[Fique no chão até seus joelhos doerem
Sem mais orações, querida, eu vou ser seu pregador]— Quando vou poder te ver de novo? — perguntou a modelo após se espreguiçar ao lado de Camila.
A empresária suspirou, odiava quando as mulheres dormiam em sua casa, porque não poderia simplesmente acordar e fugir. Então ela se levantou e começou a se arrumar.
— Não sei. — "nunca mais", era o que queria responder. — Se veste, vou te levar pra casa.
A mulher rolou entre os lençóis e assistiu enquanto Camila vestia uma camisa social azul clara, em que a barra ficava para dentro de uma calça de alfaiataria, os salto preto contornados em metal dourado na sola e, por último, o cabelo solto e os óculos de sol redondos.
— Te ver vestida assim dá até vontade de voltar pra cama e repetir tudo de novo. — engatilhou até a borda da cama e se ajoelhou em frente a CEO.
Nicole vestia uma camisa longa de Camila, e suas coxas ficavam lindas quando a barra ia até metade delas.
Teve que desviar os olhos para se manter centrada.
— Tentador, mas não. — disse pegando o celular e vendo a sua agenda que Adele havia passando hoje de manhã.
Reunião com os sócios às 8h15.
Olhou no relógio e só faltava meia hora para a reunião. Levantou o olhar e Nicole nem havia se mexido.
— Você vai se arrumar ou quer que eu te coloque no elevador vestida assim? — estava sendo gentil ao dar opções. As outras mulheres mal tiveram.
— Tenta.
Camila ergueu uma sobrancelha. Para uma modelo, ela era bem sem noção.
— Você que sabe. — inclinou-se em direção a modelo e a pegou, jogando-a sobre seu ombro.
— Camila! Me coloca no chão agora! — a cada palavra, um murro era depositado nas costas da empresária que parecia nem sentir.
— Eu te dei duas opções — abriu a porta e apertou o botão do elevador. —, e você escolheu a mais difícil. — a colocou de pé e apertou o botão do térreo. — Tenha um bom dia.
As portas se fecharam, mas ela teve tempo de ouvir a mulher a chamando de ordinária.
Aquela palavra era um elogio aos ouvidos de Camila, já que Adele o murmurava tanto pelos cantos da empresa.
A CEO desceu pelas escadas, não tendo problema nenhum com isso. Entrou em seu carro e voou para a empresa, sabendo que chegaria atrasada de qualquer forma.
Camila estacionou em frente ao arranha céu e desligou a música. Caminhou até o elevador, e foi até a sala da presidência, no entanto uma cena a chamou atenção.
— Adele? — chamou, mas a mulher mal se moveu. Estava deitada sobre alguns papéis e cadernetas, nem de longe ela parecia confortável.
Por curiosidade, Camila puxou um papel que estava sob a mão da italiana. Eram boletos. E estavam atrasados. O valor não era muito alto, mas os juros poderiam ser uma preocupação se ela não pagasse logo.
Camila pegou uma caneta e riscou o nome de Adele dos boletos e foi em direção à sala de Carina, sua diretora financeira.
— Carina, pague essas contas pra mim. — jogou o papel sobre a mesa.
— São boletos?
— Se você olhar vai saber. — e com isso saiu da sala, indo em direção a sua.
Parou novamente e olhou para a mais nova. Camila não pode deixar de sorrir com a cena: Adele debruçada sobre a mesa, a boca entreaberta e a respiração calma.
Adele era a mulher mais linda que Camila já desejou.
Com muita delicadeza, ela tocou o braço da mulher, mas imediatamente retirou quando Adele deu um sobressalto.
— Que antiprofissional da sua parte dormir no trabalho, senhorita Spinelli.
— Desculpa. — coçou os olhos como uma criança. Camila tentou, mas acabou achando aquilo adorável.
— Me acompanhe até a minha sala.
Adele desceu os olhos para os papéis.
— Mas eu preciso organizar alguns con...
— Adele, agora!
A secretária se calou. Camila nunca havia falado seu nome antes, então se levantou em um pulo e acompanhou a chefe.
— Sente-se no sofá. — ordenou. Adele nem tentou protestar antes de ver Camila lhe entregar uma manta.
— O que é isso?
A CEO não focou na pergunta idiota, mas sim na explicação:
— Eu tenho uma reunião agora, preciso deixar tudo organizado antes da viagem. — explicou olhando o relógio.
— Então é melhor nós irmos... — Adele tentou se levantar, mas Camila a segurou pelos ombros.
— Acho que você não me entendeu bem, senhorita Spinelli. Eu vou para a reunião, já você vai ficar aqui e descansar.
Inclinou o pescoço para o lado, não entendendo.
— Você quer que eu... durma no seu sofá?
— É o que eu quero e é o que você vai fazer. — Adele abriu a boca para debater, mas Camila ergueu um dedo indicador, a interrompendo. — Isso não está aberto a discussões, senhorita Spinelli. Quando eu voltar da reunião, é bom que você esteja dormindo nesse sofá.
Camila nunca havia feito aquilo antes. Nunca se importou o bastante com os funcionários ao ponto de disponibilizar seu sofá para que dormissem.
Mas estaria mentindo se dissesse que não se importava com Adele, e somente com Adele.
Deu uma última checada na agenda que Adele deveria ter organizado e seguiu para a reunião, sabendo que ela estaria segura e confortável em sua sala.
Durante toda a reunião, Camila se perguntou porque diabos as contas de Adele estavam atrasadas. Tudo bem que eram um valor um pouco alto, comparado ao seu salário, mas dava para pagar.
— Fez o que eu mandei? — adentrou a sala de Carina e jogou alguns papéis sobre a mesa dela.
— Sim, senhora. Está aqui, tudo pago. — entregou os papéis e trouxe para perto os novos. — A senhora conseguiu mais sócios?
— É. Tava pensando em abrir mais uma filial em Londres, as três que coloquei lá não estão dando conta. — suspirou. — Era só isso.
— De nada, Camila! — gritou, mas tudo que recebeu foi o dedo do meio da mulher.
Voltou para a sua sala em silêncio, sentou-se em sua cadeira e começou a trabalhar, sabendo que Adele estava dormindo logo ali à sua vista.
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A Camila do futuro vendo que se apaixonou pela Adele:
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Minha Chefe (Extra)ordinária
RomanceAdele sempre achou sua chefe, Camila, uma cafajeste sarcástica e desmemoriada. Uma completa ordinária. Até que, de um dia para o outro, Camila ordena que ela venha para o Brasil com ela para que possam expandir a marca de sua empresa em seu país na...