Revelações

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Pov. Nico

Sai do banheiro e Will estava novamente no escritório dele, estudando. Era lindo como ele se dedicava a medicina, ao que ele amava fazer. Fiquei ali parado na porta sem querer atrapalhá-lo e lembrei do sonho com meu pai, lembrei que ele falou sobre a minha mãe de uma forma tão natural e carinhosa como se ela fosse sua esposa e ainda estivesse viva. Viajei naquelas lembranças e em todas as outras que eu tinha conseguido recuperar ao longos dos anos, lembrei de Bianca cuidando de mim, lembrei da visão da morte da minha mãe e lembrei do meu pai nos protegendo só me dei conta de que estava chorando quando senti dedos macios e quentes passearem pelo meu rosto o enxugando por mim.

- Nico... - a voz dele era tão suave e doce - O que aconteceu? Por que você está chorando? - eu queria afastá-lo, mas não o fiz, não tive forças e o toque dele era tão reconfortante como a sensação de voltar para casa que eu me vi aproveitando mais a maciez da pele dele.

- Lembranças... - Funguei. - Minha mãe, meu pai e Bianca.... Minha família... Não tenho mais ninguém Will, além de Hazel e meu pai.

- Não diga isso – ele me pegou nos braços quando solucei, eu queria lutar e revidar seu abraço, mas era tão bom que eu precisei me conter para não abraçá-lo de volta – você não está sozinho, você tem a mim, lembra? - Ele me ajudou a deitar e eu fechei os olhos secando algumas lágrimas.

- Desculpe não costumo ficar chorando pelos cantos, mas é que tive um sonho...

- E quem não tem esses malditos sonhos... - Will disse com se fosse um lamento e balançou a cabeça em sinal para eu continuar.

- Mas esse foi bom. - Ele agora estava sentando comigo na cama. - Com nunca foi antes... Meu pai me falou sobre a minha mãe, mencionou que ela me chamava de Mio Angelo – os olhos de Will se arregalaram.

- Você é italiano?

- Sou, assim como Bianca e minha mãe eram. Nascidos na capital da Itália. Morávamos lá antes de irmos para o Hotel e Cassino Lótus.

- Meu anjo. - Will pronunciou e sorriu. - Sempre gostei dessa língua, da pronúncia e da classe que ela tem. Então ela chamava você de meu anjo.

- Era. - Dei um meio sorriso de canto. - Parece idiota chorar por isso, mas é que nunca obtive respostas diretas do meu pai sobre a minha mãe e minhas lembranças ainda são nubladas e ele me falou que você era minha salvação. - Essa parte eu ocultei.

- Não é idiota, é lindo, era a sua família. E quanto as suas lembranças eu vou incluir no meu bloco de notas e vou começar uma pesquisa sobre como reverter o esquecimento provocado por aquele lugar horrível, acredito que tenha solução. Não é como o rio lete, certo?

- Certo, e mesmo o rio perde parcialmente seu efeito quando os fatos reais são revelados ao ser que teve a memória apagada. - Ficamos ali em silêncio por um tempo.

Will me trouxe outro cobertor, um mais grosso e mais macio, porque eu sentia muito frio a noite, e sentou-se novamente ao meu lado. Estávamos sozinhos agora, os dois garotos se recuperaram e voltaram para seus respectivos chalés e Lou Ellen estava bem depois do susto. Estávamos a meia luz e ele era lindo assim, na verdade me dei conta de que Will Solace era lindo de todos os jeitos.

- Você sempre dorme aqui? - Perguntei observando-o brincar com os cordões da sua bermuda, e então levantou o rosto me olhou e sorriu, eu me perguntava como ele conseguira fazer aquilo tantas vezes ao longo do dia.

- Não. Nunca dormir aqui antes, na verdade já passei noites em claro, mas dormi mesmo é a primeira vez. - A resposta dele me pegou totalmente de surpresa.

- Mas então, por quê? Por que agora Will? - Perguntei exasperado sentando na cama ficando frente a frente com ele.

- Porque você precisa de mim e eu não poderia ficar de olho em você durante a noite você estando no seu chalé ou eu no meu.

- Mas você deixou o conforto do seu chalé e a companhia dos seus irmãos pra simplesmente cuidar de mim... - minha cabeça estava girando, isso não era comum, não para mim, não por mim.

- Nico se acalme – ele me olhou preocupado -, você não pode se exaltar assim. Escute, eu fiquei por você, porque é você. Acho que preciso lhe contar algo. - Aquelas palavras me deixaram inquieto, apenas confirmei com a cabeça e me pus a ouvir.

Pov. Will

Tomei aquilo como um encorajamento e contei a ele a conversa que tive com meu pai. Nico foi um bom na verdade ele parecia tão confuso quanto eu fiquei durante todos esses anos.

- Você me esperou todos esses anos? - A voz dele estava carregada de incredulidade o que me fez ficar um pouco triste.

- Sim. Meu pai me falou que era importante curar não somente o exterior. - Eu poderia estar estar me precipitando ao contar aquilo, mas eu não era bom é esconder as coisas e eu acho que ele tinha o direito de saber. A expressão no rosto dele era de puro espanto.

- A-apolo lhe falou isso, pessoalmente?

- Sim.

- Will, o sonho que tive com meu pai, eu não contei ele todo. - As bochechas de Nico explodiram em tons de escarlate. - Tem uma parte sobre você.

- H-hades falou de mim?

- Sim. Ele disse que as parcas enviaram você para mim, para me salvar. - Ele estava visivelmente desconfortável por me confessar aquilo. - Me salvar da dor, do ódio, da decepção... Você Will é a minha salvação. - Ele soltou com um pesar, como se cuidar dele fosse um fardo terrível e abominável.

- Deixe-me ser seu amigo, ok? Eu não vou passar dos seus limites, eu só quero cuidar de você. - Pedi sincero e não pude evitar afastar o cabelo daqueles olhos fascinantes.

Nico era lindo e não fazia a menor ideia disso. Ela tentava se esconder naquelas roupas negras, nas jaqueta de couro, no cabelos sobre os rosto, mas nada disso funcionava, nada ocultava a sua beleza. Os olhos dele eram negros como a noite sem luar, obsidiana pura, fosca e forte. Eu me via preso a eles toda vez que o encarava, era difícil desviar por mais que eu visse o quanto ele se esforçava para expulsar meu olhar penetrante.

- Nico não se feche para mim – pedi. - Minhas mãos agora acariciavam seu rosto desenhando o formato da sua face e o contorno dos seus lábios.

- É difícil resistir ao impulso de espantar sua mão do meu rosto – ele disse e eu ri o fazendo ri em seguida.

- Deuses, como seu sorriso é lindo. - O rosto dele corou imediatamente ele desviou o olhar puxando-o para longe das minhas mãos. - Desculpe, mas você deveria fazer isso mais vezes, não sabe o quanto fica diferente, o quanto fica irresistível – pensei - lindo.

- Esse com certeza é um adjetivo usado para os filhos de Apolo. - ele desdenhou.

- Que se aplica facilmente ao filho de Hades aqui presente. - Me levantei da cama dando espaço pra ele. - Você precisa dormir agora já tomei muito do seu tempo de descanso, durma bem e amanhã vou acordá-lo para o banho de sol, mas antes vou estudar um pouco mais, se precisar de mim é só chamar.

- Will – ele chamou me fazendo encará-lo novamente – e quanto ao que nossos pais falaram? - a incerteza dele era dolorosa.

- Quanto a isso vamos deixar com as parcas - sorri e acariciei os cabelos negros dele -, me deixe ser seu amigo e cuidar de você que isso já vai ser o suficiente para mim, agora durma Mi Ângelo. - Tive a ousadia de usar as palavras da mãe dele, fiquei com medo da reação, mas surtiu o efeito que eu esperava ele sorriu e virou de lado caindo num sono profundo.

Solangelo para sempreOnde histórias criam vida. Descubra agora