ɴᴏsᴛᴀ́ʟɢɪᴀ

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Era um dia quente e ensolarado em Tokyo, o sol brilha forte sob sua cabeça e seu pescoço estava suado pelo calor excessivo e não acostumado. Não havia uma sombra sequer, a não ser a de Sanzu, que o segue como um cachorro preso numa coleira. As calçadas estavam vazias, porque ninguém teria coragem suficiente para caminhar debaixo desse sol quente. Uma leve brisa soprou e Mikey suspirou de prazer ao sentir o suor de seu pescoço secar.

Ele saiu para rua após uma semana sem ver a luz do dia. Não pregou os olhos durante as noites que pareciam durar muito mais que o normal, o sol demorava para nascer, e Mikey fazia questão de fugir da luz antes que ela o atingisse. Sua mente estava um caos, mais bagunçada que o normal. As palavras de Takemichi estavam vivas em sua mente, o que o faz delirar. O rosto de Mia de repente pareceu mais familiar, como se eles já tivesse se conhecido antes, e ele tem plena certeza de que nunca havia visto essa mulher no passado, não mesmo.

No mesmo dia que Takemichi fugiu correndo depois de o alertar sobre suas possíveis viagens no tempo, e sobre Mia ser sua salvação, Mikey enlouqueceu. Caminhou lentamente para fora de seu escritório, fechando suavemente a porta antes de se debruçar sobre a mesma, sentindo sua sanidade se esvaindo, evaporando como água no asfalto em um dia de sol como este.

Para Mikey, a parte mais torturante de perder a cabeça, é que sabemos quando estamos fora do controle, humanos são seres racionais e têm noção de suas ações. Uma tortura dolorosa se sentir entrar lentamente em seu estado mais profundo de loucura, sentir todo seu esforço contra a insanidade sumir feito um alfinete no meio do palheiro, você pode achar um dia, mas talvez, morra procurando.

Morrer. Ele não pode negar que a ideia de suicídio sempre passou por sua cabeça, talvez esse fosse o motivo de ter acreditado tão rápido nas palavras de Takemichi, porque ele sabe que não é impossível de acontecer. Porém, Mia estar envolvida não parece certo, mas também não parece errado.

Agradeceu a si mesmo por ter criado forças para sair da sala, se sentiria péssimo se acabasse destruindo os belos quadros pendurados na parede esburacada pelos mesmos tiros causados por momentos como este. O corredor foi o alvo deste vez, tiros e gritos foram ouvidos durante aquela madrugada. A ideia de acabar com a própria loucura lá mesmo, quase virou realidade, porém, ao puxar o gatilho, nada aconteceu. Talvez não fosse sua hora ainda.

Um ronco o tirou de seus pensamentos, alto o suficiente para Sanzu ouvir.

- Estou com fome. - Anunciou indiferente.

- Seu estoque de Dorayaki já acabou, é? - Falou Sanzu.

- Sim. - Mikey olhou em volta, procurando qualquer lugar que o oferecesse um bom almoço, mas parou quando um delicioso cheiro adentrou suas narinas, fazendo seu estômago doer. Saiu andando em passos rápidos sem se preocupar com Sanzu atrás.

Uma padaria, grande, com decoração rústica, era de lá que o cheiro estava vindo. Não demorou para logo estar dentro do local com um cheiro maravilhoso de pão quente e bolo assado. Se aproximou da estufa com diversos doces, ficaria em paz quando cinco daqueles donuts estivesse dentro de sua barriga. Após finalmente pedir sete deles de sete sabores diferentes, sentou-se em uma mesa de madeira com uma toalha amarela, não havia câmeras e o local tem uma péssima iluminação, assim, ele não teria que se preocupar com seu rosto nos noticiários como:

"Manjiro Sano é flagrado comendo donuts como se nunca tivesse feito nada de errado na vida."

Poderia rir se sua boca não estivesse cheia de chocolate do terceiro pão doce. Sanzu estava sentado na mesa atrás, parado como uma estátua, em guarda, com os olhos circulando em volta em busca de alguma ameaça. Sabendo bem de que seu chefe não precisa de proteção, mas sabe também de que ele odeia ter que lidar com esses tipos de situações que envolva força bruta, pelo menos, não quando ele está sã.

𝐈𝐋𝐎𝐌𝐈𝐋𝐎, 𝖬𝖺𝗇𝗃𝗂𝗋𝗈 𝖲𝖺𝗇𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora