"Talvez não seja nessa vida ainda
Mas você ainda vai ser a minha vida
Então a gente vai fugir pro mar
Eu vou pedir pra namorar
Você vai me dizer que vai pensar
Mas, no fim, vai deixar..."
Três temporadas e estamos na última "Outra Vida."
Saí caminhando praia à dentro, eu não sou obrigada a vê aquela cena ridícula do Paulo André com a Gabriela. Eu provoquei ontem? Sim. Mas obrigada a dar palco pra isso eu não daria e nunca. Cada parada na praia eu encontrava uma conchinha e aquilo me fazia sorrir.
Desde criança eu sempre gostei de colecionar, pra mim cada conchinha conta uma história. Lembrei de minha avó, dona Dora Picon, me contando como as conchas eram formadas...
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Flashback on
Jade: Vovó como elas surgem, alguém traz elas pro mar?
Dora: Reza uma lenda bem antiga que a deusa Afrodite, aquela que é a mais bela deusa entre todas do Olimpo, assim como a Jadoca é a princesa mais bonita entre todo esse mundão. Afrodite nasceu no mar e seu nascimento foi dentro de uma conchinha...
Jade: De uma conchinha como essa aqui? Eu segurei uma conchinha na mão e apontei pra ela
Dora: Como uma conchinha dessa aí...
Dora: Sabia que existe uma poesia muito antiga que a vovó aprendeu com sua bisavó que veio lá da Espanha sobre o nascimento da Afrodite dentro de uma conchinha?
Jade: A Jade quer aprender essa poesia...
Dora: Então vovó vai ensinar...
Dora: É mais ou menos, assim: “Na boca desta concha está o Deus da Lua... Nesta concha está o Chefe Brahamanos, Este o motivo pelo qual adoramos a Sagrada Concha. Glória a Ela, bendita por todos os Deuses, nascida no mar, e carregada por Vishnu em sua mão...”
Jade: Quem é o chefe Brahanu?
Dora: Brahamanos hahaha
Dora: O chefe Brahamanos é tudo, ele é tudo que existe, o ar, a terra, a concha, a vovó, a Jade...
Eu lembro de ter caído na risada e ela ter vindo até mim fazendo cócegas, aquele dia na praia com a minha avó foi muito especial...
Flashback off
E desde então, me tornei alucinada por conchinhas, amo vê-las nas areias da praia mas, confesso, que as mais bonitas levo pra casa e coleciono em um murano lindíssimo. Ali guardo até fotos de pessoas especiais para mim, diz a mitologia hindu que gera uma certa proteção às pessoas que amamos...
Continuo caminhando, molhando meus pés na água salgada e só lembro de uma música do Silva
"Vou ali me desagregar Pra onda azul juntar Somente o que for bom O resto vai passar No mergulho eu falei com Deus Quando eu sair do mar Vou me lembrar do dom Que é poder respirar"
Decido tirar o sobretudo preto e cair no mar mais uma vez, mais uma vez renovada, o poder do mar é fantástico, ali renovo minhas energias, deixo tudo que não acrescenta e saio uma nova criatura...
