CAPÍTULO 20

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Era chegada a hora mais esperada de suas vidas e não podia ser um momento mais propício para tal.

De fato, a Duquesa e o Conde, mãe e pai dos jovens noivos, estavam radiantes com tal cerimônia esperada por vinte longos anos. Ambos tinham dois únicos objetivos ali: Cumprir com a palavra dada a Richard, e testemunhar a união de seus primogênitos.

Beatrice, a noiva, estava magnífica em seu vestido perfeitamente costurado e bordado com flores em sua cor favorita, o azul. Arthur, o noivo, sentia seu coração pulsar ao colocar os olhos na mulher que atravessava o jardim com seu pai, tamanha era a beleza da dama.

No entanto, percebeu que havia algo de errado. Beatrice, que horas antes estava animada, agora parecia distante e fria, até mostrar-se confusa e triste e parar seus passos na metade do caminho.

O olhar da jovem intercalou entre a figura de sua mãe, a figura de Penélope, de Felícia e, por fim, a figura do noivo, que naquele momento já havia entendido tudo e deu um passo à frente.

— Não posso fazer isso... — sussurrou ela.

— O que disse, meu bem? — perguntou o Conde, confuso.

Arthur estava aflito, com medo, apavorado enquanto a encarava, esperando para ver que ação seria a próxima.

— Não posso fazer isso. — disse ela em um tom mais alto, permitindo que todos ali escutassem antes de soltar o braço de Frederick e correr para dentro do castelo.

— Beatrice! — chamou Vivian, que teria corrido até a filha se não tivesse sido impedida pelo jovem Beauchamp.

— Não! — exclamou, tendo a atenção de todos para si, inclusive das duas jovens causadoras de toda aquela confusão — Eu vou atrás dela, vocês fiquem todos aqui!

Dito isso, ele seguiu para dentro da enorme construção, buscando por sua noiva em todos os cantos até encontrá-la no lugar mais óbvio de todos: a biblioteca.

Estava de costas para ele, abraçando a si mesma em um canto pouco iluminado. Arthur se aproximou e tocou-lhe os ombros com delicadeza.

— Beatrice... — murmurou, porém ela não foi receptiva. Ele sabia bem o motivo.

— Por favor, Arthur, não me torture mais... — sussurrou. A voz embargada indicando que estava se segurando para não chorar — Não brinque mais com meu coração, eu já estou cansada...

Ele não teve outra reação senão fechar os olhos e suspirar, girando-a com calma até estar de frente para si.

— Como pode dizer isso depois de ler a carta que eu te escrevi? — perguntou, usando a destra para levantar seu rosto e ver a expressão de confusão na face de sua noiva. — Você leu a carta que te escrevi?

Relutante, ela negou com a cabeça e tornou a baixar o olhar.

Novamente ele suspirou.

— Pois bem, já que não tenho outra saída terei de repetir as palavras pessoalmente.

As mãos do homem deslizaram pelos braços da jovem, causando-lhe arrepios, e pousaram nas mãos desta, entrelaçando seus dedos.

— Eu sei que estou longe de ser o homem mais correto da Inglaterra, que sou um canalha e já estive com mais mulheres do que posso contar... e não me orgulho disso, acredite — finalmente ela ergueu o rosto, cruzando seu olhar ao dele — Mas eu não sou mais o mesmo homem que eu era até poucas semanas e, eu não sei como, a única pessoa capaz de fazer isso foi você.

— Eu vi a forma como olhou para ela, para...

— Olhe bem para como eu estou te olhando agora — a interrompeu. — O que vê no meu olhar? O que acha que estou sentindo agora? Foi esse olhar que viu sendo direcionado para qualquer mulher aqui hoje?

Lady de YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora