Capítulo 2

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Os dias que passei no presídio foram dias de muito aprendizado

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Os dias que passei no presídio foram dias de muito aprendizado. Eu consegui colocar minha cabeça no lugar, pensar nas decisões e atitudes que tomei aqui fora e também pensar no que queria quando voltasse para meu morro.

Ver os caras recebendo visita da esposa, da mãe, dos filhos ou de qualquer outra porra de parente foi muito foda pra mim e me fez refletir por diversas vezes. Eu não tinha ninguém. Ninguém que fizesse isso por mim, eu só recebia visita íntima de puta. Minha mãe morava em outro país e eu não queria que ela viesse pra cá me ver naquela merda de lugar, assim como também não queria que a Maria pisasse lá, mas eu tava com uma puta saudade dela. Tentei falar com ela umas duas vezes, mas a morena não quis e pelo que me falaram, ela estava trabalhando em uma loja, então deduzi que não estava passando necessidade e isso me deixou aliviado, porém puto, porque eu queria a ajudar. Eu tô ligado que já fui muito escroto com ela, que já machuquei e maltratei a Maria diversas vezes e que talvez seja por isso que ela não queira falar comigo, mas agora que estou aqui, eu preciso ver ela.

Fiquei a tarde toda com os amigos em um churrasco e assim que deu, meti o pé de lá e fui pra minha casa. Eu tava doido pra ver a Maria, então depois que tomei um banho, mandei dois soldados a buscarem em sua casa e, se caso a mesma não quisesse vim, dei a ordem para eles trazerem ela a força. Eu precisava ver e falar com ela ao menos uma vez.

Poucos minutos depois ouvi o barulho do carro sendo estacionando em frente à minha casa e desci, encontrando a minha menina na sala. Quer dizer..., eu encontrei uma mulher linda na sala.

A Maria estava tão diferente, puta que pariu... Não parecia ser jeito nenhum com a menina que conheci a pouco mais de um ano.

Depois de nos encararmos e eu analisar ela dos pés à cabeça, falei com a voz baixa e rouca:

- Oi.

Ela não falou nada, continuou em silêncio. Eu observei seu rosto e vi que a mesma estava assustada, com medo, então respirei fundo por saber que era por minha causa. Como não seria?

- Eu não vou fazer nada contigo, só queria te ver.

- Eu quero ir embora. - Finalmente se pronuncia, mas me deixa levemente irritado.

- Eu só quero falar contigo, po.

- Não temos nada pra conversar.

Arqueei as sobrancelhas surpreso pelo modo autoritário que ela falou e depois franzi a testa e engoli a saliva, a encarando.

- Na moral, Maria. Eu não vou fazer nada com você, já disse, só quero conversar mesmo.

- Conversar sobre o quê?

Nem eu sabia ao certo sobre o que queria falar com ela, então fiquei em silêncio por alguns segundos.

- Sobre você. - Quase falo "a gente", mas não existe isso. Não existe a gente.

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