Capítulo 10

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Cebola


Eu estou ferrado.
Completamente ferrado.

Eu sabia muito bem o que aquele pequeno incidente podia significar. Quando a flor, que eu comprei para Dona Lurdinha caiu, eu soube que podia ser um aviso, eu senti aquela pontada de culpa. Eu desde pequeno fui aconselhado pela mãe Lurdinha a prestar atenção aos sinais, e eu tinha quase certeza que aquilo era um sinal.
Eu já me envolvi com algumas pessoas, eram casos rasos na maioria das vezes.
Sempre deixava claro que não tinha a intenção de compromisso mas... desde o momento em que eu conheci a Mônica, na biblioteca procurando algum livro na sessão de romance, naquele momento eu quis ficar, eu quis conhecê-la. Quando eu vi que seria ela a substituir Carmem eu fiquei muito nervoso, queria impressionar ela.
Após minha conversa com a Mãe Lurdinha eu soube que eu deveria me afastar, eu deveria interromper o que quer que fosse esse novo sentimento, eu iria embora e nunca mais a veria, era só não procura-la. Mas a vida parece não pensar assim. Eu nunca vou fazer compras com a Carmem, eu sei que ela se empolga e me faz de seu mordomo particular por isso sempre fujo quando ela me convida, mas naquele dia eu quis ir, eu quis ir para a rua e talvez, quem sabe, encontrar Mônica.

Eu mesmo me sabotei.

Eu já tinha tudo planejado para aquela tarde, iria no local combinado para falar com ela e inventar qualquer desculpa para cancelar aquele nosso passeio turístico. Mas esse não eram os planos do destino.
Quando paramos na floricultura, eu perguntei para a florista sobre a violeta, ela me deu a flor e me indicou outra, a tulipa, me contou o significado e disse que a moça que estava me acompanhando iria amar, então comprei. Acredito que Mônica deva ter perguntando para a senhora, por quê após sair ela estava vermelha, não comentou nada mas as vezes me encarava por um longo espaço de tempo, tentando ver o que se passava na minha cabeça.

Ela. Ela está rondando na minha mente.

Quando nós separamos após mais um longo beijo cheio de sorrisos e palavras tímidas, eu encaro ela ainda bem próxima a mim, com a boca e nariz levemente avermelhados, com um sorriso bobo perdido no rosto e as mãos abraçando minha cintura. Naquele momento eu soube. Era ela.

Ela é a pessoa. A minha alma gêmea. A minha outra metade da laranja, e isso me deixou explodindo de felicidade. Eu finalmente encontrei.

A beijo mais uma vez.

- O que foi? - Ela me abraça um pouco mais, rindo - Você tá com um sorrido de orelha a orelha - Ela sobe uma mão e com indicador contorna meus lábios.

- Nada, só... gostei muito de beijar você - Deposito outro selinho nos lábios rosado dela.

- Também gostei muito de beijar você - Ela me devolve o selinho - Acho bom voltarmos, as duas devem estar nos procurando - Ela frouxa as mão ao meu redor para sairmos, não solto minhas mãos que estão ao redor dela - Parece até que vou fugir.

- Prefiro você aqui, bem perto de mim.

- Podemos ficar assim em muitos outros momentos. - Quando ela diz essas palavras eu me lembro da promessa. Não posso. Não podia ter encontrado ela, não não não. A solto rapidamente, meu peito queimando, preciso sair daqui. - Tá tudo bem Cebola?

- Uhun? Tudo, tudo, lembrei que tinha marcado algo com o Cascão, vamos indo - Me abaixo e catos os cacos do vasinho no chão, Mônica ainda está me encarando com os olhos semicerrados, depois que junto todos os pedaços saio da ponte vou até o lixeiro próximo. Olho para trás e vejo que a morena ainda nem se mexeu de onde estávamos - Vamos? - Falou um pouco mais alto para que ela escute, ela vem caminhando lentamente.

𝐼 𝑓𝑜𝑢𝑛𝑑 𝑦𝑜𝑢 ☾ ~𝐚𝐮 𝐜𝐞𝐛𝐨𝐧𝐢𝐜𝐚Onde histórias criam vida. Descubra agora