Capítulo 10

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Mônica

Estávamos no intervalo, o próximo horário seria com a Suzana, minha professora de português que sou completamente apaixonada.

O sinal bateu e todos saímos, Julieta e Raquel foram para o refeitório, e eu havia dito a elas que iria ao banheiro e as encontraria logo em seguida.

Eu segui direto para o banheiro. Enquanto caminhava até lá, tirei a mochila das costas e comecei a procurar algo para prender o cabelo, estava tão distraída que não percebi quando Suzana se aproximou de mim, me puxando para o banheiro. Fiquei um pouco atordoada e não protestei enquanto ela me levava para outra direção.

— Suzana, para onde está me levando? — perguntei enquanto ela continuava me puxando para o corredor onde fica a sala dos professores. Nesse horário costumava ficar vazio, pois era horário de almoço e todos se reuniam para almoçar no refeitório. — Eu preciso encontrar minhas amigas, elas... — Não pude terminar a frase, Suzana se virou sem largar minha mão e pôs o dedo indicador sobre meus lábios, me silenciando.

— Shiii, meu amor — sibilou Suzana. — Eu só quero ter um momento com você. — Continuou ela, colocando uma mecha de cabelo que caia sobre meu rosto atrás de minha orelha. — Estava morrendo de saudades de você, meu bem.

Ela sorriu para mim e me puxou para dentro da sala, fechando a porta em seguida.

— Suzana, nós não podemos fazer isso, fomos pegas da última vez, não podemos arriscar de novo.

Nunca havia entrado naquela sala antes, era grande, um pouco maior que meu quarto. Havia uma mesa redonda no meio da sala, cheia de pastas e papéis, não era mentira o que diziam os professores, aquele lugar era muito organizado. No canto esquerdo da sala estava um armário com algumas caixas em cima. O local tinha um cheiro de café bem forte, percebi logo depois que havia um copo descartável no chão, ao lado dele estava uma pequena poça de café.

Suzana tinha ido até a janela e fechado as cortinas, em seguida se deu conta que não havia fechado a sala com sua chave, depois se voltou para mim, me empurrando contra a parede e me deu um beijo, e sua língua explorava minha boca com uma intensidade gigantesca. Ela voltou sua boca para meu pescoço, beijando-o, arrancando gemidos de mim, parecia que ela estava faminta, e eu também estava. Quando sua boca começou a passear pelos meus seios e sua língua contornava o biquinho já enrijecido e sugava com intensidade arranjando gemidos incontidos de mim, desejei que ela me jogasse sobre aquela mesa e fizesse o que eu estava querendo há dias, sua cabeça entre minhas pernas, eu queria ela debruçada sobre mim de novo, explorando aquela parte que desejava ardentemente seu toque. Oh, céus, como eu queria essa mulher.

Quando ela se afastou de mim, estava tensa e toda aquela voracidade tinha se dissipado. A preocupação agora estampava o seu rosto.

— O que aconteceu, Suzana, está tudo bem?

Ela se virou para mim, me encarando, então começou:

— Lembra daquela vez que ficamos na biblioteca? — Como eu poderia me esquecer, não conseguia, não enquanto aquela visão de Suzana sobre minhas pernas me fazia enlouquecer debaixo dos lençóis durante a noite, ardendo de desejo por ela, para tê-la ali de novo.

Queria que sua língua me provasse outra vez, que meu gosto ficasse em sua boca mais uma vez. Enquanto eu imaginava e atingia o ápice pensando nela todas as noites, cheguei a uma conclusão, eu estava amando aquela mulher, eu a queria para sempre, para o inferno que eu só tinha 18 anos, pro inferno que meus pais me odiariam por isso. Nada disso importava. Se eu tivesse que lutar por ela, eu lutaria. Eu a amo, e tudo que mais quero é poder ficar com ela.

Suzana continuou a falar, a tensão estampava seu rosto.

— A pessoa que nos viu naquele dia foi a Olívia. — Olívia, eu já havia ouvido seu nome antes, mas não recordava seu rosto. Por um momento eu fiquei com aquele nome pairando em minha mente, tentei puxar alguma memória distante, então eu me lembrei. Ela era aquela moça que se apresentou para mim e minhas amigas no dia em que Julieta havia se desentendido com Matias.

Fazia bastante tempo que não falava com ela, talvez ela tivesse me dado alguns sorrisos gentis em alguns momento, mas não nos falávamos.

Suzana passou a mão esquerda sobre a têmpora. — O pai dela foi meu chefe durante um estágio que fiz em sua agência. Ele costumava dar em cima de mim. Pedia para ficar comigo. Eu tinha apenas 18 anos, sempre dizia que não queria, que ele era meu chefe e era casado. Sua esposa era maravilhosa comigo. Houve algumas vezes em que me chamou para almoçar em sua casa, sempre relutante, era difícil ter que ir até lá e encará-la diante de tudo que estava acontecendo. Ela realmente não merecia aquilo, não mesmo. — Suzana escorou-se em uma mesa que estava próxima à janela. — Mas tudo se complicou depois que conheci Olívia. Em uma dessas vezes que fui a casa dela, aconteceu algo muito constrangedor. Estávamos na mesa de jantar, quando a dona Regina pediu para que eu fosse até o quarto de Olívia chamá-la para jantar, mas quando bati na porta e ela não apareceu, entrei e vi que ela estava só de toalha. Pedi licença para entrar e ela concedeu. Lembro que naquele dia ela me estudou da cabeça aos pés e disse:

— Você deve ser a secretária do meu pai. — Nesse momento ela me estudou da cabeça aos pés. — Muito prazer, eu sou a Olívia. — Estendeu as mãos para mim e eu a apertei.

— Muito prazer, sou a Suzana.

Ela me estudava com um olhar sugestivo. Como estava ficando cada vez mais constrangida com aquilo, resolvi voltar para a sala de jantar. Entre risos e conversas, Olívia desceu, sentou à mesa de frente para mim. Em alguns momentos notava que ela ficava me estudando. Naquela noite, deu uma chuva bem forte, e como estava um pouco tarde, não havia como chamar um táxi, logo, dona Regina sugeriu que eu dormisse lá mesmo. A princípio fiquei um pouco sem jeito, mas não tive outra alternativa. Ela disse que eu poderia dormir no quanto de Olívia, pois o quanto de hóspedes estava bem desarrumado.

Então, fomos dormir, Olívia ficou na sua cama e eu dormi em uma cama improvisada ao lado. Olívia começou a fazer perguntas sobre minha vida, sobre quem eu era, o que gostava de fazer, e então ela se aproximou de mim, muito perto, me olhando nos olhos e disse que me achava muito bonita. Eu me senti desconfortável com aquela situação, e disse a ela que era melhor ela dormir e deixarmos para conversar no dia seguinte.

Ela se afastou um pouco, mas não parou por aí. Durante a noite, acordei com ela tentando me beijar, me tocar. Eu me afastei rapidamente, disse a ela que aquilo não era correto, que ela estava confundindo as coisas. Ela se desculpou, disse que não sabia o que estava fazendo e que estava confusa, então pediu para eu não contar a ninguém o que havia acontecido. Eu não queria causar nenhum problema, então prometi que não falaria nada.

Mas desde aquele dia, Olívia sempre ficou me seguindo, tentando se aproximar, me tocando quando podia. Eu sempre a evitava, mas ela simplesmente não desistia. E agora, depois que ela nos viu na biblioteca, estou com medo do que ela possa fazer.

Eu olhava para Suzana, vendo a preocupação estampada em seu rosto, e então percebi que ela estava verdadeiramente assustada com a situação. Olívia era uma pessoa perigosa, estava obcecada por ela, e poderia fazer qualquer coisa para atrapalhar nossa relação, e para me prejudicar.

Eu precisava ser forte, precisava proteger Suzana, precisava enfrentar Olívia e mostrar que eu estava ao lado dela. Eu a abracei, a confortando, prometendo que estaria ao seu lado, que juntas poderíamos enfrentar qualquer coisa. E assim  nos beijamos novamente, com toda a paixão e intensidade que nos consumia, mas também com um sentimento de proteção e união. Estávamos juntas, e nada poderia nos separar.

E assim, naquela sala dos professores, com todas as incertezas e perigos ao nosso redor, eu senti uma certeza absoluta em meu coração: Eu amava Suzana, e estava disposta a lutar por esse amor, não importando quais fossem os obstáculos. Juntas éramos mais fortes, e nada poderia nos deter.

Loucuras Do AmorOnde histórias criam vida. Descubra agora