— Reparei que já não usa óculos.
— Uma vez à outra. Minha visão melhorou gradativamente — contou
— A Senhorita Bornet perdeu sua marca — Camile estreitou o olhar instigadora — aqueles óculos mostravam quão inteligente é — continuou nostálgico
— Talvez por isso os tenha tirado — sussurrou para si mesma olhando para o lado oposto do seu acompanhante
— O que disse?
— Inteligência não é exatamente o que os lordes procuram para desposar uma dama. — sorriu com desgosto
Acenou-lhe de acordo, sabia que casar-se sempre foi o projeto de vida da Menina, agora Senhorita Bornet . Sua mãe Carlota sempre tivera deixado isso bem claro para que todos soubessem que sua menina escalaria o mais alto nível da nobreza.
— "Hei de casar-me com um lorde que corteje com as mais lindas flores e joias. Darei-lhe um Herdeiro ou talvez dois..." — Camile o olhou intensamente, como ele ainda se lembrava de suas palavras quanto a contrair matrimônio depois de tanto tempo?
Ela o tivera magoado? Se ele lembrava da frase completa decerto que também lembrava da confissão que antecedeu a ela.
Ethan parou, desceu do animal segurou a sela do cavalo que montava e puxou a de Suzano, para seguir caminho.
— Aposto que não conhece esse lado do bosque — prendeu os cavalos e virou-se para ajuda-la a descer. Estendeu a mão convidativa para a menina.
Camile olhou para Ethan que gentilmente a ajudava, tocou a mão áspera do homem e concentrou-se em descer.
— Antes era apenas um terreno baldio agora é uma reserva animal projetado por Keira. — contou o homem
— E bem do feitio de minha prima pensar além do tempo.
— Todos concordamos sobre isso. —disse Ethan — diz-me porquê não casou-se ainda? Há alguns anos podia jurar que a essa altura já teria duas crianças.
— De facto o futuro tem sido incerto.
— Nenhum lorde foi bom o bastante para casar? — continuou o homem que caminhava ainda segurando a mão da menina pedras a baixo.
— Não de todo... — respondeu vaga
— Aposto que Lady Bonert tem sido rigorosa quanto aos critério — distraída na intensidade das palavras do homem, Camile pisou a borda do vestido bem no final da descida levando ambos para o chão. Com o corpo do maior amoltecendo a queda.
Caída sobre o corpo do homem, Camile se viu aflingida por todo amor que sentia, enquanto perdida olhava incansavelmente para seus olhos.
— De fato ninguém que fosse bom o bastante para mim — confessou sossurraante, tão devagar como se soletrasse para o homem .
Ethan a segurava pelos lados e assim ajuda-la a levantar, sem que o corpo sobre si realmente se movesse.
— Perdão... - levantou-se - desastre parece correr nas minhas veias —sacudiu o vestido com as palmas da mão limpando o capim e pequenos galhos presos.
— Bem contraditório sendo Lady Bornet tão requerente de perfeição — Dessa vez a menina caiu na risada junto de Ethan que também ajustava a roupa.
Continuou a exploração pelo lugar verde e ruidoso, havia sons de animais espalhados por toda parte até que por fim assentaram para tomar ar e recuperar um pouco de folego tomado pela trilha.
— Ah... que lugar incrível. É calmante aqui. — deitou-se debaixo da árvore esticando as mãos para cima como se estranhasse a liberdade.
— Micth tem o poder de fazer as pessoas encotrarem um propósito de vida.
— Encontrou o seu? —Se sentou e olhou para aqueles olhos fujões que tanto a causavam frio e calor com a mesma proporção.
Ethan levou a carrafa metálica à boca e bebericou o conteúdo num único gole ficando em silencioso em seguida. A menina estendeu-lhe a mão em petição.
— O quê? — perguntou desentendido, porém a menina apenas balançou a mão insistente. — Certeza?
— Me dê logo — insistiu
Rendido, depositou a garrafa aberta na mão da menina e a fitou um olhar curioso. Camile no entanto, levou à boca e sentiu o líquido queimar-lhe a garganta, o sabor de metal misturado com a sensação do álcool agredindo sua língua fez-lhe soltar um som involuntário reprimido pela vergonha que o amigo provavelmente a faria sentir.
Era só rum, muito ruim por sinal, diferente das que tinha em casa porém, limpou a boca com o dorso da mão e devolveu a garrafa, aquilo não a importava tanto assim.
Quem era a mulher na sua frente? De certo Camile de anos atrás acharia tal ato deselegante.
— É forte! — confessou
— É dos mais baratos que há na cidade.
— Por isso é tão ruim — Ethan riu.
— Logo vai anoitecer é melhor fazermos o caminho de volta — se levantou e ajudou-a a fazer o mesmo.
Voltavam para casa em gargalhadas nostálgicas, lembravam de quão medrosa era Camile e das tamanhas vezes que Keira a defendeu e tomou suas culpas.
— Quando quebrou o jarro da lady Quimberli alegando ter um gênio lá dentro — Camile gargalhou com a memoria
— Por Deus que mulher mais sem gosto. — defendeu-se — Fomos abrigadas a ajudar o padre Jorge por duas semanas. Ainda lembro sentir minha pele fritar naquele calor da capela. — recordou
— Lady Dayane e seu senso de justiça.
— Minha tia sempre foi uma mulher justa tal como tio Ralf. — silêncio, o silêncio se instalou até que se encontrassem dentro do estábulo.
— Pronto Senhorita Bornet está entregue. — curvou-se em reverência e sorriu
— Obrigada pelo passeio, Ethan.
— Às ordens...
Caminhou para dentro, onde a visão de Lady Dayane junto de duas outras damas em um chá fluía, tudo que menos queria era socializar com as damas da cidade, não agora, talvez quando estiver pronta e tiver aceite o destino traçado por sua mãe. Espremeu-se para passar despercebida sem sequer notar o olhar atento de Dayane. Subiu em seu quarto despiu o vestido com o anseio de uma banheira. Sim, um banho era tudo que precisava depois do dia que tivera com Ethan.
Seria difícil deixar de amar o cavaleriço, sabia disso agora mais do que nunca. No entanto levaria isso até onde conseguisse, não lhe restava tanto tempo assim.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Um amor para Senhorita Bornet.
Historical FictionSpin-off de "A Duquesa" Camile sempre foi apaixonada por Ethan, o amor de sua prima e amigo de infância. o que a menina não imaginou foi que o casamento arranjado e inesperado da prima podia trazer consigo o que sempre almejou, Ethan! Uma versão co...