Acordar.
Trabalhar.
Voltar pra casa.
Dormir.
E isso em um ciclo.
As vezes, nem os fins de semana significavam descanso para o jovem Yuta Okkotsu, que tendo apenas 29 anos, já chegara ao posto de Diretor-chefe da sessão administrativa, do escritório em que trabalhava.
Mas não é como se ele se incomodasse muito, mesmo em seus dias mais ociosos, ele não saía de casa, a não ser para uma caminhada, e por necessidade de fazer compras. Afinal, sair para passear pode ser um tanto deprimente, quando se está sozinho.
Yuta não tinha contato com seus velhos amigos, e muito menos havia feito novos. O estresse do ambiente de trabalho fazia com que Yuta, por mais razoável que tentasse ser o tempo todo, fosse mal visto pelos funcionários. Diziam que era um "chefe muito intenso, de aparência assustadora".
Mas que culpa ele tinha, se seu rosto não agradava aos outros?E ainda assim, ele sentia vergonha de si mesmo, e tentava esconder seu rosto do resto do mundo, quando não necessário. Isso o afetava com certeza, constantemente ele se dava conta de estava chorando, sem perceber. Mas ele não tinha tempo para lidar com isso, não, ele tinha que trabalhar, ele tinha que compensar sua incapacidade de viver socialmente, contribuindo de alguma forma, pensava ele.
Por isso, ele acordava todos os dias, ia trabalhar com um enorme sorriso falso estampando seu rosto, que não agradava à ninguém, e assim seguia sua vida.
15/02/20XX. esse foi o dia em que sua vida mudou pra sempre. Ele acordou, tomou um banho demorado, escovou seus dentes, penteou seu cabelo enquanto aproveitava o espelho para ensaiar como seria seu sorriso dessa vez, se vestiu, seu melhor terno. Saiu de casa, sem pressa, caminhava calmamente, seu olhar sempre focado em seus pés e na calçada. Constantemente via outros pés passando por ele, em direção contrária, e estremecia, só com a possibilidade de fazer qualquer tipo de contato com as pessoas à sua volta.
- Moço! - uma voz à sua direita o chamou. Yuta arregalou os olhos como nunca em sua vida, e pôde observar uma garota, evidentemente mais jovem, usava uniforme de colegial. - Moço, eu estou vendendo esses chocolates para ajudar em meu projeto, o senhor poderia me ajudar comprando um?
Yuta encarou a cestinha de chocolates, que a garota levava à mão, e pensou por um tempo, em que palavras poderia encontrar, se comunicar com alguém que nunca vira era complicado.
- Oh, ah... É claro! - O garoto retirou a carteira de seu bolso, e observou todas as notas de dinheiro que haviam lá dentro. Obviamente seu cargo pagava muito bem, então dinheiro não lhe era problema. O problema é que levava um tanto de sua felicidade em troca. Por fim, pareceu decidido ao encarar a própria carteira por alguns segundos - Olha só, ajudaria se eu levasse todos?
A garota arregalou os olhos, que pareciam um tanto marejados, e um sorriso surgiu no seu rosto
- Você... Está falando sério, moço?
- Ah, sim! Eu já tive minha época do colégio também, sabe? Fico feliz em poder ajudar! - Yuta deu um sorriso nostálgico - Ah, se eu pagar uma nota a mais, você deixa eu levar a cesta também? Vai ser dureza de levar todos na minha bolsa. - Ele deu um sorriso, a garota deu risada. Arrancar um sorriso genuíno de alguém, por mais simples que fosse, alegrou a manhã cinzenta de Yuta como nunca outra.
A garota acenou para Yuta, ainda radiante de felicidade, e saiu correndo na direção oposta, provavelmente indo para a escola, um sinal escolar podia ser ouvido ao longe.
Ele então, retomou seu caminho, no entanto uma pequena olhada em seu relógio o fez acelerar o passo. Estava atrasado!
Correu, o máximo que pôde, e chegou às portas do prédio onde trabalhava ofegante, e precisou de uma parada para descansar, antes de empurrar a porta e adentrar o local. Comprimentou a recepcionista, uma moça elegante, que hoje usava um blazer azul escuro enfeitado, e um batom de mesma cor.
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Negócios de Família
FanfictionYuta Okkotsu, o diretor-chefe da sessão de administração de um escritório, vive uma vida mais do que normal, poderia até se dizer tediosa. Quando terminou a escola, foi obrigado por seus pais a focar unicamente nos estudos, por isso, apesar de bem s...