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Laura Vancuever e Miguel Burwell nunca se viram. Estavam separados pela fronteira da...
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"Se você me ama, com todo o seu coração. Se você me ama, eu farei de você uma estrela no meu universo."
— For You, Angus and Julia Stone
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Os pássaros possuem seus ninhos. As corças anseiam pela água. Os pardais têm suas casas. Todos têm para onde ir e pelo o que ansiar.
Quando eu era mais nova, meu pai vivia me dizendo que a nossa morada permanente era onde nosso coração ficava bem quentinho e o que ansiávamos tanto era um pedido discreto desse mesmo coração que desejava se encontrar. E aquecer.
Os animais possuíam uma facilidade maior para encontrarem suas moradas, pois não eram resistentes aos pedidos do coração. Mas, os humanos, diferente deles, estão sempre colocando prioridades fúteis acima daquelas que são realmente as prioridades. Deixamos de ouvir o que precisa ser ouvido, deixamos de fazer o que deve ser feito, deixamos outras coisas tomarem o nosso tempo e essa procura por um ninho, por uma água e por uma casa, nunca termina. Eu ainda estou tentando encontrar a minha morada, aquele lugar especial que irá deixar o meu coração aquecido. Mas não encontrei.
Em posse de uma caneta e um caderninho de couro que ganhei de presente da minha mãe, eu anoto alguns desses pensamentos nas linhas azuis. Destaco nelas as confissões mais difíceis de serem proferidas. É mais fácil escrever do que falar, pelo menos para mim. Durante anos, a escrita tem me salvado do afogamento da minha mente turva. Nas palavras, eu encontro um rumo certo e é por isso que amo a escrita. Ela me faz ter voz. E em um mundo onde as vozes estão sempre muito altas, eu perdi a minha e ela me devolve sempre que eu deslizo a caneta por linhas certas de um caderno.
