CAPÍTULO 1

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O ar quente e seco queimava a pele de Taehyung, que lutava para respirar conforme a poeira, levantada pelos próprios pés enquanto corria, dificultava sua visão. Não que ele pudesse enxergar alguma coisa, a noite estava escura demais e ele não tinha ideia de onde estava ou para onde estava correndo. Tudo parecia igual em todas as direções; ele estava cercado pelo deserto.
Seus pés pareciam arder em chamas; todos os músculos de seu corpo imploravam para que ele parasse. Tornava-se cada vez mais difícil continuar; sua força se deteriorava e a adrenalina inicial se dissipava. Foi então que escutou um barulho. Suas pernas já não respondiam ao seu comando, porém ele se virou na direção do som, encontrando uma luz fraca a distância. 

Uma casa.

Ele seguiu naquela direção, tentando gritar e pedir ajuda, mas nenhum som escapava de sua garganta. Seu corpo se contorcia, desistindo da luta quando ele mais precisava. A luz se tornava cada vez mais forte conforme ele se aproximava. De repente, tudo o que viu foi um clarão. Cego pela luz, acabou tropeçando e caindo no chão. A dor percorria seu corpo em forma de ondas, enquanto o calor da luz o queimava por dentro.

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Taehyung acordou sem lembrar do que tivera acontecido, confuso em tentar entender como havia retornado para o porão onde sempre esteve mantido. Suas últimas lembranças são de um forte clarão antes que tivesse caído e perdido todos os sentidos.
Todo o corpo doía e foi difícil conseguir se sentar. Ele escutou alguém pigarreando e percebeu que um estranho estava de pé ao seu lado.

- Como se sente?

Ele cruzou os braços sobre o peito, como que tentando se proteger enquanto o estranho se aproximava. 

- Bem.

A voz dele era calma, mas firme:

- Diga a verdade.

- Dolorido, confuso. - admitiu de um jeito relutante - Minha cabeça está doendo.

- Isso não me surpreende. - ele disse, ajoelhando-se e esticando o braço para tocá-lo, fazendo com que Taehyung se encolhesse - Não vou bater em você, meu jovem. - ele sentiu sua testa e segurou o queixo do menino, observando seu rosto.

- Sabe quem sou? - Taehyung acenou negativamente a cabeça, embora algo nele lhe parecesse famíliar.  

- Sou o doutor Namjoon DeMarco.

- Doutor? - nunca antes alguém ali recebera cuidados médicos, mesmo quando a situação era grave.

- Acha que pode caminhar? Nós precisamos sair logo.

- Nós?

- Sim, a partir de agora você ficará comigo.

- Não posso deixar minha mãe. Ela precisa de mim.

- Talvez devesse ter pensado nisso antes de fugir.

- Eles iam me matar. Não tive escolha.

- Sempre uma escolha, meu jovem. - ele disse - Na verdade, você terá de fazer uma agora mesmo.

- Você está me dando uma escolha?

- Claro que estou. Você pode vir comigo.

- ou?

- Ou... você fica aqui e eu vou embora sozinho. Mas antes que decida, pense bem e me responda. Você fugiu porque achou que eles fossem matá-lo. O que acha que farão agora, depois que eu partir?

O homem se levantou para sair. Taehyung se colocou em pé e sussurrou:

- Por que eu? - ele acreditava que havia uma razão para tudo aquilo, mas já não tinha certeza
O homem acenou levemente a cabeça:

- Também gostaria de saber.

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