ᴘʀᴏ́ʟᴏɢᴏ

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O mundo está um pouco embaçado
Ou talvez sejam meus olhos
Os amigos que tive que enterrar
Me mantém acordado a noite.

Ilomilo, Billie Eilish

— Apenas traga qualquer um, Sanzu. — Sua cabeça latejava de tanta dor, tentou massagear as têmporas em busca de alívio, mas não funcionou.

Chefe, tem vários aqui, não existe "qualquer um." 

— Qualquer um que tenha uma cor mais viva, droga. Essa sala é muito escura, apenas algo fora desse padrão, entendeu? 

Sim, senhor.

Bufando ele encerra a chamada, jogando seu celular no chão em seguida. O sofá machuca suas costas e ele se cansou de procurar um bom o suficiente para seu corpo exigente. Jogou a cabeça para trás ouvindo seu pescoço estalar, um suspiro deixou seus lábios rachados e seus olhos se fecharam. O sono queria o derrubar, mas ele não pode dormir, não depois do pesadelo que teve essa noite durante suas poucas horas de sono.

Shinichiro o visitou essa noite, ele pensou que havia esquecido de como era o rosto de seu irmão mais velho, mas não, os traços ainda estão perfeitamente desenhados em sua mente. Mas não era o rosto sorridente e feliz que Shinichiro sempre mantinha, pelo contrário, sua expressão estava sombria. Ele não estava feliz por ver Mikey, ele parecia desapontado, como se seu pequeno irmão tivesse feito besteira, mas não como era quando Mikey quebrava um vaso valioso de seu avô e escondia os cacos debaixo da cama de seu irmão. É algo maior, e Mikey sabe bem a besteira que fez para seu irmão está tão desapontado consigo.

Ele acordou afobado, lágrimas molhavam suas bochechas vermelhas, não conseguiu voltar ao sono e se entregou a insônia. O remédio que Sanzu havia dado-lhe não funcionou, de novo.

Agora, ele havia mandado Sanzu em busca de um quadro, sim, um quadro que tenha mais vida que ele, um quadro para ficar pendurado em uma parede cobrindo os pequenos buracos causados por tiros insanos em seus piores momentos de surto. Um quadro que daqui a duas semanas vai estar destroçado como os outros, porque ele vai querer descontar em algo. 

▂▂▂▂

Ele quebrou outro celular, arruma um por . — Kakucho fala pelo outro lado da linha. 

— Outro? 

É, e seja rápido, ele está impaciente hoje.

— Entendido. — Sanzu bufou e guardou o celular. 

Ali certamente não é o lugar que ele prefere ficar nas sextas-feiras. Uma galeria de artes ou quadros, algo assim. Sanzu nunca fez questão nenhuma de tentar entender como isso funciona. Mas, o chefe quer um quadro e ele vai buscar.

Ele passeia pelos corredores, observando os quadros nas paredes, procurando o "fora do padrão" que Mikey pediu. Em seu ponto de vista, todos parecem iguais, mesmas cores e formas, ou ele apenas esteja muito chapado para poder diferenciar uns dos outros. Após tediosos minutos, ele avistou um diferente, que chamou sua atenção.

Tinha uma mulher, seu corpo estava debaixo d'água e não é possível ver seu rosto, ela usa um biquíni vinho dando contraste no quadro, o fundo tem uma coloração verde-água e seu corpo flutua mesmo debaixo d'água. Claro, as curvas dela também chamaram sua atenção.

Ele olhou em volta, em busca de alguém para poder pagar, ou ele apenas pega e paga na saída? Deu ombros e retirou com cuidado o quadro da parede e caminhou por onde se lembrava ser a saída. 

— Ei! Você ai! O que pensa que está fazendo? — Um guarda rechonchudo foi em sua direção. Seu uniforme é azul e o crachá pendurado no bolso sobre seu peito diz "Tanaka". Sanzu encarou o indivíduo dos pés a cabeça e voltou para seu caminho. 

𝐈𝐋𝐎𝐌𝐈𝐋𝐎, 𝖬𝖺𝗇𝗃𝗂𝗋𝗈 𝖲𝖺𝗇𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora