CAPÍTULO 3

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Londres, 1810.

Quando as duas jovens damas finalmente chegaram à residência dos Connor foram direto para os aposentos da mãe da jovem Birtwhistle. Sem bater ou perguntar se poderia entrar, Beatrice abriu abruptamente a porta, indo de encontro com Vivian, despejando tudo o que havia vivido em apenas uma hora de passeio.

— Mamãe, não vai acreditar no que nos aconteceu no parque. Rosalind estava em apuros e um jovem cava... bem, não tão cavalheiro assim...

A duquesa soltou um pigarro alto para que a mais nova entendesse que deveria parar de falar, pois não estavam sozinhas no quarto. Claro, não se referindo a Rosalind.

— Beatrice, querida, já cumprimentou sua tia?

Só então ela parou, virou-se e se deu conta de que quase falou demais.

— Perdão, tia Dafne... — disse ao fazer uma breve reverência a Viscondessa — Espero que não pense que sou rude assim o tempo todo.

A mulher de cabelos castanho-claro levantou-se e seguiu em direção a sobrinha, a aconchegando em um abraço caloroso.

— Meu bem, te conheço desde sempre, sei bem que é rude o tempo todo — disse entre risos, tendo Vivian a acompanhando para tal.

— Não vejo graça... — reclamou, mas bem sabia que era verdade. Sua mãe dizia que toda sua personalidade vinha de seu pai. Ela não tinha como confirmar tal acusação, mas sabia que a única coisa que herdara de sua mãe fora a beleza e os cabelos.

— Vou pedir para que preparem um banho para vocês duas antes que a refeição seja servida — finalizou Dafne antes de se retirar dos aposentos, dando uma breve piscadela à irmã.

A Viscondessa sempre fora uma mulher bondosa, tratava a todos com cordialidade e, na juventude, foi este fato que fez com que seu marido se encantasse por ela. Simon Connor, na época futuro Visconde, jamais sonhou que encontraria mulher tão bela e doce. Após quase trinta anos juntos, o amor que um sente pelo outro ainda era referência na grande cidade.

Voltando ao quarto de Vivian, Beatrice agora finalmente pode contar tudo, ou quase tudo, que aconteceu durante seu breve passeio.

— Beatrice, não acredito que faltou com respeito a um Lorde! — começou a matriarca, totalmente desacreditada, massageando as têmporas — Anos de aulas de etiqueta jogados no lixo em uma manhã.

— Mamãe, tinha de ter visto a forma presunçosa que ele nos abordou! E aquelas duas fofoqueiras metidas... argh!

Rosalind era a única que se mantinha em silêncio ali, até a duquesa pedir que se manifestasse.

— Tentei por várias vezes fazê-la ficar quieta, mas ela não me deu ouvidos. A Duquesa conhece a filha que tem.

— Judas — murmurou Trice, dando as costas para ambas — Garanto que se eu tivesse cedido aos gracejos do homem, vocês duas estariam me tratando da mesma forma. Já que não posso ser rude, serei amável e cairei nos braços de todos os que tentarem algo.

— Não seja dramática. Apenas não faltar com educação já está de bom tamanho, Beatrice Diana Birtwhistle.

A jovem sabia que quando sua mãe falava seu nome todo, era porque estava realmente desapontada, ou realmente brava. Naquele momento não sabia identificar qual era o estado da mulher.

— Acho que nosso banho já está pronto — interrompeu Rose, já se levantando da confortável poltrona e seguindo para a porta — Desculpe o incomodo, Senhora.

Lady de YorkOnde histórias criam vida. Descubra agora