eu não me lembrava exatamente como eu havia adquirido aquele caderno. mas eu sabia exatamente como usá-lo e todas as suas consequências.
desde que o encontrei, não tive coragem de escrever o nome de alguém, por medo de realmente funcionar. mas eu precisava testar, em algum momento.
era dia de fazer compras, e eu adorava acompanhar meus pais no mercado. gostava muito quando eles deixavam eu pegar os meus lanches e doces favoritos, de passear com o carrinho de compras e tudo mais.
mas de repente, enquanto procurava um produto para minha mãe, uma menininha parou do meu lado com um olhar meio frio e me disse:
— você sabia que eu posso te matar a qualquer momento?
aquilo me deixou assustada.
— do que está falando?
— eu tenho um caderno de matar pessoas. eu posso matar você.
— eu também tenho um. ele realmente funciona?
— sim. mas pelo visto não poderei matar você, já que também tem um. - disse ela decepcionada, antes de sair.
isso foi estranho pra caralho.
mesmo eu entendendo como o caderno funcionava, não sabia das consequências que não estavam escritas nele. eu não imaginava o que poderia acontecer.
voltamos para casa, colocamos as compras nos armários e geladeira, até que meu namorado chega. era dia de cinema com a família, todos iríamos virar a noite assistindo filmes na nossa sala.
mas no meio da madrugada eu senti que alguém me observava, mas era como se fosse mais de uma pessoa ou mais de uma coisa. eu não sabia explicar o porquê disso tudo, mas a sensação crescia cada vez mais.
então resolvi olhar para a cozinha, que estava completamente escura, e vi uma silhueta grande e negra com olhos vermelhos-sangue. meu corpo congela automaticamente.
olhei para um dos quartos que estava com a porta aberta e vi outra criatura. ela era menor que q anterior e seus olhos eram brancos, profundos e cheios de sofrimento.
não é possível que só eu estou vendo isso.
— amor, você está vendo isso?
— isso o que? - disse ele confuso.
então apontei pra cozinha e ele negou com a cabeça. então eu juntei as peças: só eu tive acesso ao caderno, só eu tenho posse dele. com certeza é isso.
tentei ignorar o máximo que pude, porém o número de criaturas estavam cada vez maior, e aparentemente eles tinham o objetivo de levar nossas almas.
eu contei a minha família o que estava vendo mas eles acharam que eu estava imaginando coisas, que não tinha nada lá, que era para eu parar de assistir filmes de terror. mas não era bem assim.
eu já estava aterrorizada, e como do eu sabia sobre o caderno, isso me fazia parecer louca. então em um momento de desespero eu peguei o caderno e fiz todos da casa encostarem nele, e só assim eles viram tudo o que eu estava vendo.
a noite virou um inferno, estávamos apavorados e sem saber o que fazer. tínhamos que dar um jeito disso parar de acontecer, e a única forma, seria me matando ou eu escrevendo o nome de alguém.
eu não estava preparada pra nenhum dos dois, mas assim eu fiz. eu matei a primeira pessoa. aquilo me corrompeu de uma forma absurda e eu não pude parar de pensar no que eu havia feito.
mesmo tendo escolhido um criminoso como alvo, eu me sentia suja e culpada. eu coloquei minha família em risco e ainda me tornei uma assassina.
agora o meu destino está selado. eu tenho a necessidade de matar as pessoas em determinado tempo, para que eu mesma não seja morta, de acordo com as regras do caderno.
so... i woke up.
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DAYDREAM
General FictionUm compilado de histórias baseadas em sonhos que tenho frequentemente.