Capítulo V

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Cath abriu os olhos e tentou descobrir onde estava. O quarto era claro e arejado, na mesinha ao lado um vaso de margarida repousava alegrando o ambiente.

– Ei, seja bem vinda de volta. – a voz suave de seu irmão chegou até ela.

         Virando-se em sua direção, Cath não deixou de notar as olheiras profundas, o cabelo bagunçado, a roupa sempre impecável estava agora muito amassada, tudo indicava que Léo havia passado a noite, sentado naquela poltrona.

– Bom dia, pelo que vejo você também acaba de acordar? – disse sorrindo.

– Confesso que não dormi muito bem. – levantando-se parou ao lado da cama – como está se sentindo? – antes que ela acordasse já havia checado o soro e ministrado os medicamentos para dor.

– Estou bem. Confesso que uma cesariana não estava em nossos planos, mas obrigada por nos salvar, sem você não sei o que teria acontecido conosco. – pegando a mão de seu irmão, olhou para a porta e perguntou – onde Rafa está? Ele não pode vir nos ver ainda?

         Léo se afastou a parou em frente à janela que dava para o pequeno jardim que ficava aos fundos do hospital. Ensaiara aquele momento durante toda a noite e agora que chegara a hora, não sabia como começar.

– Cath, o acidente que sofreram foi muito sério, por um milagre você e Felipe sobreviveram. – vendo que ela estava se alarmando, segurou-a no lugar, quando tentou se sentar. – você ainda não deve se levantar, passou por uma cirurgia e deve ficar um pouco mais de repouso.

– Tudo bem Léo, mas deixe de enrolação e me diga o que houve com Rafa, o quão grave é sua condição. – Cath tentou demonstrar calma, pois sabia que seu irmão não lhe diria nada caso percebesse o quanto estava nervosa.

– Cath, prometa-me que ficará calma e pensará sempre em seu bem e no de Felipe, pois ele precisa que você seja forte por ele. – Léo observava sua irmã atentamente, esperando por sua resposta. – Tudo bem Léo, agora me diga, como está o Rafa?

– Cath, ele não sobreviveu.

***

         Enquanto observava o pequeno jardim pela janela do quarto, Cath não conseguia acreditar que em menos de 72 horas sua vida virara de cabeça para baixo, mas por mais que quisesse se arrastar para debaixo das cobertas e fingir que nada daquilo estava acontecendo, uma coisa era certo, e não havia como mudar, seu marido estava morto e acabara de enterrá-lo. Ela e Felipe estavam sozinhos agora.

                   Uma enfermeira entrou e ficou parada logo atrás dela com uma cadeira de rodas, estava na hora de ir visitar seu filho. Léo havia autorizado sua saída para o funeral de Rafa, mas ainda não estava disposto a deixa-la ir para casa, enquanto não controlasse a maldita pressão arterial.

– Está pronta Cath? – disse Maria sorrindo.

– Claro, estou ansiosa para vê-lo. – Léo havia explicado que não poderia pegá-lo, mas que poderia ficar um tempo com ele. Caminhou até a cadeira de rodas e se sentou. – tem certeza que não posso ir caminhando? – Tenho, as ordens foram precisas, cadeira de rodas ou nada. – a risada alegre da enfermeira alegrou um pouco mais a sombra escura que havia caído sobre Cath.

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