Corrida de bigas I

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Pov. Nico

Ficamos três dias imersos numa completa loucura que era construir uma biga. Preciso confessar que sem a ajuda de Harley não teríamos conseguido nada. Will era bem melhor em trabalhos manuais do que eu, mas eu invoquei um zumbi construtor para me auxiliar, mesmo ele brigando comigo por isso.

– Nico a biga está quase pronta, mas temos um problema. – Harley falou desanimado. Ele era um garoto muito elétrico e alegre ao mesmo tempo, vê-lo triste era doloroso.

– Qual problema pirralho. – Harley, por algum motivo, se tornou muito próximo a mim e ganhou minha amizade. Will se aproximou de nós e desabou sentando-se no chão descansando. Ele parecia tão irresistível suado e todo sujo de graxa, mas me obriguei a expulsar esses pensamentos da minha cabeça e dei atenção ao garoto menor.

– Senhor Di Angelo – o zumbi chamado Fran Dotoesvik, morto durante a construção de um dos maiores navios guerrilheiros da Grécia, me chamou – finalizei o meu serviço, posso voltar para o meu repouso?

– Claro. Senhor Dotoesvik, descansar! – Ordenei e ele se desfez em pleno ar.

– Parece que não temos tempo para construir cavalos mecânicos. – Ele respondeu fazendo bico, Harley tinha sete anos e possuía uma áurea de pura inocência, era um construtor fascinante e muito poderoso agora que descobriu também ser imune ao fogo e poder convocá-lo. Me assustava um pouco pensar nele invocando chamas assim como o irmão mais velho, Léo, afinal ele era só um bebê.

– Isso é mesmo um problema, o que vamos fazer agora Nico? – Will perguntou preocupado e eu adorava ver o quanto ele ficava fofo assim. Tive que me segurar para não beijá-lo ali mesmo na frente de Harley. Estávamos atrás do Bunker 9, pois não podíamos ficar dentro já que o chalé de Hefesto estava trabalhando lá, mas não podíamos ficar muito longe por contas das ferramentas que Harley precisa a cada segundo.

– Eu tenho a solução. – Falei calmo e os olhos de Harley brilharam.

– O que você vai fazer Nico? – Ele perguntou dando pulos ao meu lado e eu fiquei preparado para caso ele entrasse em chamas.

– Harley controle-se! Você não pode entrar em chamas agora! Precisa primeiro aprender a controlar seu poder, por isso não fique tão animado assim! – Will brigou cruzando os braços no peito.

– Desculpe Will, não quero machucá-los. É que quero muito saber o que o Di Angelo vai fazer! – Ele voltou a pular – Por favor, diga, diga, diga....

– Tudo bem, acalme-se. – Pedi. – Me abaixei ficando na altura dele. – Você lembra que os deuses também têm bigas?

– Sim... – ele disse com expectativa.

– A biga de Hades é puxada por cavalhos de pura sombra, pensei em convocar dois. – Expliquei.

– Di Ângelo! Você disse que ia usar seus poderes apenas quando fossem estritamente necessários! – Will berrou atrás de mim fazendo Harley se encolher. – Você não pode! Não vai se matar na minha frente! – Ele continuava gritando.

– Harley você pode ir até o bunker 9 buscar umas amarras para fixarmos as correias dos cavalos, por favor? – ele pareceu confuso, olhando de mim para Will, mas obedeceu.

Will estava irritado atrás de mim e mesmo sem olhá-lo eu sabia qual era a expressão dele, ele sempre ficava vermelho e franzia o cenho cruzando os braços em seguida. Virei para ele o encontrado da forma como eu acabei de descrever e foi muito difícil segurar o riso. Dei poucos passos na direção dele e toquei seu rosto com as duas mãos. Will desfez a carranca e fechou os olhos expirando o ar com força pelo nariz.

Solangelo para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora