Outra Vida Cap.87

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31 de dezembro de 2042




Paulo André

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-Alô, é do consultório da doutora Érica? Desculpa incomodar na véspera de ano novo mas é uma emergência...



Suspirei




-Bom dia. Estaremos encaminhando a ligação diretamente para a sala da doutora Érica, obrigado pela paciência.





Puta merda, esqueci até de dar bom dia a secretaria. Por uma fração de segundos eu realmente imaginei que fôssemos passar a virada de ano aqui em Vila Velha mas tudo mudou quando a Jade levantou nessa madrugada me olhando assustada e com cara de choro, suas palavras caíram como uma bomba no meu colo: "amor, eu tô sentindo que tá vazando o líquido amniótico, minha calcinha tá toda molhada e não é xixi, na verdade, não tem cheiro de nada." Se eu tava dormindo, acordei assustado e dei um pulo da cama. Eu não sabia se acalmava ela, se pedia a Deus para dar tudo certo ou se dava bronca no moleque apressado do Benício. Quando tive a brilhante ideia de pesquisar no Google eu quase desmaiei: "Também denominada “oligodrâmnio”, a perda de líquido na gravidez pode significar um risco à saúde do bebê. Tal condição é frequente em cerca de 5,5% das gestações, sendo mais comum em mulheres com hipertensão não tratada.". Sim, aquela tal pressão emocional que a Jade tem está causando problemas para ela até hoje e olha que ela já está a mil amores com a Maya. Passou um filme na minha cabeça de tudo que vivemos nessa final de semana mas eu logo voltei a minha órbita quando escutei a voz da doutora Érica no outro lado da linha telefônica.




-Olá, é a doutora Érica. Pode falar...



-Doutora, bom dia. É o Paulo André Camilo. A Jade não tá bem. Nós viemos passar o natal na casa dos meus pais aqui no Espírito Santo e até aí tava tudo bem mas após o natal eu comecei a notar a minha mulher mais murcha, como se estivesse sentido algo sabe? Mas a Jade é teimosa demais, eu perguntava e ela me dizia que era coisa da minha cabeça. Resumindo, essa madrugada, mas especificamente umas cinco da manhã ela dá um pulo da cama aos berros dizendo que tá sentindo um líquido escorrer pelas pernas. Me ajudar doutora. Eu tô desesperado. Essa chuva que não para... Nós estamos presos aqui na minha cidade natal, Vila Velha, as duas estão obstruídas, tá difícil levantar voo e andar de carro também, porquê se não fosse essa tempestade eu tava falando isso pessoalmente a senhora no Rio de Janeiro...





-Quanta informação, Paulo. Não acredito nisso! Ela estava tão bem...Teve alguma emoção nos últimos dias, a gente já sabe como funciona essa pressão arterial emocional da Jade né?





Suspirei fundo. E existe uma emoção maior do que a Maya ter aparecido aqui em Vila Velha disposta a passar uma borracha no passado e viver algo novo?




-Sim, doutora. Ela enfrentou uma avalanche de emoções. Se eu pudesse a poupava de sentir tudo isso mas infelizmente não posso, são assuntos dela e da filha primogênita. O que me conforta é saber que já está tudo resolvido entre elas e eles dois -Jade e Benício- vencendo mais essa, tenho certeza que não teremos maiores problemas....






-Paulo, vamos fazer o seguinte: temos duas soluções mas em ambas a Jade precisa passar por uma avaliação médica detalhada, como vocês estão no Espírito vou indicar um obstetra da minha confiança desse estado que terá o maior prazer em receber vocês, em segundo plano, caso essa tempestade que já está se tornando insuportável cesse, venham para o Rio de Janeiro de avião mesmo, é tão perto... Vocês chegando no Rio, eu vou atendê-la em qualquer horário, tá bom? Agora eu vou dar alguns procedimentos que você mesmo pode fazer nela...





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