CAPÍTULO 16

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— Como foi capaz de fazer isso sem me consultar, Frederick!? — perguntou Vívian, nitidamente enfurecida com a tramoia do conde.

— Percebo que agi mal, Vívian, me desculpe. Apenas pensei que eles poderiam se entender no caminho, mas... o tiro saiu pela culatra.

— É claro que saiu! Beatrice já se sente usada e manipulada há anos e isso só piorou agora!

— Ok, não se exalte tanto... — bufou — Acreditei que Arthur tomaria uma atitude em relação aos seus sentimentos por Beatrice, mas parece que me enganei.

Como mãe, Vívian adoraria saber que o homem ao qual entregaria sua filha dali um dia realmente a amava e cuidaria dela, mas também tinha medo de entregá-la para um casamento infeliz.

— Se tem algo que aprendi nesses vinte anos, é que o tempo resolve tudo, meu amigo. Eles já tem que passar o resto da vida juntos, então só nos resta deixar o tempo fazer seu papel.

— Sim, tem total razão... — concordou, logo lembrando-se de algo importante — Aproveitando que estamos aqui, já entregou a Carta a sua filha?

A matriarca assentiu.

— Não, mas o farei em breve. Entregaria hoje a noite, mas prefiro deixar que ela descanse. Depois de amanhã será um dia importante...

— Sim, eu faria o mesmo hoje, mas o melhor mesmo é deixá-los descansar.

[...]

Na sala de estar, Eloise e Rosalind conversavam enquanto bebiam chá.

— O que acha que aconteceu entre os dois? — perguntou a de cabelos vermelhos, bebericando um gole da bebida quente.

— Certamente se desentenderam, outra vez — suspirou, deixando o pires que segurava sobre a mesinha ao centro — Não entendo esses dois. Como podem ser tão relapsos com relação ao que sentem um pelo outro? Ambos teimosos e orgulhosos.

— Nem diga, Rose. Arthur nunca sentiu nada tão verdadeiro por ninguém. Beatrice está o transformando, mas ele jamais irá assumir isso e, se o fizer, temo que seja tarde demais.

— Bom, acho que não cabe a nós decidir o que ambos devem fazer, mas podemos... ampará-los.

— Ampará-los? — a xícara que Eloise levava a boca parou na metade do percurso, tamanha foi sua curiosidade — Explique melhor, querida.

— Bem, Bea sempre vem reclamar das atitudes do seu irmão para mim e creio que Arthur faça o mesmo com você...

— Interessante.. — murmurou, deixando a xícara sobre a mesinha para poder prestar mais atenção — Continue.

— Ainda temos um dia para que se casem e muita coisa pode acontecer em vinte e quatro horas. Podemos encorajá-los a confessar um ao outro o que sentem verdadeiramente.

— Hm. — murmurou Eloise, assentindo lentamente com a cabeça — E se não der certo?

— O casamento e a vida a dois podem cuidar disso.

[...]

O restante da noite correu bem, o jantar foi silencioso embora as matriarcas estivessem combinando os preparativos para que a cerimônia fosse o mais linda possível. Nem Beatrice e nem Arthur apareceram para o jantar, mas felizmente todos entenderam os motivos.

Já de madrugada, a casa estava em silêncio e Arthur aproveitou a quietude para descer até a cozinha e comer algo. Durante o tempo em que esteve em seus aposentos, ele escreveu uma carta onde, com todo o seu coração, contou como se sentia em relação a Beatrice, mas ainda não sabia quando iria entregá-la e por isso a deixou sobre sua escrivaninha.

Lady de YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora