Mingi esfregou os olhos com as costas das mãos, tentando limpar sua mente da sensação inerte que ficar sentado por horas estava causando no seu cérebro pesado. Seonghwa tinha ordenado, sem pedir por favor, através de uma ligação tão cedo naquela madrugada, que tinha acordado ele e Yunho depois de alguns toques para servir de babá. Era ridículo que sua vida agora se resumisse a isso. Eles costumavam aceitar trabalhos importantes. Homens com um alvo nas costas que precisavam ser eliminados, políticos corruptos em corridas eleitorais, pessoas ricas querendo acabar o império de outra. Não ficar sentado no subúrbio de Seul vigiando um cara inocente.
Choi San.
Mingi estava começando a odiar o homem.
O dia tinha passado sem nenhum movimento para fora do Choi, desde o momento em que ele chegou ao prédio até as exatas seis da noite. E, assim permaneceu.
Yunho e Mingi dividiam o café da manhã comprado no restaurante tradicional em frente ao prédio, no carro, sem dizer muito um para o outro e sem deixar de ficarem atentos a quem entrava e saía do prédio ao lado. Mingi não falou nada sobre a noite anterior e Yunho não ousou perguntar o que tinha acontecido. Não era grande coisa entre eles, e honestamente, Mingi lembrava de pouca coisa antes de apagar completamente e acordar com Yunho balançando-o para se tornar babá junto a ele.
Eles mantiveram Seonghwa atualizado durante o dia e quando mais uma noite caiu e Mingi já sentia a moldura do banco do carro de Yunho imprimir-se em seu corpo cansado. Um suspiro escapou de seus lábios, ecoando no silêncio sufocante que a ausência de Yunho pesava, transformando o espaço pequeno em um companheiro opressivo. E, numa tentativa de preencher o vazio, Mingi ligou o rádio. Seus dedos deslizaram pelo dial, buscando uma estação que não vomitasse a banalidade das músicas atuais. A busca tomou alguns preciosos minutos, até que uma estação de rock e baladas antigas capturou sua atenção. Satisfeito, ele acomodou-se novamente no assento, inclinando a cabeça para trás e fechando os olhos.
Mingi sabia que deveria manter os olhos fixos no prédio, onde San se movia, mas depois de um dia inteiro de vigilância, a ideia de que algo pudesse mudar nos segundos em que se permitia um breve repouso parecia absurda. Sem a voz de Yunho para preencher o ar com informações aleatórias sobre tudo e nada, Mingi deixou seus pensamentos vagarem com os acordes do baixo transmitido pelo rádio. Ele ainda estava zonzo e instável pela droga e sabia que tinha cometido um erro na noite passada. Geralmente, ele não usava tanto antes de uma missão, nunca tinha precisado, e agora pagava o preço. O mundo ao seu redor parecia distante, o tempo se arrastava em um ritmo incerto, e sua percepção se dissolvia em um mosaico de sensações difusas. O seu corpo parecia dividido entre o tangível e o etéreo, oscilando entre a vigília e o sono, incapaz de se ancorar na realidade. Mas, ele sabia que precisava estar alerta e vigilante, porém sua consciência teimava em flutuar pelos resquícios de serenidade.
Quando ele acordou ao lado de Yunho na noite anterior para atender a ligação de Seonghwa, com as mãos de Yunho no seu cabelo e o seu rosto firmemente pressionando contra o estômago do mais velho, Mingi sentiu. O brilho da serenidade se instalando no fundo do seu estômago, a tranquilidade diluindo suas veias e sua mente em algodão, exatamente da mesma forma agridoce que uma dose de morfina tinha.
Mas, a bolha confortável dentro do quarto precisou ser rompida pois o dever os chamava. Mingi só queria esquecer um pouco da onde estavam e a merda toda que estavam lidando agora, mas parecia impossível ignorar a sensação pegajosa em seu peito, denunciando seu medo e receio. Ele queria que Hongjoong estivesse ali, criando planos e trazendo soluções. Sem ele, a equipe parecia perdida, sem direção. Alvos fáceis para serem eliminados num piscar de olhos. Não havia nada que Mingi pudesse focar senão aquilo. E, não poder ter o controle da situação estava lhe tirando toda razão e sentidos. Frank Sinatra cantava 'My funny valentine.
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Red notice
أدب الهواة"Sem emoções. Sem erros. Olhos sempre no alvo." Esse era o princípio que foi ensinado a Wooyoung antes dele ser conhecido como o impiedoso Mercenário. O mantra que acompanhou sua vida inteira. Até ele conhecer Choi San. Três anos atrás, quando uma...