Piquenique

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Pov. Nico

O episódio com a agulha foi realmente vergonhoso, eu admito, mas eu odeio agulhas mais que qualquer coisa! Não suporto aquela dor fina e o líquido sendo injetado em mim, tenho pânico daquilo, mas com Will aplicando não foi tão ruim assim. Na verdade eu estava descobrindo que na companhia de Will nada era insuportável. Talvez eu tenho demorado um pouco a me afastar dele, mas é que Will Solace é tão quente que me faz querer tocá-lo, por mais constrangedor que seja, eu quero tocá-lo, quero abraçá-lo, deuses, eu só posso estar louco mesmo, Will Solace nunca olharia pra mim dessa forma, com ou sem predestinação.

- Com fome? - O loiro perguntou se aproximando e me tirando dos devaneios.

- Sim, por incrível que pareça. - Tentei sorri mais meu maxilar doeu.

- Bom, eu preparei uma cesta de comida. - ele apontou o objeto que eu não tinha visto ainda. - Pensei que – ele engoliu seco – bem, que talvez....

- Pare de enrolar Solace. - Perdi a paciência com tantas voltas.

- Você gostaria de almoçar comigo? Digo, não aqui num piquenique perto da clareira. Assim você pode aproveitar e tomar um banho de sol também, ainda está muito pálido. - Ele estava bem nervoso e eu gostei disso por algum motivo.

- Adoraria almoçar com você Solace. - Baixei os olhos porque o sorriso de Will me fez querer ri também.

- Então vamos, eu já preparei tudo. - Ele disse sem jeito o que eu achei muito fofo.

Saímos daquela lugar quase todo branco e demos de cara com um sol de arrancar a pele, mas por Zeus estava ventando bastante o que amenizava o calor daquele dia.

- Onde esteve? - Perguntei enquanto caminhávamos.

- Fui até a casa grande encontrar Quiron, a porção de cura está quase pronta e quando estiver é provável que ela ajude você a recuperar de vez suas antigas memórias. - Will falou devagar como que para ver a minha reação. Parei imediatamente de caminhar e o fitei, seus olhos se arregalaram um pouco em espanto e ele fixou os olhos em mim.

- M-minhas memórias? Você fez a porção por minha causa?

- Na verdade essa porção está sendo desenvolvida por mim e por Quiron, ele tinha os ingredientes e eu sabia como preparar, graças a uma benção de Apolo ela deu certo, está recebendo os toques finais segundo o centauro. E, sim, essa porção foi feita pensando muito em você e em outras possíveis curas, claro. - Eu não sabia o que falar depois daquilo, aquele garoto tinha feito mais coisas por mim do que sequer eu conseguia imaginar!

- Will, deuses, obrigado. Eu não sei o que dizer, apenas obrigado por tudo, por existir! Por estar aqui agora, comigo e... - ele me interrompeu.

- Você salvou a minha vida, isso mais do que qualquer coisa que eu faça. Agora vamos meu anjo. - Ele finalizou me puxando pela mão.

Definitivamente ele tinha adotado o apelido que minha mãe me dera e eu aprovava isso, na verdade eu amava isso, era íntimo e bom de ouvir na voz doce dele. Eu teria mais essa semana inteira com Will na enfermaria e depois disso eu poderia voltar para o meu próprio chalé e ser cuidado de lá, ele me fez algumas exigências com não usar meu poderes por um mês, passar todos os dias na enfermaria para vê-lo e não ficar longe por muito tempo. Ele era tão fofo que ainda mais quando falava essas coisas sem ter a mínima noção do que elas causavam em mim.

Caminhamos até chegar ao local que Will tinha planejado, era uma clareira que ficava de frente para os campos de morango com uma vista linda para o pinheiro de Thalia. Perfeito pra mim. Will parecia nervoso e um pouco tenso o que não era a cara dele, sempre descontraído e risonho. Resolvi fazer algo que eu não costumo e nem sei direito: puxar papo e conversar sobre.

- Tudo bem Solace? Você parece distante... - Deixei ele a vontade para responder ou não e fui estender a toalha no chão.

Will me ajudou em silêncio e parecia querer falar, mas tinha dúvidas? Eu não sei bem puxar assunto, mas aprendi a ler emoções e expressões corporal e a dele gritava tenso!

- Desculpe – ele, finalmente, falou ao sentar na toalha ao meu lado – eu só tenho receio que depois dessa última semana na enfermaria você simplesmente suma da minha vida e não queira mais ser meu amigo ou estar perto de mim, sei lá, desculpe, eu não quero ser chato ou possessivo, é que você demorou pra ficar e agora eu to inseguro e... - Will parecia uma metralhadora! Sabe quando uma represa arrebenta? Era exatamente como ele estava agora, despejando palavras carregadas de sentimentos.

- Ei - me aproximei mais dele encostando na mesma árvore em que ele estava, nossos ombros se tocavam de leve e o vento passava por nós trazendo o cheiro dele misturado a tudo ali, morangos, flores e comida. Eu não costumo tocar as pessoas, mas Will me atraía como um imã. Esse sentimento era novo pra mim, o desejo insaciável por tocá-lo. E obedecendo aos meus instintos e indo contra toda a minha vergonha e timidez eu toquei seus dedos quentes, longos e macios apertando-os e envolvendo-os com carinho. Will logo cedeu ao meu toque e entrelaçou seus dedos aos meus parecendo relaxar. – Não tenha medo Solace. Eu não vou abandonar você. Eu – soltei o ar com força e respirei fundo – não sei se consigo definir o que está acontecendo dentro de mim, mas deuses, eu não quero ficar longe de você, na verdade eu não sei se consigo ficar longe de você novamente Will. É muito difícil pra mim assumir meus sentimentos, mas – eu encarei seus olhos azuis brilhantes e limpos que agora estavam cheios de lágrimas – eu gosto de você mais do que eu consigo explicar. – Consegui dizer tudo que tava entalado na minha garganta há dias e me senti feliz por assumir meus sentimentos para ele. Limpei as lágrimas do rosto dele e o vi sorri.

– Nico você é mesmo um anjo. – E assim, de repente o mesmo Will estava de volta, sorrindo e sendo carinhoso como sempre. – Eu sei exatamente o que sinto por você Di Ângelo, mas não quero assustá-lo com meus sentimentos, o problema é que não consigo mais ficar perto de você e controlar o impulso de fazer isso...

Não me dei conta do que Will iria fazer até que senti seus lábios quentes e molhados tocarem os meus. Fiquei estático por alguns segundos, não correspondi, não respirei, não acreditei. Depois do susto eu finalmente consegui corresponder ao beijo e dei passagem a língua macia dele. Will inclinou o corpo na minha direção e pôs uma mão na minha nuca acariciando minha pele e fazendo tudo em mim formigar, ele me puxava levemente aprofundando o beijo e as vezes enrolava os dedos nos meus cabelos que já estavam nos ombros. Confesso que esse foi o meu primeiro beijo de língua e acho que não fui tão ruim assim, pelo menos consegui retribuir sem parecer estar me afogando. Will foi gentil e paciente me deixando manter o ritmo e aprender os movimentos. Ele, nitidamente, degustava minha língua e cada canto da minha boca. O beijo dele era viciante e enlouquecedor, a pressão nos meus ouvidos diminuiu a medida que eu seguia os movimentos de Will e o ar foi exigido pelos meus pulmões me obrigando a afastar-se da boca incrível do meu Raio de sol.

Nos separamos e eu pude ver Will abrir os olhos devagar enquanto um sorriso aberto se formava em seus lábios, agora inchados.

- Deuses, Nico! Nunca imaginei provar algo tão delicioso em todo a minha vida. - Ele disse me fazendo virar um tomate instantaneamente.

- Que bom que gostou porque foi realmente um prazer aprender a beijar de língua com você. - Falei enterrando meu rosto nas mãos.

- Oh meu santo Apolo! Nico você é tão maravilhoso – ele sussurrou pra mim -, não sinta vergonha por isso você foi incrível, seu gosto é único mio angelo.

- Solace você está me deixando com muito vergonha agora.

- Desculpe – ele deu um risinho nervoso. Desculpe mesmo por beijá-lo assim sem avisos, mas é que não consigo mais Nico. - Ele de repente pareceu triste o que partiu meu coração. - Não quero perder você e não queria perder a chance de falar o que sinto. Eu precisava mostrá-lo que eu estou aqui por você, apenas por você.

Solangelo para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora