Capítulo 13

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Cebola

Assim que terminamos o jantar fomos andar. O local onde eles botam as mesas é bem apertado, mas tem uma varanda aberta logo mais na ponta do restaurante onde alguns casais dançam. Mônica tirou os sapatos e me estendeu a mão, me convidando para dançar também. Alcancei a mão dela e puxei ela para mim, levando minha outra mão para sua cintura, começamos uma valsa completamente dessincronizada, com movimentos exagerados e risos altos. Fiz ela dá três giros completos, no quarto ela acabou trombando com um outro casal que dançava lentamente.

- Perdão - Mônica tenta se segurar em meu ombro para diminuir a tontura dos giros - É que ele aqui não sabe dançar, coitado - Tento segurar a risada e manter uma cara sería, o casal claramente não gostou, a moça apenas dá um pequeno sorriso forçado e sai puxando o seu parceiro.

- Por que você não disse que é você que não sabe dançar?

- Por que é melhor culpar você - Balanço a cabeça em desaprovação mas Mônica apenas dá de ombros nenhum pouco afetada - Me ajuda aqui, ainda tá tudo girando - Pego os braços dela e jogo por cima dos meus ombros, abraço a cintura dela carregando-a até um sofá que tem próximo.

- Quer algo para beber? - Mônica se esparrama no sofá e começa uma massagem em um dos pés.

- Quero, vi eles distribuindo limonada.

- Vou lá pegar para nós - Me afasto indo em direção ao garçom com a bandeja, aceno para o homem e ele faz um sinal de que já vem, volto meu olhar para a morena de vestido verde, ela está olhando para o céu cheio de estrelas, ela sorri para o brilho da noite e um arrepio corre pelo meu corpo. Eu quero parar esse momento, viver em replay aqui, ficar admirando ela por horas e horas, sem qualquer preocupação.
Mas como um sinal de realidade meu celular vibra, uma mensagem de Carmem dizendo que mãe Lurdinha perguntou de mim e que parecia preocupada, e outra mensagem de Cascão avisando que está num restaurante no centro da cidade com Magali.

Magali, amiga da Mônica?

O garçom se aproxima e me entrega os dois copos com o líquido, guardo o meu celular e faço um lembrete de responder os dois depois.

- A Magali tem um restaurante no centro? - Me jogo no espaço ao lado de Mônica e entrego o copo para ela.

- Ela é chefe lá, trabalha tem uns dois anos, porque? - Ela dá um gole deita a cabeça.

- Cascão disse que tá com ela.

- No restaurante? - Confirmo e ela faz um biquinho e volta a olhar para cima - Sabe, sempre que algo me deixava mal ela dormia lá em casa e no meio da madrugada ela me acordava e me arrastava até a cozinha - Deito minha cabeça na cabeceira do sofá olhando para ela.

- Vocês cozinhavam de madrugada?

- Sim - Ela rir com a lembrança - A gente acabava se empolgando e fazíamos muito barulho ai minha mãe acordava e vinha brigar com a gente - Ela volta o olhar para mim com um sorriso no rosto - Mas ela deixava a gente comer um pedacinho antes - Começamos a rir os dois - Você e Cascão são amigos a muito tempo?

- Sim, acho que desde a barrigas das nossas mães - Mônica se aproxima um pouco, com os dois olhos arregalados querendo saber mais.

- O Cascão pequeno odiava tomar banho, ele ganhou esse apelido de uns moleques e aí ele aderiu.

- O nome dele não é Cascão?

- Não - Mônica parece realmente chocada com a informação, levo a mão a boca para abafar a gargalhada - Você achou que fosse nome mesmo?

- Achei - Ela começa a rir junto comigo.

- O nome dele é Cássio, mas ele mandava todo mundo chamar ele de Cascão - Mônica balança a cabeça, acompanhando a história - Quando ele era menor, a mãe dele vivia insistindo para ele banhar, ai ele fez um acordo que iria tomar um banho por dia, e nada mais, Dona Lurdinha achou melhor que nada. Aí teve esse dia em que ele acabou pegando chuva por conta que atolamos o trailer, ficamos completamente sujos tentando empurrar o carro, quando terminamos a mãe dele disse que nos tínhamos que banhar mas o Cascão insistiu que o banho de chuva já contava e que só iria tomar banho no outro dia - Começo a rir e Mônica também - Lembro de nos trancarmos no banheiro para não acharem a gente, nossos pais ficaram nos procurando por toda parte, nunca procurariam ele lá. Ele tava agoniado, vi que ele tava contando os minutos para o outro dia, ele queria banhar mas não queria dá o braço a torcer.

𝐼 𝑓𝑜𝑢𝑛𝑑 𝑦𝑜𝑢 ☾ ~𝐚𝐮 𝐜𝐞𝐛𝐨𝐧𝐢𝐜𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora