Capítulo 17: O Amargo Amanhecer

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I'll call out your name but you won't call back
I'll hand a flower to your mother when I say goodbye
'Cause, baby, you're dead to me”

— No meu velório… Quero todos vestidos no tom mais agressivo possível de vermelho, com uma flor espinhosa em mãos, todas as mulheres de véu… — conseguia reconhecê-la através dos lençóis finos entre nós, mas, por algum motivo, não me lembrava seu nome.

— Por que você fala do seu velório como um casamento? — questiono, sentindo minha voz sair de minha boca sem a minha permissão.

— É um casamento! — sua voz distante exclama, em meio a uma risada que soava como um ronronar felino — Minha união com a minha morte. O destino certeiro e letal de não mais existir, logo, a cerimônia deve ser belíssima!

 O destino certeiro e letal de não mais existir, logo, a cerimônia deve ser belíssima!

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Savannah estava na parte de fora da casa. Seus cabelos com mechas descoloridas presos em um coque, suas mãos seguravam um cigarro aceso, não chovia agora, mas, o cheiro familiar de terra molhada evidenciava a forte tempestade da noite passada, tanto em nossas cabeças, quanto ao nosso redor. A garota queria relaxar, mas acabou se encontrando com todas as suas dúvidas. Ela não me contou na noite passada, porém recebeu uma mensagem a ameaçando caso saísse de Salem. Sua testa suava, mesmo em meio ao frio. A morena só fumava em momentos como aquele: momentos tensos, aterrorizantes, sufocantes.

Normalmente, Savannah odiava fogo, porque, em sua cabeça, foi o elemento quente que matou seus pais, a explosão, as queimaduras e, agora, mais uma lembrança negativa com relação ao fogo era a morte de Amber, mas, o cigarro dava-lhe a falsa impressão de estar no controle, a impressão de ter o fogo passivamente em suas mãos, ele não poderia queimá-la.

— Ei! — exclamo, tocando seu ombro. Os olhos de Savannah se arregalaram.

— Você quase me matou de susto.

Ela sorriu, um sorriso claramente não genuíno. Suas mãos apagaram o cigarro gentilmente e logo depois ela adentrou a casa comigo. Sabia o que ela estava sentindo, aquela sensação sufocante de que algo ruim se aproximava, de que talvez as coisas não fossem simples como pareciam. Mas, de qualquer forma, como poderia ser simples ter um encapuzado em seu encalço?

Fomos para a minha acinzentada cozinha, onde esquentei água para que ela pudesse tomar banho. Savannah se sentou na mesa onde eu e minha mãe costumávamos jantar.

— Não temos água aquecida, mas, para tudo, tem um jeito. — brinquei.

— Não me importo com isso, posso tomar banho frio.

— Aqui não é frio, Savie, é uma pequena dose do Alasca. — ela gargalha, uma risada alta e contagiante, rio também.

— Ai — ela diz, colocando a mão na barriga — Me desculp… Sua mãe deve estar dormindo.

— Ela está se desintoxicando, usou algumas substâncias e agora quer ficar só, fiz o que pude para ajudar, mas ela está envergonhada. — explico, suspirando.

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