Precisamos conversar.

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Harry estava sentado na sua sala enquanto olhava para o nada. Ele se perguntava o que Draco estava fazendo agora. Se já tinha acordado? Se havia comido? Se sentia sua falta?

É claro que ele não sente sua falta, idiota. Pensou enquanto soltava um bufo irritado.

Ele nunca pensou que um dia estaria em uma situação como essa. Quando foi atrás da clínica para poder ter um filho, não passou nem em seus pensamentos mais loucos que Draco estaria buscando a mesma coisa no mesmo lugar.

Ele estava confuso com toda a situação. Como agir? O que fazer? Potter se acostumou com sua fama ao ponto de esperar que todos dêem prioridade para ele. Afinal, ele é o Eleito, o garoto que sobreviveu mais de uma vez. O Salvador que destruiu o maior bruxo das trevas.

Todos o amavam e o bajulavam depois da guerra, todos viam um herói, mesmo que ele por dentro não se sentisse assim. Todos comemoravam enquanto ele só queria que nenhuma das pessoas mais importantes para ele morresse.

E com os anos ele só aceitou, vestiu a capa de herói que colocaram em seus ombros e se aproveitou de todas as alegrias superficiais que seu status poderia lhe dar.

E então, como se fosse atingido por um raio, ele viu o loiro se recusar a ele. Draco não só recusou lhe dar o que ele queria como o desafiou, e esfregou verdades dolorosas em sua cara. Malfoy sempre foi assim, ele sempre apareceu para lhe jogar na cara que sua fama não era nada de mais.

Harry suspirou se lembrando do Draco de sua adolescência, era mais fácil lidar com aquele Draco, principalmente porque aquele podia ser provocado sem causar nenhum risco ao filho deles.

Nosso filho? Desde quando eu comecei a pensar no bebê com nosso filho e não só meu ou do malfoy? Pensou ele.

O som da lareira o tirou de seus questionamentos. Das chamas verdes saiu a mulher de cabelos volumosos com um rosto tão sério que fez um frio correr pela espinha do herói.

Harry se colocou de pé em um instante, rapidamente dando a volta no sofá e deixando o mesmo entre ele e a morena furiosa na frente dele.

- Hermione, o que foi? Aconteceu alguma coisa? – perguntou analisando a mulher que andava de uma lado para outro como um predador procurando uma brecha para pular sobre a presa.

- não se faça de sonso, Harry Potter, Ronald não consegue esconder nada de mim. – disse ela apontando o dedo para o maior. – e eu sei o que você fez.

- e o que eu fiz? – perguntou cinicamente e engoliu em seco quando Granger estreitou os olhos.

- você forjou provas contra uma pessoa, não lhe deu direito de defesa e a manteve prisioneira. – listou. – que porra você acha que está fazendo?

- eu posso explicar. – disse devagar para não irritar ainda mais a mulher.

- Ronald já explicou tudo. O malfoy está grávido e o filho é seu, eu já sei da história toda da clínica. – disse revirando os olhos. – mas isso não dá a você o direito de usar o poder de auror para obriga-lo a aceitar seus termos.

- eu sei. – Potter abaixou a cabeça.

- sabe e mesmo assim fez. No que você estava pensando? Como pode fazer isso Harry?

- eu queria me aproximar dele. – disse o moreno com uma expressão triste. – foi um erro, mas ainda é meu filho que ele está carregando. Não importa o que eu sinto?

- é claro que importa, Harry. – Hermione perdeu um pouco de sua raiva ao ver o olhar triste do amigo, ela sabia o quanto ele vinha fingindo todos esses anos. O quanto ele escondeu o verdadeiro Harry para ser o herói de guerra que todos viam, até o ponto em que ele deixou de ser o Harry que um dia ela conheceu. – mas o que você fez também não foi certo. Vocês deveriam sentar e conversar.

O filho é meu.Onde histórias criam vida. Descubra agora