Negócios de Família

Capítulo 8: Para Todo o Sempre

"Yuta... Ah... Então... Você vai se mudar pra outro distrito de Tokyo pra estudar...? Ah... Eu... Entendi, tudo bem, eu entendi... Eu espero que a gente possa se ver denovo, tá legal? Eu... Vou sentir muito sua falta. Muito mesmo. Tchau."

Os olhos de Yuta abriram, em desespero

- NÃO!! EU NÃO VOU PRA LUGAR NENHUM-

E então, suspirou fundo.

Havia sido um sonho, somente um sonho com uma memória infeliz. Acabara de perceber o quão desanimada estava a voz de Maki, no último dia do ensino médio. Essa lembrança lhe doeu, no fundo do peito.

Teve de piscar algumas vezes para assimilar o lugar onde estava. Estava deitado, e sentia que usava uma roupa... Extremamente arejada.

Não era para menos, usava um roupão de hospital, e se encontrava deitado em uma maca. Passou a mão em sua barriga, e sentiu um volume, provavelmente de um curativo.

Iria levantar seu roupão para olhar em qual situação estava, quando foi surpreendido por uma voz.

- Não recomendo que faça isso, não acho que você esteja exatamente vestido, aí embaixo. - era a voz de Maki Zenin.

Os olhos de Yuta se encheram de lágrimas quando ouviu a voz. Não mais chateada como em seu sonho, mas com a confiança que tanto amava ouvir.

- Maki! Você tá bem?! - Yuta pronunciou, com voz chorosa.

- Eu quem deveria te fazer essa pergunta, garotão. Você ficou dois dias inteiros apagado, se esforçou bastante.

Yuta massageou a cabeça... Então realmente tinha ficado inconsciente por dois dias?

Agora, tentava organizar os pensamentos, as lembranças... Pouco conseguia puxar de sua memória, de depois de ter sido esfaqueado.

Mas então, começou a olhar em volta, a procura de Maki. Ao olhar para seu lado direito, viu uma divisória de tecido, entre sua maca e a em que Maki estava, nesse momento (conforme o garoto podia ver em sua silhueta) sentada.

- Eu tô... Tão feliz que você esteja bem, Maki.. De verdade, eu estive tão... Tão preocupado... Se eu te perdesse, eu juro, eu não sei o que eu seria capaz de fazer! Agora, por que não tiram essa divisória aqui? Vem, eu quero olhar pra você!

...

Um silêncio súbito tomou ao quarto.

Yuta engoliu em seco, não entendeu o porquê, mas sentiu um ar sério tomar conta do ambiente.

- Maki...? Você tá... Aí..? - arriscou.

- E se... E se a resposta for não, Yuta? O que você vai fazer? - a voz da garota soou amuada. Quase no mesmo tom que Yuta ouvira há pouco enquanto dormia. E isso apertou seu coração.

- Bem, eu fui atrás de você uma vez, não fui? Eu iria denovo, se necessário. - Yuta disse com firmeza.

Mais um período de silêncio tomou a sala. Era visível a mescla de sentimentos no ar.

- Yuta...

O garoto piscou, suspirou fundo. Estava preparado para o que viesse por aí.

- Estou aqui, Maki. - respondeu.

- Você seria capaz de amar algo, até quando estiver em seus piores estados?

Não era preciso pensar muito para entender que Maki estava insegura sobre algo. Estava declarando que ela própria estivesse em seu pior estado, talvez? Yuta não entendeu, para ele nada do que ela falava parecia fazer o menor sentido.