Capítulo 20

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Taehyung sentou-se na beirada da cama, remexendo as unhas e sentindo o estômago se contorcer. Ele se sentia como um peixe fora d'água e estava com medo de descer as escadas; temia que, ao olharem pra ele, todos soubessem o que ele era; que não pertencia àquele mundo.

De repente ele escutou uma suave batida na porta, e então Jin apareceu.

- Posso entrar, Tae?

- Claro. – Ele respondeu.

Jin entrou, usando a espada como bengala e sentou-se ao lado do jovem na cama. Em seguida se apoiou nos cotovelos e ambos ficaram em silêncio, enquanto Jin olhava para o teto. Taehyung se perguntava o que ele estaria fazendo ali, em vez de estar aproveitando sua festa, mas permaneceu em silêncio e deixou que o rapaz falasse primeiro.

- Nell avita: chi non risica, non rasica. – Ele disse – Na vida, quem não arrisca, não petista. Minha mãe costumava nos dizer isso. Já faz um bom tempo, mas ainda consigo ouvir a voz dela.

Ele sorriu para si mesmo ao se recordar, enquanto Taehyung tentava se lembrar da voz de sua própria mãe, desejando jamais se esquecer do modo como ela falava.

- Mamãe no ensinou muito, mas é disso que mais costumo me lembrar. Você não deveria ter medo de se arriscar. Talvez as coisas não funcionem; é possível que você fracasse ou até se machuque, mas jamais saberá a menos que tente. – Ele fez uma pausa e deu um suspiro – você pode tentar evitar correr riscos, Tae, e eu não te condenaria por isso. Pode continuar sendo como sempre foi, e sobreviverá, mas é isso o que quer? Isso será suficiente pra você?

Taehyung não tinha resposta para aquilo.

- Ou você pode escolher se arriscar. – Continuou – Sei que traz isso dentro de você. Não posso lhe prometer que conseguirá tudo o que quer na vida, mas lhe asseguro que nada irá mudar se você não tentar.

Taehyung o encarou, absorvendo cada palavra, e percebeu quando a expressão de Jin se tornou mais sombria.

- Jungkook nem sempre foi desse jeito, sabe? Ele costumava ser como a mamãe, incapaz de ferir uma mosca, mas tudo mudou. Ele agora corre riscos físicos. Tanto que às vezes me pergunto se ele dá importância para a própria vida, mas qualquer coisa de caráter emocional lhe é impossível. Você é bom para ele do jeito que é. Alias, é o primeiro homem pra quem ele olha como ser humano, não como objeto.

Os olhos de Taehyung arregalaram.

- Mas por que sou diferente para ele?

- Acho que você o faz lembrar nossa mãe, a calmaria, a doçura, a forma de ser. Mas isso ele é o único que pode responder essa pergunta com afirmação. – Jin levantou-se – Agora me diga, vamos nos proteger ou vamos nos arriscar?

A festa durava mais de uma hora, e durante esse tempo ninguém havia colocado os olhos em Taehyung. Jungkook caminhava entre os convidados em busca dele, mas ao chegar na cozinha se deparou com Ayla, sozinha. Ela usava um vestido colorido e meia-calça azul, um bico amarelo no nariz, que combinava com seus tênis gema de ovo.

- Olá, senhorita papagaio. – Ele a cutucou – como é que você consegue parecer mais normal justamente quando está fantasiada para o Halloween?

Ela revirou os olhos.

- Ha...ha...ha... muuuuuito engraçado, Sr. Policial.

Foi então que um grupo de garotas entrou na cozinha e Jungkook rosnou ao ver Sehun no meio delas fantasiado de diabinho.

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