PARTE 1: E então, ela se foi.

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P.O.V NARRADOR

Quando Kara saiu do quarto se encostou na parede, fechou os olhos respirando fundo. Ir a primeira vez foi difícil mas dessa vez ela estava partindo com o coração quebrado.

Mas oque ela poderia fazer? Kara amava fazer a diferença lá.

Quando se acalmou o suficiente desceu as escadas tentando se preparar para oque viria a seguir. Foi direto para a cozinha, Alex e Eliza estavam lá. Quando ela as olhou para elas, Kara soube que estavam se segurando para não desabarem em lágrimas, a loira se sentou a mesa e o silêncio permaneceu entre as três.

― Eu odeio essa parte... ― Alex disse quebrando o silêncio e olhando diretamente para a irmã.

Kara ofereceu um sorriso triste para a irmã, afinal ela também odiava essa parte. Mas a vida era complicada. Eliza segurou a mão da filha que estava descansando em cima da mesa. Kara se virou para ela.

― Eu não posso te impedir de ir, mas eu te imploro, Kara. ― Eliza não quis mais se segurar e permitiu que as lágrimas rolassem sem controle por seu rosto. ― Eu estou implorando para você voltar. Eu não vou superar, eu jamais vou me recuperar se eu perder você, minha filha. Você tem que me prometer. ― Alex e a loira já soluçavam.

Eliza sabia que Kara jamais poderia prometer, essa era uma promessa que não era válida. A loira puxou a mão da mãe e levou aos lábios dando um beijo demorado.

― Eu vou voltar, mamãe. Vai passar tão rápido e estarei de volta. ― Kara disse as únicas palavras de conforto que encontrou.

― Viva eu espero... ― Alex disse enquanto soluçava alto.

A loira estendeu a mão para que amais nova a pegasse, elas sorriram sincero uma para a outra.

― A Lena não quis vir? ― Eliza perguntou.

― Não, ela quis nos dar privacidade. ― A mãe assentiu com a cabeça e sorriu. Kara intercalou o olhar entre Eliza e Alex. ― Vai ser difícil para ela, toda a questão do abandono ainda mexe com ela, ela pode até negar.

― Mas nós sabemos que sim. ― Alex completou.

― Eu quero que cuidem dela por mim, eu não me perdoaria se ela fizesse ou acontecesse algo enquanto eu não estivesse aqui... ― A cabeça de Kara girou com os pensamentos que passaram em sua mente.

― Nós estamos aqui para ela querida. Nós vamos ajudá-la e ela vai nos ajudar também. ― Eliza confortou a filha que sorriu grande para a mãe, com os olhos brilhando em lágrimas.

Elas tomaram café da manhã e conversaram por mais vinte minutos, o relógio de Kara apitou, avisando que já estava na hora de ir. Ela se levantou deu um abraço apertado e demorado em sua mãe. Alex a olhou com os lábios tremendo.

A loira abriu os braços para a irmã que se jogou, descansando a cabeça em seu ombro.

― O abraço de despedida é o mais doído. ― Alex disse com a voz embargada.

― Até parece que não me conhece, nós vamos substituir esse abraço de despedida por um de chegada. ― Kara acariciou sua bochecha.

― Eu te amo, Kara. ― A mais nova abraçou mais forte a irmã.

― Eu também te amo muitao. É tanto que se desse a volta na terra mil vezes não chegaria nem perto. ― O corpo de Alex tremeu quando ela sorriu.

Kara depositou um beijo em sua testa, pegou sua gandola e se afastou.

E então, ela se foi.

***

Duas longas horas se passaram, Alex e Eliza ainda permaneciam na cozinha olhando para o lugar vago que sempre pertenceu a Kara, e para a mãe ele permaneceria intocável até que ela voltasse.

As duas ouviram passos lentos vindos da escada, quando olharam na direção deram de cara com uma Lena pálida, com os olhos vermelhos e inchados, ela havia chorado desde que Kara sussurrou aquelas palavras e saiu.

― Bom dia, Lena. Tome café com a gente. ― Eliza sorriu.

― Me desculpem interromper mas eu já vou indo... ― Ela deu um passo em direção a porta mas Eliza a alcançou rapidamente a segurando pelo ombros.

― Todos os dias são difíceis até que ela volte, mas o primeiro com certeza é o pior. Você não precisa ficar sozinha hoje. Nós estamos aqui. ― Eliza abraçou e Lena se deixou ser amparada.

Após alguns segundos de abraço, a loira sentiu o corpo da menor tremer, alisou suas costas tentando conforta-la.

― Pode chorar, querida.

E Lena desabou, soluços altos escapavam de sua garganta. Eliza a levou até o sofá e se sentou ao lado dela, Alex a seguiu sentando ao lado de Lena.

― Como vocês conseguem? Ela acabou de ir e eu estou desabando e com saudades.

Lena descansou a cabeça no ombro de Eliza e Alex descansou a dela no ombro de Lena.

― Nós não conseguimos querida, nós só vivemos um dia após o outro. ― A mais velha disse e se apoiou em Lena.

― Eu prometo que melhora, Lena. Nós estaremos aqui. ― Alex disse e acariciou a mão da amiga.

***

A última vez que vi Lena, ela estava enrolada como uma pequena bola de cobertas, que era exatamente a imagem que eu queria deixar dela.

Minha doce e linda Lena.

A primeira semana foi a pior.

Minha mente estava correndo solta me perguntando oque ela estava fazendo, se estava se alimentando bem, no que estava pensando. Meu corpo então era o menos satisfeito, sentindo falta de seu toque, dos seus beijos. Mas o meu coração era o pior. Ela o conquistou em tão pouco tempo, era tanto amor que eu sentia do física toda vez que pensava demais sobre ela.

Dor porque ela estava tão longe do meu toque.

Para a minha sorte, consegui me manter ocupada, não tinha tempo livre para pensar na forma que seus olhos quase se fechavam toda vez que ela ria, ou quando ela me beijava com tanto amor, ou mesmo quando seu olhar se iluminava toda vez que eu a tinha sob meu domínio.

Mas agora depois de três meses, até mesmo as pequenas coisas que ela fazia estavam vindo em minha mente, eu estando ocupada ou não. Eu estaria mentindo se dissesse que não gostava de pensar nela e pensar em coisas que Lena havia dito ou feito que me fizeram rir.

Era uma doce e apaixonante forma de tortura.

Eu me encostei na lateral do Humvee, observei as crianças locais se espalharem ao redor dele.

Elas e eu falávamos iam língua em comum, doces.

E eu juro que elas poderiam me ver chegando a mais de 2km de distância.

Elas era tímidas no começo, insegura de como alguém que se parecia comigo e que carregava uma arma grande em volta do corpo, iria tratá-las.

No início tentei falar com elas mas isso só fez com que elas se calassem mais, procurei no meu bolso naquele primeiro dia e tirei um punhado de balas de hortelã, elas enlouqueceram. Oque me fez abrir um sorrisão.

Eu ficava animada toda vez que vinha até elas, a emoção de poder dar a elas um tratamento diferente do que recebiam me fazia feliz.

Elas me contavam como estava sendo desde a última vez que as tinha visto, estávamos todos sentados no chão enquanto Winn ficava de pé nos observando, era estranho estar ali sem Sara e Ava.

Uma menininha me cutucou nos ombros e levantou a mão para mim. Ela me mostrou seu dedo indicador que tinha um arranhão na parte superior, era um corte velho e a casquinha já estava para cair, mas eu peguei um band-aid e o enrolei em seu dedos, apenas para agrada-la.

Ela sorriu um sorriso banguela, faltava uns 3 ou 4 dentes que já estavam perto de nascer novamente.

Isso me lembrou o quanto eu amava o meu trabalho e quanta satisfação em tinha de cuidar das pessoas mesmo que elas realmente não precisassem disso.

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