Capítulo VI

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Rick acomodou Lucas melhor em seus braços e se afastou de Cath, quando estava a uma distancia relativamente segura, voltou a fitá-la.

Os cabelos escuros estavam presos em um coque mal arrumado, sob os olhos, olheiras deixavam-na com um aspecto cansado, a pele branca, parecia quase translucida, dando a impressão de que a qualquer momento ela fosse desabar. Mas mesmo com todo esse aspecto, havia força em seu olhar e resolução em seu nariz arrebitado.

Balançando a cabeça, procurou respirar fundo, tentando se acalmar, precisava entender o que estava acontecendo ali.

- Felícia. Posso saber o que está acontecendo aqui?? - o brilho que Rick viu em seus olhos, mostrou que ele começava a correr um sério perigo, automaticamente deu um passo para trás.

- Não me chame assim!!! - tentou se levantar, mas Léo a impediu.

- Nada disso Cath, e trate de se comportar ou a levarei para o quarto.

Cath nunca conseguiu entender, como a simples presença de Rick a enfurecia tanto. Talvez fosse essa mania idiota de sempre chama-la por esse apelido ainda mais idiota. Respirou fundo e olhou para seu irmão.

- Quero ficar um pouco mais com Felipe, ainda não pude fazê-lo, pois estava preocupada com Lucas. - disse dando seu pior olhar para Rick. - posso me levantar ou você vai me levar nos braços - perguntou a Léo.

- Cath, claro que você pode se levantar, só não pode se jogar contra Rick como sempre faz. - Léo tentou disfarçar o sorriso. - venha, deixe-me ajuda-la.

- Eu não me jogo contra Rick, ele que tem o dom de me irritar. - virando-se para seu amigo, avisou. - e tire esse sorriso da cara, está parecendo um idiota.

Léo balançou a cabeça e deixou-os se alfinetarem, aquela briga era antiga, os dois sempre flutuavam um em torno do outro com discussões inúteis, isso parecia dar algum sentido à relação deles. Balançando a cabeça, acompanhou Cath até a incubadora, onde Felipe dormia tranquilo.

- Sinceramente Felícia, não sei a quem ele puxou, pois olhe como é calmo, com certeza não foi a você. - a voz de Rick chegou logo atrás deles. - ele é muito bonito - levantando um pouco Lucas, começou a sussurrar para o filho. - Aquele ali é Felipe, e vocês serão tão amigos como papai e seus tios são. Ter verdadeiros amigos é o que nos ampara nos momentos mais difíceis de nossas vidas, então seja sempre amigo de seus amigos.

Cath ficou parada, observando seu filho e ouvindo o que Rick acabara de dizer a Lucas. Ele estava certo, o elo que sempre existiu entre aqueles cinco nunca se quebrou, se quer afrouxou, eles sempre estiveram lá um para o outro.

Enquanto crescia pode conviver entre eles, às vezes sentia inveja daquela amizade, não que precisasse de amigos, sempre tivera amigas, mas entre eles era diferente, eram uma unidade.

Ela e Léo sempre moraram em Aliança, seu pai era um dos médicos da cidade, mas seus avós moravam em uma fazenda vizinha de onde Rick crescera. Em todos os finais de semana que conseguia se lembrar durante sua infância, ela e Léo passaram na fazenda. E assim estabeleceu uma rotina, durante a semana eles se encontravam na escola e nos finais de semana, na fazenda.

Quando descobriram que seu avô tinha um problema sério no coração, seu pai e sua avó o convenceram a vender parte da fazenda e foi assim que Fred chegou a Aliança.

Sorriu ao se lembrar do menino magricela de cabelos loiros sempre despenteados. Mais velho alguns anos que Rick e Léo, sempre tivera aquele ar responsável, assumira que era sua responsabilidade cuidar dos outros dois e ali, mais um elo fora forjado.

RECOMEÇAROnde histórias criam vida. Descubra agora