Zaad

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Assim como Bérgamo experimentou o seu esplendor e glória com o alvorecer da III Era outras cidades e reinos amargaram o fél de vossos declínios.
Dentre a que ainda amarga a maior das quedas foi a outrora Cronéria. No passado era um centro comercial avançado, ponto de extrema cultura entre as nações sem mencionar as riquezas que ali se guardavam. Dentre suas perdas estava na costa oeste e todo seu litoral, Cronéria ficou sem seu principal posto comercial pelas rotas marítimas. O último monarca havia caído junto com Alzhadoom, os cronerianos ficaram marcados pela estigma de seus antepassados por integrarem as fileiras de Alzhadoom.
Nos tempos de Wildervall a Cronéria foi relegada a uma pequena cidade que mais lembrava uma aldeia, não havia uma liderança, muitas eras se passaram desde que a antiga linhagem se perdeu. Outra perda foram os Salões do Saber cronérianos, lugar repleto de pergaminhos antigos, livros com as maiores poesias já escritos, domos de necromancia alguns escritos pelos mais poderosos necromantes que já existiram, papiros contando as sagas dos antigos heróis daquele povo que outrora foi glorioso. Os cronerianos antigos foram seduzidos por falsas promessas e corrompidos por Alzhadoom. E aqui damos seguimento...
*
Arando a terra quase estéril da Cronéria estava Zaad e sua família, era difícil habitar terras tão estéreis, mas ele estava convicto que as coisas poderiam melhorar, Zaad tinha um bom coração.

_Papai, tenho fome. Falou a filha caçula dele.

_Tome, é o que tenho. Falou Zaad retirando do solo negro uma miúda batata e dando a sua filha que sem cerimônia foi atacando o alimento.

_Divida com seus irmãos...

_Eles não dividem comigo por que eu deveria dividir com eles? Disse a pequena.

_Mesmo assim... Dívida com eles. Zaad também estava faminto igualmente sua esposa a quem não entendia o do porquê ainda permanecerem naquela terra.

Zaad limpa o suor de sua testa, recolhe o cesto com o pouco dos vegetais que consegui, olha para o alto esfregando sua mão calejada sobre sua cabeça sem cabelos, se perguntava se os pecados de seus ancestrais ainda não tinha sido pagos. Seu pai contava histórias na sua infância sobre a Era da Glória que a Cronéria viveu, não havia mais os belos salões, as torres luxuosas, a fartura... Tudo parecia um passado a muito esquecido... Agora só havia ruínas, as antigas edificações que resistiram ao tempo permanecem como uma chaga aberta que nunca se curou. Ainda tinha as Torres de Vigia erguidas quando a Cronéria caiu, durante séculos os remanescentes tentaram rebeliões. Daí elas foram construídas para vigiar o povo que não se curvava perante os vitoriosos.

_Conseguiu algo? Perguntou a esposa de Zaad quando ele e a filha chegaram em casa.

_Consegui isso, conseguimos mais um dia...

_So isso? Zaad precisamos sair daqui.

_Nós já conversamos sobre isso. Disse o homem desviando o olhar.

_Eu não aguento mais... Quanto tempo mais devemos sofrer assim me diga!!! Vamos me convença!!! Bradou a mulher em fúria contra seu marido.

Zaad sente seu sangue ferver, aperta fecha seu punho, tem vontade de desferir o mais forte dos socos em sua esposa... Ouve como se um sussurro em seu ouvido dizendo para fazer isso... Mais ele se contém.

_Pela manhã irei para a cidade tentar...

_Pela manhã?! Olhe isso. A esposa de Zaad puxa a cortina do que seria onde a família dormindo e amostra duas crianças morimbundas deitadas com a respiração bem debilitadas. _Acha que eles vão durar até de manhã?

_A situação está ruim para todos nós mais eu acredito que...

_"Você acredita?" Zaad quantos filhos nossos teriam que morrer para que tome alguma decisão? Está terra está marcada para sempre veja.

O homem da as costas para sua esposa, ele respira fundo, alisa sua barba e tenta buscar uma resposta para isso, era difícil admitir realmente que a Cronéria era uma terra condenada, já não era de hoje que seus habitantes começaram sua diáspora para outras localidades, ocultando suas sombrias origens, cronerianos não eram vistos com bons olhos principalmente pelas áreas do norte onde a opções a Alzhadoom foi maior. Zaad por diversas vezes pensava em sair mas também ficava em conflito consigo, afinal ali era a sua terra, seus antepassados haviam feito a aliança maligna não ele, então porque ele e sua família deveriam pagar pelos pecados de outrora?

_Esta certa... Prepare as coisas, irei na taberna negociar para termo algo para partimos. Ele caminha até um jarro de água e o bebê, enxuga a boca com as costas de suas mãos que ainda estão sujas de terra e sai de casa.

O homem careca olha para os céus meio que tentando buscar uma resposta que nunca recebera, em sua mente atordoada ele lembra dos contos que seu pai contava sobre os guerreiros cronerianos e toda sua valentia no campo de batalha. Se pergunta como um povo guerreiro conseguiu ser reduzido a nada, se pergunta como Alzhadoom pode os abandonar a própria sorte: "muitas perguntas poucas decisões." Pensou o croneriano caminhando ruma a taberna central para negociar a venda de seus itens para providenciar a partida para uma nova terra.

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