Capítulo |4|

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Ela estava apaixonada pelo homem que a pretendia usar em suas conspirações, ela era uma revolucionária não havia espaço para o amor, mas aquele homem na sua frente a desafiava ao despertar sentimentos que até mesmo uma mente exímia e auto-analítica como a sua,sequer revidava. Respirou pausadamente e , pela primeira vez permitiu-se amar e degustar tal sentimento, mesmo que os planos de Cezar não fossem a longo prazo. O homem tocou-lhe as têmporas e desceu até o pescoço quando de maneira gentil beijou-lhe o rosto bem perto do nariz a ponto de sentir a respiração quente de Carter...

Consegue sentir, Senhorita Cecília? — a voz viril e olhar gentil de Cezar a atingiram.

Suspirou, Camile interrompeu a leitura e anseiou apaixonada. Naquela estufa cheia de flores à volta, quase que num delírio fantasioso sobre a leitura, imaginou já não ser Cezar Carter a tocar a amada, e sim Ethan a tocar-lhe.

— Terra chama Camile Bornet? — As mãos balançante diante de seu rosto acordaram-na

— Ethan — fechou o livro envergonhada.

— Eu? — Sorriu — Dormia de olhos abertos! — o tom zombeteiro e olhar estreito do homem incitou o revirar de olhos da menina.

— C-laro que não — coçou a garganta! — eu... e-stava, estava concentrada na leitura. — O homem estreitou ainda mais o olhar

— É uma péssima mentirosa senhorita Bornet.

Camile sentiu-se corar sem saber onde esconder os olhos. Como se seu intruso soubesse exatamente o que pensava.

— No entanto, não pretendo continuar a costrange-la . — prometeu —  se me permite cuidarei dos pés de lisianto, pode voltar à leitura, não lhe vou incomodar mais. — Camile, acenou-lhe que sim ainda que timidamente mordesse o interior dos lábios.

Ethan que tinha trajado uma camisa branca já com pequenas manchas de estrume talvez, afastou-se da mesa e deu-lhe as costas ao abaixar perto dos não tão pequenos pés de flores. Subiu as magas da camisa e deu início aos cuidados.

Camile voltou a abrir o livro sem realmente prestar atenção, com a cabeça na direção do mesmo e os olhos atentos a cada movimento do homem que agora em pé podava partes das flores não tão novas.

Daquele lado em que o sol mais entrava, reflectia na pele de Ethan. Camile parecia fascinada com o que acontecia diante de si.

— Não sabia que entendia tão bem de flores. — Chutou Camile. Olhou para a menina com os olhos presos no livro.

— Alguém tinha de cuidar delas depois que Keira foi embora. — tocou o solo de uma flor à outra e assim em diante.

— Soube que foi o responsável pelos novos tons de lisianto. — Fechou o livro e fixou o olhar na direção do homem.

— E-sim... — respondeu vago.

— Eis o lado paciente de Ethan Franklin que o mundo desconhece — pousou o livro sobre a pequena mesa e caminhou até ele. — Isso requer dedicação. — Continuou com o tom acusador e zombeteiro. Ethan sorriu.

— Algumas mais que as outras. No caso do lisianto, não é assim tão difícil — deu-lhe espaço — sabe o que significa?

Abonou a cabeça em negação e caminhou para mais perto.

— Flor macia, a cor roxa — mostrou os pés mais perto de si — significa nobreza, mistério, arrogância, luto, sensibilidade e intimidade... — citou cada uma pausadamente a fazendo sentir o peso das palavras

— Veja, se posicionar a planta em uma região em que haja contato direto de luz solar, ela ficará desabrochada e linda — sem aviso prévio Ethan passou para atrás de Camile — se me permite... — passou os braços para cada lado da menina ao segurar-lhe as mãos.

Levou as mãos finas e delicadas de encontro à terra do vaso — Precisa tocar atentamente o solo que deve sempre estar úmido — sentiu a humidade na ponta dos dedo.

Camile tinha o sorriu zombeteiro consumido pela vergonha e o rápido bater do coração.

— Então... o que sente? — Perguntou Ethan atrás de si.

— E-está quente — gaguejou

— Geralmente isso acontece pela proximidade do sol. Mas deves concentrar-se apenas na humidade — explicou. Pressionou ainda mais as mãos da menina sobre a terra.

— Está húmida.

— Quão húmida?

— Não sei.

— Vamos Senhorita Bornet, esforça-te um pouquinho mais — incentivou com a voz de voz roca e viril bem perto de sim. Seu coração tremeu que a fez duvidar se realmente acontecia ou ainda estava imersa a leitura anterior.

Respirou pausadamente e segurou por três segundos a respiração. De certo ela iria infartar se o homem continuasse assim tão perto de si.

— Muito húmida.

— Nesse caso já não lhe deves pôr água se não afogas as raízes.

— Tocar o solo e não drenar quando estiver húmido, certo. — afastou-se rápido, sacudiu as mãos ao fingir repulsa.

— Não se preocupe, o mais grave que pode acontecer é cheirar fertilizante depois de lavar as mãos. — Brincou.

Não. O mais grave era ela desmaiar por falta de ar se continuasse tão perto.
Os pés de Camile, tremiam tal como as mãos, varria o lugar com o olhar sem saber onde pôr os olhos.

— Eu... Hum — coçou a garganta levemente — Vou ver se minha tia precisa de mim. — correu para fora da estufa

— Senhorita Bornet ? — Camile parou a meio caminho da porta, engoliu a respiração e virou — se esqueceu do livro! Entregou-lhe o objeto retangular.

— Obrigada! — continuou os passos até o interior da casa.

Apoiada no pilar da casa levou a mão ao peito e suspirou sorridente. O sorriso de incredulidade estampado em seu rosto parecia anestesiar-lhe o cérebro, as mãos ainda tremiam com a descarga hormonal que tivera.

— Querida? O que de tão bom aconteceu para estar radiante? — Dayane sorriu contagiada, — teus olhos brilham, alguém nos veio visitar ? — olhou para a tia incompreendida.

— Eh... Não tia, minha mãe escreveu-me. Estava com muitas saudades dela — mentiu.

— Já me tinha esquecido como é apegada à Carlota. — aproximou-se — vou tomar um chá com algumas amigas, volto antes do anoitecer.

— Cumprimentos à lady Quimberli.

— Darei, querida! — Dayane puxou o rosto da menina e a beijou maternal.

Apesar da euforia, Camile sabia não ter muito tempo para esquivar-se dos planos da mãe. E  embora estivesse a solidificar os laços com Ethan nada lhe garantia segurança.

Um amor para Senhorita Bornet.Onde histórias criam vida. Descubra agora