A chegada

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boa noite, to trazendo uma original e espero que gostem <33

agradecimentos ao @wonderfuldesigns por essa capa, à design lady-chang e à beta @darthflowers

edit¹: capítulo editado.

Chico

Eu conhecia Benício desde criança. Minha mãe e a sua eram amigas desde o nascimento de Ana. Sempre brincávamos juntos quando ele vinha nos visitar, apesar de eu nunca ter gostado muito dessas brincadeiras mais masculinas. Sempre tivemos um pouco de distância por conta das nossas idades serem diferentes, mas isso não impediu que a nossa amizade continuasse. Confesso que senti um pouco de ciúmes conforme fomos crescendo juntos. Ele sempre olhava mais para minhas irmãs do que para mim, e eu sabia que isso era normal apesar de eu ser um ômega. Mesmo que Benício tivesse se descoberto alfa, ele ainda era hetero, e eu ser do segundo gênero mais compatível com o dele não mudava nada. Seu cheiro de bambu forte e imponente sempre me atraiu e me acalmou e eu sempre tive vergonha disso. Qual é, eu nunca teria nenhuma chance com esse cara. Ele é totalmente atraído por mulheres, não é? Pelo menos, era isso que eu achava. Até sua última visita à nossa casa.

Era início de dezembro e, como todo verão, Benício estava chegando. Dessa vez, a tia Inês não estava vindo com ele. O homem estaria completamente sozinho, mas do que adiantaria? Ele havia se casado com uma tal de Stephanie. Eu me recusei a ir ao casamento. Meus pais não entenderam, mas eu não aguentaria vê-lo com outra pessoa. Sei que isso provavelmente é infantilidade, mas quem disse que eu sou maduro? Só tenho 20 anos. Preciso aproveitar isso antes que eu faça 30 e tenha que amadurecer a força. Eu esperava ele ansiosamente sentado no portão de casa. Não demorou muito para que eu o visse vindo do horizonte. O sorriso brilhante como sempre. Me levantei, não esperando que ele chegasse até mim. Corri na direção do homem e me joguei contra ele, quase o derrubando no chão e caindo por cima. A sorte foi que apenas a mochila dele caiu de suas costas e ele conseguiu estabilidade para me segurar.

- Chico, como você cresceu! - ele exclamou no meu ouvido enquanto eu o cheirava feito um cachorro.

- Benício, que saudades de você - sussurrei em seu ouvido, me afastando um pouco para olhá-lo nos olhos.

- Eu também senti saudades. - Ele sorriu e eu senti meu coração bater mais rápido, balançando minha cabeça para afastar os pensamentos inadequados que apareciam. Se controla, agora ele é um homem casado.

- Bom saber que eu faço falta - digo pegando a mochila do chão e o ajudando a levar as coisas para dentro.

- E quem disse que você não faz? - O homem ergueu a sobrancelha enquanto passávamos pelo portão.

- A sua esposa. - Revirei os olhos, me incomodando só de mencioná-la.

- Mentira que ela disse isso. - Sim, era mentira minha. Eu só havia ligado o procurando e ela bateu na minha cara. Talvez porque tinha sido a quarta vez no dia que eu tinha ligado o procurando, mas a culpa não era minha que Benício tinha parado de responder minhas mensagens.

- Eu não fiz nada para ela me tratar daquele jeito. - Fiz um biquinho para ele ficar com pena, mas logo fui desmascarado por Ana.

- Você não consegue disfarçar esse ciúmes, hein, meu irmão? - A mulher franziu o cenho, aparecendo na porta de casa.

- Ana, é você mesmo? - Benício pareceu ignorar o que ela tinha dito e eu fiz o mesmo, apenas observando eles se cumprimentarem.

- Sou eu, meu amigo! - Ela sorriu para ele e eu passei por ela, a empurrando de propósito um pouco irritado pela frase que ela havia dito.

Larguei a mala no meio da sala, me sentando no sofá.

- Sua mãe tinha dito que você casou com Wellington.

- Casei, mas não pude deixar de vir aqui te ver depois de tanto tempo. - Os dois entraram e Benício veio até mim, sentando-se ao meu lado e largando suas coisas como eu havia feito.

- Verdade, a gente não se viu no último verão. - O alfa se lembrou.

- Eu estava fora terminando a faculdade, não se lembra? - Tenho muito orgulho da minha irmã. Adoraria crescer e ser que nem ela, mas do jeito que estou caminhando, eu vou virar é uma dona de casa feito mamãe. Não que isso seja ruim, mas não é o que quero para minha vida, pelo menos não por agora.

- É verdade.

Ana sorriu e lhe ofereceu um copo d'água. O homem aceitou e a garota se ausentou, deixando-nos sozinhos. Infelizmente, eu não consegui disfarçar meu cheiro forte de açaí, o que denunciou minha empolgação.

- Aconteceu alguma coisa? - Benício percebeu e eu senti minhas bochechas corarem.

- Não, claro que não. Eu só tô um pouco feliz de te ver.

- Eu também estou. - Ele passou o braço por cima do meu ombro, me trazendo um pouco para mais perto de si. - E a escola? Como está?

- Escola, Bê? Eu já terminei ela faz 2 anos. - Dei uma risada incrédula.

- O que? Meu bebê já cresceu? - Então percebi que ele estava sendo apenas um idiota falando aquilo.

- Cresceu. Agora o bebê vive fazendo bebê por aí. - Ana volta da cozinha com dois copos de água e eu me sinto envergonhado com aquela fala.

- Por que você não fica quieta, hein? - Me levanto do sofá, vendo Benício dar risada do que aquela idiota falou. - Vou chamar a mamãe.

Fui até a área de serviço, onde a mulher colocava umas roupas na corda. Meu corpo todo estava num estado de êxtase. Mesmo que Ana estivesse me envergonhando demais, eu não conseguia disfarçar a excitação. Quase caí e acabei chamando a atenção de mamãe antes do tempo.

- Filhote, você tá bem? - Raimunda diz e eu assinto.

- Tô sim, mamãe. Só vim aqui te chamar para ver o Benício. Ele acabou de chegar. - Sorrio para ela.

- Meu Deus! Já estou indo - a mulher disse fechando rapidamente a máquina de lavar e eu voltei para dentro da casa com ela. - Vai chamar seu pai!

Confesso que não queria fazer o que foi pedido. Papai ia perceber meu cheiro exagerado e eu não queria que ele suspeitasse que fosse por causa de Benício. Ele sabe que eu gosto de garotos, mas não quero que ele saiba que eu sou apaixonado por Benício desde sempre. Me dou por vencido e saio de casa, indo em direção ao lago que tinha próximo de nossa residência. Meu pai estava por ali com alguns pescadores e logo eu o avistei.

- Bom dia, papai. Benício acabou de chegar! - Me aproximo de uma árvore e anuncio, tentando camuflar meu cheiro com o da flora local.

- Oh, já estou indo - ele me diz e volta a falar com os outros pescadores que estavam ali. Jaime me dá um olhar malicioso. Ele foi o último com quem me deitei na noite passada e eu tenho certeza que está percebendo meu cheiro.

Trato de sair dali correndo antes que ele venha atrás de mim tentando alguma coisa novamente. Eu até transo com ele de novo porque foi muito bom, mas não enquanto Benício estiver na minha casa. Durante esse período, eu vou ser todo dele, mesmo que ele não seja todo meu.

É do botoOnde histórias criam vida. Descubra agora