Depois que a casa estava finalmente limpa e organizada, e o chão da cozinha tão brilhante a ponto de Jungkook conseguir ver seu reflexo nele, ambos foram para o terceiro andar. Taehyung foi para seu quarto e Jungkook para o dele. Jungkook se despiu e atirou as roupas imundas e molhadas sobre a pilha das que precisavam ainda serem lavadas. Ele realmente precisava delas limpas, mas se achava um bundão por ter de pedir a Taehyung que o ajudasse. Será que namorados costumavam fazer essas coisas por seus namorados? Ele não tinha certeza, considerando que jamais tivera um relacionamento sério até então.
Caramba, Jungkook sequer tinha certeza de que Taehyung fosse seu namorado. Tudo de que ele tinha certeza era que aquele jovem roubara seu coração e não havia como pedi-lo de volta. De repente, num curto espaço de tempo, ele o havia sequestrado, e representava para ele uma parte tão crucial de seu corpo como o próprio ar que respirava.
Que desastre! Pensou. Em seguida, vestiu seus shorts, pegou o controle remoto do aparelho de som e se atirou na cama, passando por várias estações. Ele estava muito cansado e logo caiu no sono. De repente a cama estalou. Taehyung se sentou ao lado do rapaz, então ele moveu o edredom e fez sinal para que o jovem se unisse a ele.
- Não tive a intenção de acordá-lo. – ele disse, deitando-se ao lado de Jungkook.
- Estava apenas descansando os olhos. – ele afirmou – A propósito, você parece bem melhor agora. Não estou dizendo que não estava bem antes, apenas que fica mais bonito depois que toma banho. Tá, eu sei, isso não soou muito bem também. Quer saber, deixa isso pra lá.
Taehyung riu de todo aquele falatório e esticou a mão, hesitando no meio do movimento. Jungkook sorriu como se pedindo que ele continuasse e fechou os olhos, apreciando seu toque leve explorando seu rosto. Ele deslizou os dedos pelo nariz e pela testa antes de chegar aos cabelos.
Quando Jungkook voltou a abrir os olhos, sua expressão o surpreendeu. Taehyung parecia apavorado. Sua mão ficou imóvel sobre sua face; seus olhos pareciam vidrados e cheios de lágrimas não derramadas.
- Há algo errado? – ele perguntou.
- Você...? – ele deslizou seu polegar pelo rosto, provocando uma sensação deliciosa no corpo de Jungkook – Você realmente sente alguma coisa?
- É como se houvesse estática debaixo da pele.
- O que acha que é?
- Colpo di fulmine? – ele sugeriu. Taehyung olhou para o jovem que logo sorriu – Acho que vai querer uma tradução.
- Por favor.
- É quando você se sente atraído por alguém com tanta força que é como ser atingido por um raio.
Taehyung o encarou.
- Ah, muito bem.
- Espere aí, esse "muito bem" é do tipo "muito bem, você é mesmo um idiota, Jungkook, portanto tanto faz o que tenha dito" ou, quem sabe, de "muito bem, Jungkook, isso faz todo sentido"?
- De faz todo sentido. – Ele respondeu – Não entendo o que está acontecendo. É tudo tão novo, e não sei o que espera de mim.
- Não espero nada de você, tesoro. – Ele disse – Não posso mentir. Estou me sentindo atraído por você, mas... Você só fará o que quiser. Seremos o que você quer que nós sejamos. Só quero uma chance. Estou te pedindo uma oportunidade.
- Uma oportunidade para fazer o quê?
Para fazer o quê? Para provar-se como pessoa? Para ser feliz? Para que alguém confiasse nele? Para que alguém o amasse? Para que ele o amasse? Para finalmente se transformar em alguém que valesse a pena.
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SEMPRE
FanfictionTaehyung Salvatore e Jungkook DeMarco cresceram em mundos completamente diferentes. Taehyung é um jovem de 18 anos que nunca conheceu a liberdade. Desde a infância, ele e sua mãe são escravos, vítimas de uma rede de tráfico humano. Jungkook, nascido...