— Eu preciso que você me conte todas as coisas ruins que Camila já fez. — pediu Adele inquieta, andando de um lado para o outro no quarto.
Desde que ela havia saído do elevador, não houve um só segundo que ela não tivesse se xingado por ter permitido que Camila a beijasse, o que acabou não acontecendo.
— Como assim? — pelo barulho, Adele suspeitou que Carina estivesse em um bar. — Na verdade, a pergunta mais importante é: pra quê?
Não queria ter que ser sincera, mas lá estava ela prestes a admitir algo que nunca admitiria antes:
— Possa ser que assim... eu quase tenha a beijado e isso... — não pôde continuar pois Carina a impediu.
— Não acredito! Adele onde você ficou com a cabeça?
A pergunta correta seria: onde ela gostaria de estar com a cabeça.
Ignorou aquele pensamento que normalmente ela não teria, e respondeu:
— Eu sei, eu sei, eu sei... É que ela tá me mostrando uma pessoa diferente do que geralmente é aí.
— Hm, diferente como?
Adele pensou. Não contaria que Camila tinha uma filha, obviamente, e que ela a adotou após os pais da pequena terem morrido. Até porque a chefe queria que ninguém soubesse, então ninguém saberia.
— Aqui ela é mais calorosa com as pessoas e mais... humanamente aceitável.
— Eu acredito que isso não tenha nada a ver com ela estar diferente, Adele. Acho que é só o espírito brasileiro falando mais alto.
— Espírito brasileiro? — franziu o cenho.
— É. Geralmente brasileiras são mais calorosas quando estão no Brasil. Elas abraçam, beijam, sorriem com muita facilidade, tem um ritmo diferente do nosso, sabe?
Ela crispou os olhos. Poderia ser isso?
— Mas vem cá, você ia deixar que ela te beijasse?
"Sim".
— Não. — foi o que respondeu. — Claro que não. Eu ainda não estou louca.
— Ainda bem, não é? Não se esqueça que Camila é a nossa chefe, Adele. Ela pode te demitir em um piscar de olhos, e eu não quero ter que lidar com mais uma secretária cheia de tesão por ela.
Um arrepio percorreu sua pele só de pensar em ser demitida.
— Não quero perder meu emprego.
— Você sabe o que fazer para não perder... ou melhor, o que não fazer. — houve alguns barulhos no fundo. — Adele, eu tenho que desligar agora, mas não esquece tá: resista.
Desligou em seguida, deixando Adele desgovernada em um quarto escolhido e pensado pela chefe e onde ela se masturbou pensando na mesma.
Adele se levantou e pegou seu notebook, onde havia alguns e-mails do banco, outros de cobranças do condomínio, e alguns de Camila.
Decidiu abrir os da chefe primeiro.
"Minha filha quer ir ao cinema assistir o novo filme daquela franquia lá de super-heróis. Então entre em contato com o shopping mais próximo e providencie isso."
"Farei isso. Mais alguma coisa?"
Ela achou que demoraria um pouco até que Camila respondesse, mas a resposta veio logo em seguida:
"Nada mais relacionado ao seu trabalho, no entanto, notei que você não desceu para comer nada hoje."
"Estou sem fome."
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Minha Chefe (Extra)ordinária
RomanceAdele sempre achou sua chefe, Camila, uma cafajeste sarcástica e desmemoriada. Uma completa ordinária. Até que, de um dia para o outro, Camila ordena que ela venha para o Brasil com ela para que possam expandir a marca de sua empresa em seu país na...