lies can buy eternity

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Seul, dias atuais


Yunho estava deitado na cama, com os olhos fixos no teto e nas sombras que se projetavam através dos feixes de luz da janela, mas sua atenção estava voltada para seus pensamentos, rodopiando sobre a discussão de mais cedo. A cama estava fria apesar dele não ter se mexido por muito tempo e o quarto, escuro, exceto pela luz tênue da lua filtrada pela cortina. Yunho apertava os lençóis, tentando encontrar alguma sensação de calma, mas os pensamentos não lhe davam trégua. Sua garganta estava seca, mesmo que o copo de água estivesse pela metade ao lado da sua cama. Algo estava errado, ele conseguia sentir em seu estômago retorcendo.

A chuva começou a cair lá fora, mas foi difícil notar a diferença das suas gotas ritmadas se misturando com o compasso acelerado do coração de Yunho. Estava tarde, muito mais tarde do que ele estava acostumado a suportar e seus olhos ardiam em compensação a luta contra o sono, mas por alguma razão, Yunho conseguiu descansar. Ele estava preocupado, e não só com toda a situação envolvendo suas vidas. Eles nunca tinham estado nos alvos marcados, sempre puxando o gatilho, mas Yunho sabia que eles conseguiriam superar aquilo e trazer Hongjoong de volta. Os primeiros passos haviam sido um fracasso, deixar Wooyoung com raiva não tinha sido a melhor ideia do mundo, mas por mais que não estivesse em contato com o outro como antes, Yunho sabia que ele jamais deixaria sua família na mão.

O que estava tirando seu sono e corroendo sua mente com aflição não era como ou quando Wooyoung se tornaria parte da equipe, mas sim o batimento descompassado ao imaginar a reação de Mingi e a angústia desconhecida das suas mãos atadas. A preocupação formando um nó apertado em seu peito, como se vinhas espinhosas envolvessem seu coração, acompanhavam as sombras dançantes no teto, testemunhas da sua fraqueza mais antiga e mais dura de resistir. E, a cada imagem de Mingi com o rosto contorcido de dor e raiva que estava gravada e se repetindo em sua mente, a cada detalhe nítido como uma pintura de emoções cruas, Yunho se perguntava se poderia ter dito algo, se deveria ter insistido para que Mingi ficasse.

Eles estavam sendo caçados, e Mingi era tão impulsivo que sequer pensou na sua própria segurança.

Yunho deveria tê-lo parado. E, se ele não voltasse?

Yunho se sentou na cama, como se um pressentimento frio lhe tivesse acordado no meio da noite. Ele não deveria ter seguido o conselho de Seonghwa. Yunho conhecia Mingi como a palma da mão, sabia o quanto ele podia ser impulsivo quando estava enfurecido. Mas, também sabia que Mingi faria qualquer coisa por Hongjoong, como um cão fiel pronto para morder qualquer um que ameaçasse seu dono.

Era compreensível querer ser útil, mesmo quando todos estavam como marionetes com os fios cortados. A impaciência de Mingi era conhecida e sua mente funcionava como um relógio, meticulosamente e preciso. Para cruzar a linha e perder o controle, algo deveria estar corroendo sua alma com a mesma intensidade que afligia Seonghwa. E, esperar como marionetes sem controle de suas ações no escuro, não fazia o estilo de Mingi. Yunho esfregou a mão sobre o rosto, inalando profundamente o ar. Seus olhos já estavam acostumados com o escuro e por isso notaram assim que o feixe de luz do corredor atrás da porta do seu quarto oscilou, seu coração apertou e afrouxou, sua respiração suavizando quando a sombra de uma silhueta parou atrás da porta. Yunho esperou, mas o espaço fracamente iluminado se refez quando ele continuou.

Yunho sentiu um alívio profundo quando ouviu o som suave dos passos de Mingi ecoando pelo corredor. Pelo menos, ele havia voltado e estava seguro. Só havia mais um cômodo depois do seu quarto e esse era o quarto de Mingi. Ele ouviu o clique suave da porta por cima do barulho fraco da chuva se desfazendo e suspirou, sentindo uma pontada de alívio misturada à preocupação. Yunho deslizou novamente pela cama, virando-se para o lado da janela. O peso ainda estava em seu peito, mas seus pensamentos começaram a se organizar, como peças de um quebra-cabeça finalmente se encaixando. Ele piscou pesadamente enquanto assistia à cortina balançar com o vento que entrava pela fresta aberta da janela, o som da chuva agora uma melodia distante e calmante. Seus olhos começaram a se fechar, a exaustão finalmente tomou conta, quando ouviu a maçaneta da porta rangendo suavemente.

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