As últimas duas semanas foram muito agitadas. Eu fui ao médico e dei início ao pré-natal, fiz uma porrada de exames, contei para minhas amigas que estava grávida, pedi demissão do trabalho, comprei algumas roupas para o bebê e comecei a arrumar minhas coisas para a mudança. O Playboy já tinha resolvido o lance da casa e disse que eu poderia ir no dia que eu quisesse.
Estava insegura quanto a isso, porque apesar de ter gostado da cidade e das pessoas que conheci lá, morar naquele lugar seria estranho. Queria poder continuar no morro, mas sem chance disso acontecer. Eu já prejudique demais o meu bebê com as noites mal dormidas, com o estresse, o choro sem pausa e tudo mais. Ficar e ouvir o que iriam falar só me faria mal e, consequentemente, faria ao meu filho também. Filho ou filha, porque até então, ainda não sabia o sexo do bebê. Estava achando que era uma menina, já o Filipe jurava que era menino. Parecia que ele tinha certeza disso e quando eu perguntava o porquê, o mesmo ficava todo estranho.
Em falar nele, nós passamos a nos ver bastante, praticamente todos os dias para ser sincera. Ele não podia sair do morro para me acompanhar nas consultas e lugares que eu ia, mas mandava alguém me levar e quando eu chegava, a gente se encontrava em algum lugar e eu contava tudo para ele. Mostrava o ultrassom, as roupas e as coisinhas que havia comprado para o bebê, falava quais eram as recomendações da médica e nós passávamos horas conversando. Discutíamos também, por ele querer bancar tudo só porque o filho era dele, mas no fim sempre nos acertávamos. A única coisa que aceitei que ele comprasse sem a minha ajuda foi a casa. Eu não ia conseguir ajudar ele, o mesmo pagou um valor super alto para conseguir ficar com a que gostei, que no caso, foi a que a gente passou uns dias a alguns meses atrás. Ela não estava à venda e o dono não queria aceitar a proposta do Filipe, mas quando ele praticamente dobrou o valor, o homem aceitou rapidinho.
Eu fiquei muito feliz quando soube que ele conseguiu. A casa era muito bonita e eu tinha me apaixonado por ela, então acabou que isso me animou um pouco.
Meu humor variava muito durante o dia. Tinha horas que eu estava super empolgada para me mudar e começar uma nova vida, aí depois ficava triste, pois ia ficar longe das pessoas que eu gosto e logo depois me batia um desespero em saber que eu teria que me virar sozinha para cuidar da criança, já que o Filipe não moraria comigo e eu não tinha nenhuma rede de apoio naquela cidade. Esses pensamentos me fizeram ficar por mais alguns dias na Penha, o que de certa forma foi bom, porque eu consegui me consultar mais uma vez com a obstetra e descobrir o sexo do bebê.
As primeiras pessoas a ficarem sabendo do sexo foram as minhas amigas. Assim que sai da clínica, fui direto para a loja onde trabalhava e contei para elas. Elas ficaram muito felizes, me abraçaram, beijaram e quase não me deixaram sair ir embora. Tive medo delas me abandonarem quando soubessem a verdade, mas graças a Deus não foi isso que aconteceu. Quando eu fui contar da gravidez, abri o jogo para elas, contei exatamente tudo o que aconteceu desde a volta do Playboy e pedi desculpas por ter mentido. Elas ficaram chateadas comigo, é obvio, mas entenderam o meu lado, me perdoaram e agora estão me ajudando com tudo que eu preciso. Fiquei muito feliz com isso e grata por elas não terem soltado a minha mão.
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Menina do chefe
RomansaMaria Antonieta é uma jovem humilde, nascida e criada no complexo da penha. Era uma moça ingênua, que levava uma vida pacata, até que uma doença obrigou ela a se submeter a uma situação que nunca imaginou que iria passar. A sua escolha a fez conhece...