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Laura Vancuever e Miguel Burwell nunca se viram. Estavam separados pela fronteira da...
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"Estou voltando para casa. Estou voltando para casa. Diga ao mundo que estou voltando para casa. Deixe a chuva limpar, toda dor de ontem. Eu sei que meu reino espera e eles perdoam meus erros. Estou voltando para casa. Estou voltando para casa. Diga ao mundo que estou voltando".
— Coming Home, Skylar Grey
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O voo durou onze horas. Onze horas cansativas e longas com uma escala. Além do desconforto trivial de uma viagem demorada como essa, passei por alguns momentos de ansiedade os quais minha mãe precisou acalmar com a ajuda de chás de camomila. Viagens longas nunca foram a minha praia.
Mas quando eu comecei a ver daqui de cima a paisagem de Snowfall, a maior capital dos Estados Unidos, os meus desconfortos emocionais e físicos simplesmente desapareceram. Ou quem sabe eles ainda estivessem hibernando dentro de mim. De todo o jeito, eu senti a famosa sensação de reconhecimento que alivia e acalma a alma. Eu conheço esses lugares, pensei olhando da janela os monumentos parecendo pequeninos estando a mais de mil pés do chão, eu vivi aqui por muito tempo.
Snowfall é a maior metrópole estadunidense, uma cidade compacta às margens de grandes rios que abastecem a região. O Virgínia Sul e o Escort Gale. Conhecida mundialmente por seus relevos montanhosos, neve caindo durante quase o ano inteiro e monumentos e prédios neoclássicos imponentes, como a Assembleia Republicana, o Distrito Federal e a Casa da Moeda. Mas é nos extremos do mapa de Snowfall que fica a cidadezinha do interior onde vivi os melhores anos da minha vida. Bayford.
O avião pousou na pista de um aeroporto que recebia imigrantes todos os anos e só então pude notar o quão nervosa eu estava. Tentei sorrir para a minha mãe na hora do desembarque, mas estava preocupada demais em não deixar minha mala cair no meio das escadinhas. Esther foi na frente e se ofereceu para me ajudar. Depois, desci calmamente e ao pisar em solo americano, respirei fundo. Estou livre de Bruno, livre do regime fundamentalista, livre...
— Enfim, chegamos! Saímos daquele inferno! Nós chegamos! — comemorou Esther abrindo os braços, recebendo a América no coração de novo. Se é que algum dia ela havia saído dos nossos corações. — Foi uma viagem bem longa, estou um caco, mas finalmente vou poder xingar quem eu quiser na minha língua natal, sem ter medo de nada!
