Capítulo 4: Zenin e Okkotsu Contra o Mundo

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Acordar.

Trabalhar.

Voltar pra casa.

Dormir.

Essa um dia já foi a rotina de Yuta Okkotsu. Mas um dia foi o suficiente para mudar tudo.

Em dias normais, Yuta acordava. Escovava os dentes, fitava o espelho por longos minutos, observando a própria expressão de derrota, bem como as fundas olheiras que ganhara. Mas hoje, hoje foi diferente.

O garoto parou de frente ao espelho, apoiando as mãos nas bordas da pia do banheiro. Observou atentamente a si próprio, do rosto, até uma parte de sua cintura, que era o limite que o ângulo em que olhava para o espelho lhe permitia. Soltou um pesado suspiro. Sentiu medo, muito medo, da decisão que tomara. Mas então, ao olhar novamente para o espelho, esse medo sumiu.

Uma Maki sonolenta entrara também, logo atrás dele, esfregando um de seus olhos. Ainda estava sem óculos. Andou até Yuta, e lhe deu um abraço por trás, descansando a cabeça sob seus ombros.

"É mesmo, eu não preciso ter medo." pensou. "ela está aqui também."

- Yuta, vai demorar? Eu preciso usar o banheiro... - disse Maki, com uma voz sonolenta, disse dando um pequeno beijinho na nuca do garoto, que a esse ponto, estava forrada de marcas vermelhas, e até mesmo algumas aparentes mordidas.

- AH! Foi mal, eu tava enrolando aqui. Pode usar, tô saindo! - esboçou um sorriso e saiu, fechando a porta atrás de si.

Seu próximo passo foi caminhar até o armário de roupas.

O relógio em sua cômoda marcava 08:30 AM. Yuta encarou esse horário com uma certa angústia. Em meia hora, deveria estar em sua sala, no escritório. Mas será... Será que ele queria mesmo voltar pra lá? Depois de tudo?

De um dos cabides, retirou uma camisa social, a qual já havia separada uma gravata, pendurada à gola.

Mas Yuta sentiu uma repulsa ao pegá-la na mão.

O motivo pelo qual Yuta continuava trabalhando naquele lugar, era porque acreditava que para ser feliz, deveria ser socialmente aceito, bem sucedido, reconhecido. Mas reencontrar Maki o fez perceber que não era nada disso. Tudo que ele precisava para ser feliz estava ali, bem na sua frente, e era a garota. E isso o fez perder a vontade de continuar vivendo a sua vida onde não era feliz.

Ele largou a camisa e a gravata em cima da cama, olhando fixamente para elas, com uma expressão mista de desgosto com incerteza.

"Afinal, do que você está indeciso? Por que está hesitando? Você vai escolher a Maki, acima de tudo. Isso que é viver."

Yuta deixou um sorriso escapar, e então se sentou na cama, sem se importar se isso estaria amarrotando seu precioso uniforme de trabalho, e pegou a guitarra, que ainda estava de pé por seu pedestal, próximo à cama.

E então, dedilhando algumas notas aleatórias, começou a tocar uma melodia que saia de sua mente. A música autoral foi aos poucos se tornando o ritmo de Still Into You.

- FALA SÉRIO! - Yuta ouviu um grito vindo do banheiro, de extrema empolgação - EU AMO TANTO ESSA MÚSICA! AMO AMO AMO AMO!!! - Maki pareceu derrubar alguma coisa dentro do banheiro, o que fez um barulhão - EITA!!!

Yuta deu uma longa risada, e então continuou a música até o final. No meio da música, Maki saiu do banheiro, e se sentou ao lado de Yuta na cama, se balançando empolgadamente.

- Não sabia que você gostava de Paramore, Maki! - e deu uma risadinha, o garoto. - Mas parando pra pensar, é a sua cara!

Maki sorriu:

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