A Maldição de Estíria

Capítulo Um - A Chegada

Notas Iniciais

Espero que gostem

"Quando A Rainha das Trevas Se Erguer Você Vai Tremer de Medo Porque A Tolice do Rei Tolo Será Paga Esta Noite" - Canção de Ninar da Estíria

Fronteira da Hungria, Novembro de 1989.

Uma música pesada soava baixa pelos fones projetando-se como uma trilha sonora que a faria relembrar da paisagem gélida e melancólica da Hungria durante um longo tempo. O carro, um Chevrolet Opala preto, foi diminuindo a velocidade até parar em um posto fronteiriço discreto mas não menos intimidador, um guarda aproximou-se do veículo observando atentamente a todos os seus ocupantes. Após um breve questionamento padrão e pontuações de irregularidades quanto ao passaporte de sua filha, o doutor Hill tomou a frente e saiu para conversar com ele discretamente.

Sussurros e uma quantia em dinheiro dada foi tudo o que Eleanor conseguiu distinguir do banco de trás do veículo. Ela acompanhou o retorno de seu pai à janela próxima nunca desviando o olhar do rosto dele, o doutor Hill percebendo a atenção extra ofereceu-lhe um sorriso e disse que estava tudo bem. Ela optou por não esboçar expressão alguma e procurou não pensar sobre, aquela situação estava fora de seu alcance.

Em um curto espaço de tempo depois, eles estavam passando para outro veículo e seguindo em direção ao castelo no interior da Estíria. O caminho até o destino se deu tranquilamente, árvores enfeitavam a estrada mas não compunham uma floresta densa, ao fundo a colina encobria parcialmente o sol, indicando que a noite estava se aproximando. Eleanor observou a paisagem sem qualquer vestígio de empolgação e então direcionou seu olhar para as costas de seu pai, o homem ocupava o assento da frente junto ao motorista e limpava o para-brisa com a mão. Sentindo que estava sendo observado novamente, o doutor Hill virou-se para ela, um discurso apologético previamente preparado estava por vir.

"Sei que não é o ideal mas o doutor Bergson e eu esperamos 10 anos para conseguir a permissão de estudar os murais". Eleanor então desviou seu olhar para fora do carro, relutante diante do silêncio de sua filha, ele prosseguiu. "Acho que você vai ficar animada em conhecer o castelo, está intocado desde 1917". A garota voltou-se para ele e, desta vez, era o próprio que não conseguia retribuir o olhar. Ela observou bem as expressões de seu pai e tudo o que encontrou em seu rosto foi tristeza e cansaço, ele estava se esforçando. Dando-lhe um sorriso de lado e balançando a cabeça brevemente em concordância, ela se virou para encarar a paisagem pela janela novamente, quase desejando que aquela imagem natural a engolisse e ela não tivesse que passar por tudo aquilo.