. Hongjoong não entendia muito daquele mercado, mas sabia que era um mar apenas para tubarões grandes e o seu pequeno alvo naquela noite era só mais um peixe, vestido como um dos convidados, vendendo informações para as pessoas erradas e arriscando acabar com todo o show. Ele precisava ser silenciado. E, ninguém melhor do que o capitão. Era um trabalho fácil, que bastava apenas esperar pela hora certa.

Enquanto ela não chegava, Hongjoong se misturou aos turistas e estudantes admirando as peças do museu. Ele avançou pelas galerias com um olhar de admiração furtiva, seus olhos absorvendo cada obra de arte com uma intensidade silenciosa. Hongjoong observou as pinturas penduradas nas paredes com reverência. Ele sempre gostou do mundo das artes e tinha seu próprio estúdio em casa quando precisava de um tempo das armas e crimes, mas nada se comparava as criações expostas nas esculturas e quadros.

Mas, a medida que o sol se pôs no horizonte, anunciando as primeiras horas da noite, o museu foi ganhando uma luz misteriosa, sem as salas cheias e o burburinho dos seus espectadores, a luz laranja do crepúsculo brilhando pelas janelas e iluminando as obras parecia fantasiosa. Até nem mesmo ela restar e o museu ser abraçado pela escuridão. Hongjoong escolheu uma das salas de artigos da segunda guerra para se esconder, onde travou o acesso. Depois de muitas semanas de estudo sobre a rotina do seu alvo e dos mapas e rotina de segurança ao fechar do museu, aquela era a única que ficava de fora da ronda dos seguranças naquele dia. Mais um pouco e ele estaria sozinho para espreitar o museu vazio e encontrar o homem que tinha sido contratado para matar.

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