Capítulo Vinte e Sete - Laranjeiras

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De todas as bebidas que Camila já havia experimentado, caipirinha era de longe sua favorita, mesmo que ela tivesse que correr por meia hora todos os dias para queimar as calorias de um copo de 500 ml da bebida.

E se suas contas tiverem certas, ela estava no sétimo ou oitavo copo.

- Gostaria de mais uma? - a atendente perguntou ao levantar o copo abandonado de um ex-cliente para a pia abaixo do balcão.

A empresária encarou o copo a sua frente e soltou um longo suspiro, o qual a atendente interpretou com cansaço - e talvez fosse, mas ela não queria admitir.

- Nhã... - a mulher que aparentava ter seus vinte e seis anos, voltou a falar ao notar que Camila não a responderia. - Olha, eu fecho o bar em dez minutos, então... eu ficaria muito feliz se você me deixasse pagar uma bebida para você assim que eu abaixasse as portas.

Em toda a sua experiencia com mulheres, Camila sabia identificar quando elas estavam dando em cima dela e quando estavam sendo gentil. Mas, também por experiencia, ela sabia que as mulheres raramente eram apenas gentis.

Ela escorregou do banco e colocou duas notas de cem sobre o balcão.

- Agradeço a sua generosa oferta, nhã...

- Taís.

- Certo. Taís. Agradeço o atendimento, mas, seja lá qual for sua intenção ou pretensão, saiba que não estou disponível. Em todos os sentidos. E além do mais, estou de saída. - pegou o blazer que estava em sua cadeira e deu dois passos, os mais tortos passos que já deu em sua vida.

Seria uma linda vergonha dar de cara no chão após recusar uma mulher.

- Quer que eu ligue para alguém vir te buscar? - Taís perguntou ao se teletransportar para o lado dela. Naquele mesmo segundo, um celular começou a tocar.

Camila negou com a cabeça e se arrependeu logo em seguida quando ela começou a doer. Uma dor latejante que deu origem a tontura.

Não poderia negar que precisava que alguém visse buscá-la.

E o celular de alguém continuava tocando.

- Alguém atende essa merda de celular? - ela berrou, irritada.

- O celular é o seu. - Taís indicou o bolso dela.

É... realmente era o dela. De repente, sentiu-se envergonhada.

Não deveria ter bebido tanto.

- Onde você está? - a voz de Adele soava tão preocupada que Camila ficou um pouco mais sóbria agora. Queria perguntar quem ela achava que era para falar com ela naquele tom, mas a resposta de uma forma bem estranha a machucaria.

- Na zona Sul, em um bar. Por quê?

- Porque são três horas da manhã, ora por quê! - a italiana estava tão carregada de preocupação que chegava a ser...

Camila fechou os olhos. "Porra, Adele."

- Não faz isso... - ela implorou e, pelo canto de olho, viu a atendente se afastar. - Adele, não... porra, me ajuda a não ficar excitada por você, inferno.

O silêncio durou alguns segundos do outro lado.

- Camila, onde você está? Entendi que você está em um bar, mas qual? - após a informar, Adele retomou: - Olha, eu to indo te buscar, ok? Fica aí.

Após ter ligação encerrada bem na sua cara, a CEO de uma das maiores empresas de joias raras do mundo ficou de queixo caído com a ousadia que aquela mulher teve.

Minha Chefe (Extra)ordináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora