CAPÍTULO VII

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Rick conhecia cada traço do rosto de Cath, nesses muitos anos em que conviveram, aprendera a amá-la, odiá-la e reconhecer suas atitudes e determinações antes mesmo que esta as expressasse. Bastava olhá-la e ver aquele nariz arrebitado e o olhar sério, substituindo o sorriso doce, para perceber que as coisas não seriam fáceis para alguém. E pelo que percebia o alguém em questão era ele.

Olhou para seus amigos e todos o olharam de volta. Fred foi o primeiro a se manifestar.

– Por mim tudo bem. A casa é grande o suficiente e tanto seu antigo quarto Rick, como o de Cath ainda estão como vocês o deixaram antes de se casarem. – olhou para Guto, que deu de ombros.

– Também não vejo problema com isso. Somos família e famílias se ajudam. – olhou para João.

– Por mim, mais do que bem. Terei meus dois sobrinhos por perto – parou um pouco e franziu a testa – acredito que teremos que colocar uma proteção no alto da escada, e fazer alguns ajustes em outras partes da casa, mas funcionará. – João finalizou olhando para Léo.

– Quando necessariamente você e Rick tomaram essa decisão? – Léo soou mais magoado do que irritado.

– Calma aí cara pálida, eu não tomei decisão nenhuma, apenas para deixar claro. Estou sabendo disso agora – virou-se para Cath, mostrando-se um pouco irritado – você não é mais uma menininha que precisa ter todos os desejos atendidos. – caminhou até a janela e a abriu, precisa de um pouco de ar – talvez nós a tenhamos mimado demais. Sempre que queria algo e nos recusávamos, usava aquele olhar que vocês mulheres usam para nos enganar e acabávamos aceitando tudo.

Cath abriu a boca para argumentar, mas a mão de Léo e o olhar sério que viu em Rick a fizeram parar.

– Talvez eu seja o maior culpado nisso tudo. Pois sempre suportei todas as suas maluquices, todos os seus ataques, – voltou a olhar o jardim – para mim, eram apenas coisas de uma menina mimada, que fora obrigada a crescer entre o amor esmagador de cinco homens.

Rick voltou a observá-la e odiou o que viu. As lágrimas desciam de forma silenciosa, ela havia se recostado em Léo, como se procurasse por amparo, por um porto seguro.

– Desta vez é diferente Cath, não posso deixar você brincar de boneca com a vida do meu filho. – completou, tentando amenizar a voz.

Quando Rick começara a falar, Cath sabia que seria duro, ele poucas vezes se mostrara firme perante algum pedido seu, mas olhando-o agora, viu que o Rick que estava parado ali em sua frente, não ousaria se quer a ouvi-la se pensasse por um minuto, que o bem estar de Lucas estaria comprometido.

– Rick, não quis e não quero tratar Lucas como um brinquedo. – limpou a lágrima que voltara a cair – talvez a forma com que agi fez com que tivesse essa impressão.

– Cath, podemos ter essa conversa em outro momento, você precisa realmente descansar. – Léo lançou um olhar para Rick, que prometia uma boa confusão.

– Não Léo, precisamos resolver isso agora, pois o bem estar de Lucas está acima de nossas vontades. – voltando-se para Rick continuou.

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