Prólogo: Amber e Dakota

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"Um Alerta AMBER ou uma Emergência de Rapto de Criança (código SAME: CAE) é um sistema de alerta de rapto de criança. Tem origem nos Estados Unidos em 1996."

Salém, 2022
Alguns dias antes do desaparecimento de Amber.

Amber me disse uma vez que, em uma viagem para o Brasil, ela conheceu uma poetisa que gostou muito. Eu não conseguiria lembrar seu nome, nem mesmo se tentasse, mas a frase que mais me chamou a atenção foi "Existo, pois fui pensado" ou algo assim. Essa frase me pegou por conta de sua relação com a cidade ao meu redor, onde o que pensam de você é a coisa mais importante, pois a impressão que você passa é aquela que dura por toda a sua vida.

Em toda cidade existem segredos, segredos obscuros que qualquer um pagaria para que não fossem vazados, para que não fossem disseminados, para que ninguém pudesse ouvir as coisas absurdas que você fez. Em toda cidade existe aquela. Aquela garota que, numa segunda inquisição, será uma das primeiras a irem pra forca. A garota perfeita que todos adoram ou, secretamente, odeiam. Em Salém, essa era Amber Luo-Johnson. A perfeição e minha melhor amiga.

Amber era a guardiã dos segredos daqueles que a cercavam, ela sabia algo ruim de cada pessoa que ousasse entrar em seu caminho, para cada pessoa que a magoou um pergaminho de histórias perversas era montado, afim de destruir seu eu no imaginário popular mas, com muito poder, vem muitas responsabilidades e suas costas começaram a se curvar ao peso de sua sabedoria.

— Talvez você devesse pensar bem.

— O que? — Dakota questionou, seu rosto se contraia numa expressão sofrível.

— Você pensa que é mais inteligente, você acha que está a frente de todos, mas não está! Essa é a questão, Dakota, você me subestima e eu adoro isso. Imagina se... Hum... — Amber saiu de trás do sofá grande e andou até a irmã, suas mãos brincando com a saia plissada e seu rosto tranquilo e inocente como o de uma boneca — Eu conto pro papai o que você está tramando?

— Do que você está falando, sua lunática? — o rabo de cavalo moreno de Dakota se agitou com um chicote, enquanto ela se levantava e andava até Amber, parando à um metro da irmã.

— Melhor ainda, imagina se eu conto pra Jeffrey. — a loira olhava pra morena com uma expressão debochada, sarcástica. Dakota manteve seus olhos nos dela, tentando não parecer fraca, mas estava em desespero.

— Você tá blefando. Amber, você não passa de uma princesinha mimada, mesmo se você souber, ninguém vai acreditar em você.

— Bom, não se eu tiver provas. Mas, você meio que tem razão, Dakota, eu devo ser mesmo uma monarca, não uma princesa mas uma rainha e das mais sangrentas. Acho melhor você sair do meu caminho, antes que eu te tire dele.

A mãe e o pai das garotas desceram as escadas em U de repente.

— Meninas, começaram cedo a brigar. — a mãe das garotas, Susane, disse, irônica. A mulher vestia um terninho escuro, naquele momento sem o blazer, com um colar de perolas em seu pescoço.

— Amber, deixa sua irmã em paz... Está na hora do jantar, quero que dessa vez jantemos juntos, como uma família.

— É verdade, papai. — Amber se virou para o homem asiático de cabelos quase completamente grisalhos, sorrindo. Os pais das meninas andaram até a sala de jantar.

Ela puxou sua irmã pelo braço, com ela mais perto, acrescentou. — Não mexa comigo, vadia e o seu segredo vai estar a salvo. Mas, se eu fosse você, andaria na ponta dos pés.

Os olhos de Dakota se encheram de lágrimas enquanto ela andava até a mesa do jantar. Como alguém tão jovem poderia ser tão inescrupulosa?, ela pensou.

 Como alguém tão jovem poderia ser tão inescrupulosa?, ela pensou

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