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Outro chute foi desferido no rosto ensanguentado do homem. O som de seus ossos se quebrando quando o coturno de Sanzu atingiu com força, era desagradável. Uma gargalhada alta e insana de Sanzu foi ouvida em seguida, que balançou o sapato tentando se livrar o excesso de sangue que pingava no chão, formando uma poça vermelha.

Mikey, que estava a menos de três metros de distância da cena sangrenta, deu dois passos para frente e se abaixou na altura do homem largado no chão. Ele estava na faixa dos 60 anos, lutando para finalmente ter sua aposentadoria. Os cabelos curtos e grisalhos estavam manchados em vermelho sangue assim como o bigode. As rugas nos cantos dos olhos aparente, anuciando sua idade. O corpo atirado no chão de um jeito desajeitado, facilitando os chutes impiedosos de Sanzu.

- Está pronto para falar? - Perguntou Sanzu, sua mão pálida foi aos cabelos curtos grisalhos do homem, erguendo sua cabeça para olhar no rosto sombrio de Mikey.

- E-eu não sei de nada, eu juro! - Chorou o velho - Quando avistei o incêndio era tarde demais, ele já tinha fugido!

- Você trabalha naquela área a mais de quinze anos, não foi o que me falou? - Foi a vez de Mikey falar, sua voz rouca arrepiando o velho machucado. - Então, como um rato nojento entrou, queimou meus containers, e saiu sem ser visto?

- Senhor, por favor me poupe. Eu juro que não sei como aconteceu!

O fato de Mikey já ter encontrado Tokomi ficou em segredo, ele queria tirar alguma informação do velho guarda que deveria estar cuidando de suas mercadorias. O incêndio atrasou a estreia da boate, deixando ele mais estressado.

- Como pode provar que não é cúmplice? - Sanzu esmagou o rosto do homem com o pé, empurrando mais e mais contra o chão duro e grudento pelo sangue que escorria de seu nariz.

- Fale o que está preso em sua garganta, tem algo a mais que você não quer contar. - Mikey o olhou de cima, seus olhos se sombreando intimidando o mais velho esmagado sob o coturno ensanguentado de Sanzu.

- Tudo bem, tudo bem eu falo! - Ele gritou em rendição. Sanzu tirou o pé do rosto do guarda puxou seus ombros, o obrigando a se sentar. - Na noite do incêndio eu não estava presente. - Estremeceu ao sentir uma dor aguda na coluna, causada pelos chutes brutos de mais cedo antes de ser sequestrado. - Meu telefone recebeu uma chamada, me tirando da guarda por alguns instantes, que foi tempo suficiente para o local ser invadido...

Ele não pode terminar pois foi jogado no chão novamente, Mikey se levantou e bufou. Olhou para Sanzu que lambeu os lábios antes de sorrir, um simples aceno com a cabeça foi o suficiente para ter sua permissão. Olhou mais uma vez para o velho no chão, o jeito ameaçador ativando os seus sentindos indicando perigo, e lá ele soube, não havia escapatória.

- Não! Por favor, por favor não! Eu tenho netos, filhos e uma esposa. Por favor senhor, tenho uma família que me espera chegar vivo em casa! Por favor!- Gritou, se debatendo como um peixe no chão seco.

Deu as costas caminhando para saída da sala no subsolo. Os sons dos chutes de Sanzu foram preenchidos, as costelas se quebrando junto aos gritos do velho implorando por sua vida. Em seguida, um tiro alto ecoa no local. Mikey não se virou. Outro disparo. E mais outro e mais outro. Mikey não se virou.

Quando os tiros se cessaram, Mikey parou, se permitiu dar uma olhada por cima do ombro, apenas para ver o crânio do que antes parecia ser uma pessoa, espalhado pelo chão. O cérebro destroçado como gelatina esmagada. Nem nariz aquilo tinha mais, apenas buracos sangrando no que antes era um rosto. Não sastifeito, Sanzu afundava seu coturno no peito do morto, quebrando suas costelas e esmagando seus órgãos. O sangue esguichava manchando a calça branca colada em suas coxas, e o mesmo nem se importou, empurrando seu pé mais fundo ouvindo os restos dos ossos sendo esmagados sob seu sapato.

𝐈𝐋𝐎𝐌𝐈𝐋𝐎, 𝖬𝖺𝗇𝗃𝗂𝗋𝗈 𝖲𝖺𝗇𝗈Onde histórias criam vida. Descubra agora