"Eles dizem: Todos os garotos bons vão para o céu. Mas os garotos maus trazem o céu até você. É automático. É apenas o que eles fazem."— Heaven, Julia Michaels
Certa vez, Edgar Allan Poe, o mago dos contos de terror, disse: "Não acredite em nada do que ouvir e só em metade do que ver." Eu, que era apreciadora da clássica literatura gótica, estava prestes a me convencer de que esta frase é a síntese de todo o horror que meus olhos e ouvidos presenciaram. Poe somente esqueceu de mencionar que, às vezes, nossos sentidos nos traem covardemente. Não nos dando escolha a não ser duvidarmos de nós mesmos, do que vemos e do que ouvimos, da materialidade terrestre que nos permeia. E se tudo o que é crível passa a ser colocado à prova, como vamos saber se estamos falando a verdade?
Ainda na sala da investigadora, os acontecimentos inexplicáveis das últimas horas passam em torno de mim num limbo giratório e repetitivo de sequências visuais confusas, impossíveis de serem assimiladas. Fico petrificada naquela cadeira dura de escritório, mirando obsessivamente o meu pulso há quase quinze minutos. O mascarado realmente a feriu ou você o inventou? Eu já não sei o que responder. Aquela metade do que vemos citada por Edgar Allan Poe, aquela metade que diz que devemos acreditar nela, afirma que sim e não. Eu fui ferida e não. Eu não o inventei.
Contudo, entram as inconsistências.
Se fui perseguida por duas pessoas, uma mascarada e outra coberta por um véu flutuante, por que nenhuma das testemunhas os viu? Se arranharam o pulso, onde está o sangue e os machucados para que possam fazer os exames? Por que levaram meu telefone?
É como estar no fundo do poço, onde se descobre que pode estar mais fundo do que se pensa. Um fundo do poço feito de areia movediça. De perguntas não respondidas. Eu penso no que aconteceu, tento explicar e esclarecer, me desdobro, me canso e não consigo sair disso. A areia movediça me leva para mais e mais fundo. No final, nada do que eu vejo, do que sinto, do que ouço e do que falo parece vir de alguém em sã consciência. Alguém cuja palavra tem valor.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Sombras Da Morte | Vol. 1 | Saga Forever Young (REESCRITO)
Romance( PLÁGIO É CRIME! OBRA DEVIDAMENTE REGISTRADA! NENHUMA ADAPTAÇÃO, POR MENOR QUE SEJA, SERÁ PERMITIDA. ESTANDO SUJEITA A PROCESSO LEGAL IMEDIATO ) Não copie, crie. Laura Vancuever e Miguel Burwell nunca se viram. Estavam separados pela fronteira da...