Estava deitada no sofá, recebendo carinho do Filipe em minha barriga, quando comecei a pensar no que estou vivendo.
Estar grávida é maravilhoso, assustador e bastante revelador, em todos os sentidos. Sem dúvidas, é a melhor experiência que eu já vivi na vida. Ser mãe é uma felicidade incomparável, é sentir um amor imenso e puro nascer de uma maneira inexplicável. É lindo! E eu irei guardar cada momento dessa gestação - até mesmo os difíceis - e os lindos sentimentos que senti, no meu coração.
Também não irei me esquecer da relação que construí com o Filipe. Depois de tudo o que passamos juntos, todo o drama, perturbação e abusos, hoje posso dizer que vivemos em paz.
Virando o rosto para o lado, fitei a expressão do Filipe, que não estava tranquila, e coloquei minha mão na sua bochecha para chamar sua atenção.
- O que foi?
- Nada não.
- Você não parece tranquilo.
- Tô só preocupado com o bebê. Nada de mais. - Deu uma pausa. - Só bobagem.
- Conta essa bobagem para mim.
Sorri para tentar o convencer de pôr para fora o que estava o incomodando e ajeitei a postura no sofá, ouvindo ele rir baixo e abrir um sorriso pequeno. O observei desviar o olhar de mim, parecendo pensar no que iria falar e o deixei a vontade, preparada para ouvir seu desabafo.
- Eu não tenho um exemplo de pai para seguir. E por isso tô com medo de acabar sendo como o meu pai foi pra mim. De não conseguir dar conta de tudo, acabar falhando com você e com o Theo... - Suspirou fundo. - Isso não sai da minha cabeça desde quando soube que você estava grávida.
Respirei fundo, descendo o olhar para o ombro dele, pensando sobre o que o mesmo falou. Eu compartilhava do mesmo sentindo. Sabia exatamente o que ele estava sentindo, a diferença é que eu ainda tive a minha vó para me criar. Ele não, então sua insegurança era mais difícil de combater.
- Eu sei o que é isso que você está sentindo, e acredite, é normal, principalmente para pais de primeira viagem. Mas eu também me sinto insegura por não ter um exemplo de mãe para seguir, porém, isso não significa que obrigatoriamente seremos pais ruins. Não seremos perfeitos, óbvio, mas podemos dar o nosso melhor se quisermos.
- Eu sei que sim, mas eu... Eu não sei o que fazer. Criar um filho não é só trocar uma fralda. Isso eu posso fazer numa boa depois que aprender. Mas educar, por exemplo... - Respira fundo. - Você ainda teve uma vó pra te ensinar princípios e valores, eu não tive ninguém. Como vou criar um ser humano? Eu já não posso ser um exemplo pra ele seguir, e sem saber como vou fazer para ele me respeitar, me amar... Eu não sei nem se sou...
Esperei que ela concluísse sua fala, mas isso não aconteceu, então o estimulei a continuar.
- Se você é o quê?
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Menina do chefe
RomantizmMaria Antonieta é uma jovem humilde, nascida e criada no complexo da penha. Era uma moça ingênua, que levava uma vida pacata, até que uma doença obrigou ela a se submeter a uma situação que nunca imaginou que iria passar. A sua escolha a fez conhece...