Capítulo Onze - Nada vai acontecer... certo?

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— Eu preciso que você me conte todas as coisas ruins que Camila já fez. — pediu Adele inquieta, andando de um lado para o outro no quarto.

Desde que ela havia saído do elevador, não houve um só segundo que ela não tivesse se xingado por ter permitido que Camila a beijasse, o que acabou não acontecendo.

— Como assim? — pelo barulho, Adele suspeitou que Carina estivesse em um bar. — Na verdade, a pergunta mais importante é: pra quê?

Não queria ter que ser sincera, mas lá estava ela prestes a admitir algo que nunca admitiria antes:

— Possa ser que assim... eu quase tenha a beijado e isso... — não pôde continuar pois Carina a impediu.

— Não acredito! Adele onde você ficou com a cabeça?

A pergunta correta seria: onde ela gostaria de estar com a cabeça.

Ignorou aquele pensamento que normalmente ela não teria, e respondeu:

— Eu sei, eu sei, eu sei... É que ela tá me mostrando uma pessoa diferente do que geralmente é aí.

— Hm, diferente como?

Adele pensou. Não contaria que Camila tinha uma filha, obviamente, e que ela a adotou após os pais da pequena terem morrido. Até porque a chefe queria que ninguém soubesse, então ninguém saberia.

— Aqui ela é mais calorosa com as pessoas e mais... humanamente aceitável.

— Eu acredito que isso não tenha nada a ver com ela estar diferente, Adele. Acho que é só o espírito brasileiro falando mais alto.

— Espírito brasileiro? — franziu o cenho.

— É. Geralmente brasileiras são mais calorosas quando estão no Brasil. Elas abraçam, beijam, sorriem com muita facilidade, tem um ritmo diferente do nosso, sabe?

Ela crispou os olhos. Poderia ser isso?

— Mas vem cá, você ia deixar que ela te beijasse?

"Sim".

— Não. — foi o que respondeu. — Claro que não. Eu ainda não estou louca.

— Ainda bem, não é? Não se esqueça que Camila é a nossa chefe, Adele. Ela pode te demitir em um piscar de olhos, e eu não quero ter que lidar com mais uma secretária cheia de tesão por ela.

Um arrepio percorreu sua pele só de pensar em ser demitida.

— Não quero perder meu emprego.

— Você sabe o que fazer para não perder... ou melhor, o que não fazer. — houve alguns barulhos no fundo. — Adele, eu tenho que desligar agora, mas não esquece tá: resista.

Desligou em seguida, deixando Adele desgovernada em um quarto escolhido e pensado pela chefe e onde ela se masturbou pensando na mesma.

Adele se levantou e pegou seu notebook, onde havia alguns e-mails do banco, outros de cobranças do condomínio, e alguns de Camila.

Decidiu abrir os da chefe primeiro.

"Minha filha quer ir ao cinema assistir o novo filme daquela franquia lá de super-heróis. Então entre em contato com o shopping mais próximo e providencie isso."

"Farei isso. Mais alguma coisa?"

Ela achou que demoraria um pouco até que Camila respondesse, mas a resposta veio logo em seguida:

"Nada mais relacionado ao seu trabalho, no entanto, notei que você não desceu para comer nada hoje."

"Estou sem fome."

Minha Chefe (Extra)ordináriaOnde histórias criam vida. Descubra agora