A cura

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Pov. Nico

– Acalme-se garoto, eu vim em paz. – ele deu alguns passos e os quatro formaram um circulo a volta de mim. – Parece que você finalmente venceu o medo, a vergonha e o ódio, não é mesmo? Seu amado Will está agora mesmo em estado grave, o tumor é maligno e não há cura. – Ele disse triste e eu chorei, choraminguei. – Mas você saiu em busca de socorro e encontrou a fonte da luz e das sombras, Apolo e Hades. – Todos se encararam por alguns segundos. – Sabe garoto, naquele dia minha intenção não era matá-lo eu estava apenas ensinando a você como o amor acontece. Não se pode me vencer se escondendo, o amor incomoda, dói, alucina... – ele me rodeava enquanto falava – por amor homens e mulheres matam e morrem diariamente, o amor movimenta o mundo. Ninguém faz nada sem amor, até mesmo na guerra se tem amor. Ninguém vai a guerra sem amar algo ou alguém. Não se pode viver sem amor, isso é vegetar. E Will sabe disso. Desde muito jovem ele fez escolhas e fez isso por amor, a você. – Cupido me deu a mão e a segurei ficando de pé. – Por amor, Hades raptou Perséfone, por amor ele mesmo abandonou a ira e protegeu você, por amor Favônio fez Apolo errar o alvo e acertar Jacinto, o amor da sua vida, e matá-lo. Por amor seus amigos fizeram coisas grandiosas, e por amor você está aqui agora, arriscando tudo, se oferecendo em troca da vida de Will. – Cupido parecia emocionado – Por amor você, com a ajuda de seu pai, encontrou Apolo e foi exatamente por conta desse amor que eu estou aqui. Você finalmente me venceu, Nico, seu amor por Will quebrou todas as barreiras que te impediam de ser feliz e nesse quase um ano que vocês estão juntos você conheceu a felicidade de perto. – E finalizou a conversa e assim, do nada, ele desapareceu.

Encarei as três figuras diante de mim e me concentrei em Apolo.

– Por favor Apolo... – Tentei mais uma vez.

– Eu vou Nico. Eu vou porque Will não pode morrer tão jovem e vocês merecem uma chance. Há muito tempo eu queria ter dado essa chance ao meu amado Jacinto, mas todos me proibiram, ninguém me deixou salvá-lo... – Ele confessou triste – Você amadureceu Nico – ele sorriu parecendo mais velho e cansado do que ee me lembrava – , e é por causa desse amor eu vou.

– Mas, e Zeus? – Jacinto perguntou.

– Se ele me encontrar eu aceito a punição – ele encarou Jacinto e sorriu – , mas prometo que venho vê-lo sempre que puder.

– Tudo bem, eu vou esperá-lo. – Ele sorriu e se distanciou de nós.

– Vamos garoto, vamos salvar meu filho. – Apolo me deu as mãos e nós três mergulhamos nas sombras.

Chegamos ao hospital e Naomi quase desmaiou ao ver Apolo. Quiron ainda estava com ela e Will permanecia sedado para conter a dor.

– Oi Naomi, você continua incrível como sempre. – ele disse e ela sorriu atingindo tons de escarlate.

– É bom ver você Apolo. Por favor salve Will da mesma forma que me salvou. – ela pediu chorosa.

– Viemos aqui para isso. – ele respondeu e encarou Quiron. – Olá meu velho amigo.

– Você sabe que está se arriscando, não sabe? – Quiron perguntou e eu me enfureci, afinal ele estava ou não do meu lado?

– Sei, mas não importa. Will sempre foi um bom filho e me obedeceu em tudo, eu não podia vê-lo morrer sem fazer nada e tem Nico e o amor deles, você sabe, um casal de garotos apaixonados amolece qualquer coração.

– Will é mesmo um bom garoto. – Quiron divagou sorrindo.

– Devemos nos apressar, a áurea de vida de Will está muito fraca, ele está quase.... – Meu pai nem precisou terminar a frase, eu segurei ele e Apolo pela mão e guiei até o quarto de Will.

De alguma forma passamos pelas pessoas e eles não nos interromperam, seguindo a áurea de Will chegamos até um quarto no final do corredor, a janela de vidro me permitiu ver meu garoto todo cheio de fios e aparelhos em volta dele. Ele parecia em paz, tive vontade de correr para ele e beijá-lo e abraçá-lo até que ele desperta-se, mas eu sabia que não era o correto a se fazer.

Primeiro meu pai pôs uma mão sobre o rosto de Will e uma sombra se rastejou até o chão desaparecendo em seguida, depois Apolo tocou o rosto do filho e cantou um cântico triste e curto, máquinas começaram a apitar de forma ritmada e mais forte, o peito de Will subiu e desceu em urgência, suas pálpebras tremeram e me vi encarando o azul celeste dos olhos do meu amor.

– Will... – choraminguei e me joguei nos braços dele.

O loiro se livrou dos fios e me abraçou de volta chorando. Nossos pais nos olhavam em expectativa, mas esperando o nosso momento terminar.

– Você não vai se livrar de mim assim tão fácil, Solace. – Brinquei ele me deu um soquinho no ombro. – Eu amo você Raio de sol.

– Eu te amo, meu anjo, obrigado por me trazer de volta. – Will disse limpando o rosto e alguém temperou a garganta chamando a nossa atenção.

– Bem, eu acho que também mereço um pouco de crédito. – Apolo disse encarando a mão e parecendo... tímido?

– Quem sabe um obrigado? – Hades resmungou baixo e nós dois sorrimos.

– Desculpe-me senhores, muito obrigado aos dois, tenho certeza que sem vocês Nico não teria conseguido. – Will agradeceu formalmente e os dois sorriram balançando a cabeça.

– Muito bem, agora que o senhor está acordado e saudável eu preciso ir antes que... – um trovão muito alto pode ser ouvido por nós cortando a fala de Apolo. – ele me achou, tchau filho, tchau Nico, cuidem-se um do outro. Adeus Hades. – Um segundo trovão cortou o céu e Apolo sumiu deixando uma brisa de purpurina no ar.

– Apolo... – Meu pai disse baixo. – Meu filho eu também já estou indo, juízo os dois. Quem sabe eu não possa ajudar Apolo de alguma forma. – E desapareceu diante de nós numa poça de escuridão.

– Meu pai... Zeus vai castigá-lo... – Will sussurrou triste. – Ele se arriscou pra me salvar e agora...

– Ei, fique calmo. – Eu disse sentando na maca e abraçando ele que chorava. – Apolo sabia dos riscos e ele aceitou o castigo, seu pai é imortal, ele ficará bem. Eu estou muito feliz que você voltou amor.

– Nico, deuses, eu pensei que nunca mais fosse vê-lo. – ele chorou de novo. – Pensei que nunca mais fosse sentir você ou tocá-lo. – Will fungou me puxando e me abraçando com mais força. – Obrigado por me amar assim.

– Não é como se eu pudesse controlar. – Comentei e sorri. – Vamos sair daqui agora, Naomi está muito preocupada.

– Céus! Ela deve estra mesmo, vamos.

Will ainda vestia a camisola do hospital quando entramos na van do acampamento. Naomi insistiu para que nós ficássemos com ela, mas Will preferiu voltar ao acampamento. Ela aceitou a decisão dele mesmo a contra gosto, deixou o convite em aberto e disse estar orgulhosa do filho dela estudar medicina, Quiron contou a ela sobre os nosso planos para Nova Roma, ela nos deu a sua benção e foi embora para casa.

Will teve alta deixando os médicos sem entender nada, mas Quiron usou a névoa para ludibriá-los. Chegamos ao acampamento uma hora depois, o trânsito em Manhattan estava bem agitado e Argos dirigia com cuidado.

Depois de cruzarmos a fronteiras caminhávamos devagar, eu poderia carregá-lo nos braços, mas ele se recusou.

– Você precisa descansar Will! – Eu resmunguei.

– Meu anjo eu estou bem, não precisa se preocupar tanto. Eu posso ir andando, juro. – Ele falou calmo e eu fiz um muxoxo em desgosto.

– Senhor Di Ângelo creio que o Senhor Solace está falando a verdade. Você se saiu muito bem salvando-o hoje, obrigado por isso, Will é um semideus poderoso e um campista valioso. – Quiron agradeceu nos deixando a sós e foi na direção da casa grande.

– Dormi comigo? – Pedi fazendo um pouco de bico e meu Raio de sol sorriu entrelaçando nossos dedos.

Solangelo para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora