Há uma semana Cath e Lucas estavam morando na casa que Léo tinha na cidade, Rick os visitava todas as tardes, depois de deixar o trabalho com a reforma da casa. O que era para ser apenas algumas mudanças de portas acabara se tornando uma construção sem fim.
Enquanto folheava uma revista de decoração de quarto para bebês, Cath tentava não pensar na conversa que tivera com Léo e a doutora Valéria naquela manhã.
Felipe não estava reagindo como esperado aos medicamentos, as taxas não estavam baixando e ele havia começado a ter febre, isso foi o que realmente os preocupou. Cath tinha começado a amamenta-lo depois que o tiraram da incubadora, mas a médica havia pedido para suspender a amamentação até que ele tivesse uma melhora.
Olhando Lucas que dormia em seus braços depois de ter mamado, seu coração doeu. Queria tanto seus dois meninos em casa. Levantou e colocou o bebê adormecido em seu berço. Saiu do quarto fechando a porta. Desceu o pequeno degrau que levava a cozinha e viu a foto que Léo havia colocado na porta da geladeira. Ela com os dois bebês nos braços, lágrimas começaram a cair. Estava sendo tão forte, tentando não perder a fé, lutando para se manter firme por Felipe e por Lucas, mas às vezes a onda de dor era tão forte que ameaçava destruí-la.
Puxou uma cadeira e se deixou cair nela, abraçou seu corpo, em busca de conforto, um conforto que ninguém poderia lhe dar. Sem conseguir manter a muralha que cercava suas emoções, deixou-as a inundarem.
O choro veio forte, rasgando sua alma. A dor a invadia, dilacerando-a. Tentou respirar, controlar suas emoções, mas não estava tendo sucesso, por mais que tentasse, o sofrimento era maior do que sua força de vontade, maior do que sua luta em se manter forte. Rendida, entregou-se ao pranto, deixou com que o medo a abraçasse e a arrastasse para a mais profunda escuridão.
***
Rick sabia que o dia não deveria estar sendo nada fácil para Cath. Revezaram entrem eles, tentando não deixa-la sozinha, mas Léo teve que abandonar seu turno um pouco mais cedo para atender a uma paciente.
Há essa hora os meninos já deveriam ter terminado de montar os quartos, pensou ao checar o relógio, assim que parou a picape em frente à casa de Léo. Desceu e entrou na casa, sem nem pensar em bater, mal havia cruzado a porta o choro desesperado o atingiu.
Aquele som angustiante o paralisou por alguns segundos tentando descobrir de onde vinha, então correu para a cozinha e a cena que seguiu quebrou seu coração.
Cath, a menina mais forte que conhecera, que logo se tornara a mulher mais determinada que alguma vez cruzara seu caminho, estava embolada em uma cadeira, chorando de forma desesperadora. A dor que emanava daquela cena trouxe lágrimas a seus olhos. Rick abaixou a seu lado e lhe chamou.
- Cath? - se ela o ouviu nada fez para demonstrar isso, continuou embolada, em uma posição quase fetal, afundada em seu desespero.
Levantando-se, pegou-a no colo e a levou para sala, onde se sentou com ela no colo. Por mais que entendesse a dor que ela estava sentindo, a necessidade de colocar todo o sofrimento para fora, aquele som o iria aterrorizar pelo resto de sua vida.
Seu coração estava apertado, sentia-se impotente, precisava trazê-la de volta para ele, se ficasse muito tempo afundada nesse buraco negro, sabe-se Deus como sairia dele. Tirando os cabelos do rosto molhado, segurou-a pelo queixo e levantou sua cabeça.
- Cath, está tudo bem. - ela manteve os olhos fechados, recusando-se a enfrentá-lo. - tudo bem Felícia, não é vergonha chorar, você vem segurando a onda muito bem. - passou o dedo pelo rosto molhado - olhe para mim Cath.
Cath sabia que estava agindo como uma criança, mas se abrisse os olhos tudo deixaria de ser apenas um pesadelo e voltariam a ser realidade e ela não queria voltar a enfrentar aquela dor. Agora sentada ali, no colo de Rick, ela se sentia tão pequena, tão frágil, tão feminina.
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RECOMEÇAR
ChickLitO amor não escolhe hora e nem lugar para acontecer. Muito menos as tragédias. Rick e Cath veem-se separados por suas escolhas, mas situações trágicas voltam a uni-los e desta vez somente o amor que ambos sentem não será capaz de possibilitar que vol...